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AN Jaraguá

  

SAÚDE PÚBLICA
Solidariedade em meio à dor

Número de famílias que autorizaram doações de órgãos cresceu neste ano em Jaraguá. Hospital São José lembra dia mundial na semana que vem com programaçãoA agricultora Elfrida Rusch Hansen, 59 anos, e o pedreiro Ingo Hansen, 52, passaram na última quarta-feira pela situação mais difícil que um pai e uma mãe podem enfrentar: a perda de um filho. Ilson Hansen, 20, morreu nove dias depois de ter batido a motocicleta que pilotava contra um carro no bairro Santa Luzia, em Jaraguá do Sul. O rapaz ficou internado na UTI do Hospital São José por uma semana até a confirmação da morte cerebral.

Questionado sobre a possibilidade da doação de órgãos, o casal resolveu ajudar. Autorizou a doação de coração, fígado, rins e um dos pulmões do filho. “O Ilson sempre ajudou todo mundo e tenho certeza de que ele gostaria que a gente doasse os órgãos para quem precisa. Doar fez com que eu me sentisse muito bem”, diz Elfrida. “Um dia, quero conhecer quem recebeu os órgãos do Ilson e abraçar como se fosse o meu filho”, afirma o pedreiro, emocionado.

Mesmo em meio à dor, moradores de Jaraguá do Sul têm encontrado forças para deixar a solidariedade prevalecer. Desde o ano passado, o Hospital São José registrou aumento no número de captações de órgãos para transplante. Em 2010, 19 pessoas tiveram morte cerebral e nove famílias autorizaram a doação de coração, fígado e rins (cerca de 48%). Apenas entre janeiro e setembro de 2011, a instituição registrou 17 mortes de possíveis doadores. Dez famílias aceitaram a doação (quase 59%).

O grande desafio da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) é fazer com que o número cresça a cada ano, já que muitos ainda não autorizam o procedimento. A partir da próxima semana, a equipe promove uma série de ações para destacar o Dia Mundial da Doação de Órgãos, lembrado na próxima terça-feira, 27.

O evento aberto à comunidade será a missa, na quinta-feira, às 9 horas, na capela do hospital. “Todas as famílias doadoras que passaram pelo hospital desde 2007 foram convidadas a participar”, afirma a enfermeira Daniela Bertolino Vieira. Ao longo da primeira semana de outubro, serão realizadas palestras sobre captação de órgãos e morte encefálica, voltadas às equipes do Programa Saúde da Família (PSF).

A comissão existe no hospital filantrópico de Jaraguá há cinco anos e conta com seis enfermeiras, dois médicos, uma assistente social e uma psicóloga. De acordo com a enfermeira Daniela Vieira, com o passar dos anos a equipe foi ampliada e, por isso, o número de captações aumentou. “Conversamos com as famílias, explicamos como é o procedimento e esclarecemos as dúvidas. Mas, em todo o Estado, o número de negativas ainda é muito grande por falta de informação”, avalia.

De acordo com o neurologista Cleber Roberto Paes, quase todas as mortes cerebrais registradas no Hospital São José são causadas por acidentes de trânsito. A maioria das vítimas tem de 20 a 40 anos.

daiane.vieira@an.com.br

 

Visor

 

TERAPIA NA ILHA

Uma delegação da Universidade de Cali (Colômbia) chegou ontem a Florianópolis e fez visitas à UFSC e ao Curso de Naturologia da Unisul. Eles participam do I Congresso Nacional de Visão Científica e Holística no Ambiente Hospitalar, que acontece de 28 a 30 de setembro, na Universidade Federal.

 

***

Em debate, a importância das terapias complementares para a saúde física, mental e espiritual de pacientes e também dos servidores de hospitais. O número de inscritos já ultrapassou os 800, mas ainda há vagas. As inscrições são gratuitas, pelo site www.visaocientificaeholistica.com.br.

 

Vida e Saúde

 

 

PÍLULAS
Saiba prevenir o câncer de estômago

O pico de incidência do câncer de estômago se dá em sua maioria em homens, por volta dos 70 anos. No Brasil, esses tumores aparecem em terceiro lugar na incidência entre homens e em quinto, entre as mulheres. No resto do mundo, dados estatísticos revelam declínio da incidência, especificamente nos Estados Unidos, na Inglaterra e outros países mais desenvolvidos. A maior mortalidade é registrada na América Latina.

Para prevenir a doença, é fundamental seguir dieta balanceada, composta de vegetais crus, frutas cítricas e alimentos ricos em fibras, desde a infância.

Alimentação pobre em carnes e peixes e nas vitaminas A e C ou ainda alto consumo de alimentos defumados, enlatados, com corantes ou conservados em sal, são fatores de risco para esse tipo de câncer.

 


PÍLULAS
Reflexões sobre a esclerose múltipla

A esclerose múltipla atinge cerca de 2,5 milhões de pacientes em todo o mundo. No Brasil, a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) estima que existam mais de 30 mil pacientes com a doença, sendo que desse total apenas 5 mil recebam tratamento adequado devido à demora no diagnóstico.



PÍLULAS
A ingestão diária de vitamina D

Novos critérios de ingestão diária afirmam que não há prova de que doses altas de vitamina D possam prevenir doenças como o câncer, o que pode frustrar os entusiastas dos suplementos.

A decisão do Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos deve baixar a febre pela vitamina D.

Os pesquisadores alertam que doses superelevadas podem trazer sérios riscos à saúde.

 

 
JUSTIÇA

É um direito seu!
Pacientes de câncer e de outras doenças graves devem exigir conquistas já previstas em lei

A legislação brasileira confere benefícios e direitos especiais aos portadores de doenças consideradas graves, como o câncer (veja box). Se for o seu caso – ou de alguém de sua família – guarde estas informações. Elas poderão ser muito úteis para melhorar a qualidade de vida do paciente.

Para ter acesso a estes direitos, é preciso comprovar ser portador da doença, o que se faz por meio de laudos médicos e exames. Em alguns casos, é preciso se submeter à perícia médica dos órgãos competentes para concessão dos benefícios.

Apesar de garantidos por lei, os direitos dos pacientes muitas vezes são desrespeitados, e o doente se vê privado de usufruí-los O advogado especialista em saúde Tiago Farina Matos, coordenador do Núcleo de Defesa Ativa do Instituto Oncoguia, alerta que quando a lei não for respeitada, o paciente deve, primeiramente, formalizar uma reclamação para os órgãos de defesa, controle e fiscalização competentes, buscando a resolução do problema. Caso isso não seja suficiente para resolver a questão, deve recorrer à via judicial.

Quando o paciente não dispuser de recursos materiais para contratar um advogado, o acesso à justiça deve ser viabilizado por meio do Sistema dos Juizados Especiais ou das Defensorias Públicas, presentes em todos os estados brasileiros. Eles prestam serviço de assistência judiciária gratuita à população carente, diretamente ou por convênios celebrados com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Conheça e faça valer todos os seus direitos.

É IMPORTANTE SABER QUAIS OS DIREITOS DO PACIENTE. PARA PODER USUSFRUÍ-LOS, É PRECISO COMPROVAR SER PORTADOR DA DOENÇA, O QUE É FEITO POR MEIO DE LAUDOS MÉDICOS E EXAMES.

 

Não esqueça!

Crie uma pasta para guardar todos os seus documentos pessoais, cópias de exames e relatórios médicos. Isso vai ajudar no dia-a-dia. Se precisar de assessoria jurídica, leve esta pasta.

Documentos necessários em mãos
:
> Relatórios médicos
> Resultados de exames laboratoriais
> Laudo de biópsia (resultado do exame anatomopatológico)
> Laudo histopatológico
> Autorizações ou negativas do plano de saúde
> Radiografias
> Tomografias
> Ressonâncias magnéticas

Guarde também os seus documentos pessoais, como:
> RG - Cédula de Identidade
> CPF
> Certidão de nascimento (do paciente e de seus dependentes)
> Certidão de casamento ou divórcio
> Carteira de trabalho e previdência social
> Carnês de contribuições previdenciárias
> Carteira do plano de saúde
> Contratos celebrados com planos e seguros de saúde
> Contrato de financiamento da casa própria
> Cartão do PIS/PASEP
> Extratos do FGTS
> Declarações do Imposto de Renda
> Contracheques
> Carta de concessão de aposentadoria ou auxílio-doença
> Receitas médicas e notas fiscais de compra de medicamentos
> Notas fiscais ou recibos de honorários médicos
> Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo
> Carteira Nacional de Habilitação
> Qualquer outro documento que possa comprovar a existência de direitos

Quais são elas
DOENÇAS CONSIDERADAS GRAVES PELA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
> Tuberculose ativa
> Hanseníase
> Alienação mental
> Neoplasia maligna (todos os tipos de câncer)
> Cegueira
> Paralisia irreversível e incapacitante
> Cardiopatia grave
> Espondiloartrose anquilosante
> Estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante)
> Doença de Parkinson
> Nefropatia grave
> Síndrome da deficiência imunológica adquirida (AIDS)
> Contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada.
> Hepatopatia grave
> Fibrose cística (mucoviscidose).

 


JUSTIÇA
Prioridade no andamento processual

Processos judiciais e administrativos possuem um rito bastante detalhado, sendo, a princípio, tratados e julgados sem qualquer tipo de preferência. Há casos, no entanto, em que a lei garante prioridade na tramitação desses processos.

Têm esse direito as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, ou que sejam portadoras de doença grave, como, por exemplo, câncer. Também é garantido direito ao atendimento preferencial pela Defensoria Pública em relação aos serviços de assistência judiciária gratuita.

 


JUSTIÇA
Transplante de medula

Os planos de saúde devem cobrir transplantes de medula óssea para tratamento de câncer, tanto o autólogo (em que se utiliza a medula do próprio paciente) como o halogênico (em que se utiliza a medula proveniente de outra pessoa). O transplante de medula óssea é muitas vezes indicado para tratamento de leucemia e linfoma.

 
JUSTIÇA
Planos de Saúde

O plano é obrigado a cobrir as despesas com tratamento oncológico, observadas as condições e cobertura do tipo de plano contratado (ambulatorial/hospitalar). A lei exige a cobertura da cirurgia de reconstrução mamária para os contratos celebrados a partir de 2 de janeiro de 1999. Há decisões dos Tribunais garantindo tal cobertura mesmo em planos antigos.

 

 JUSTIÇA
Reconstrução mamária

Toda paciente que teve a mama retirada total ou parcialmente em decorrência do tratamento de câncer tem o direito de realizar cirurgia plástica reparadora. Por lei, tanto o SUS como o Plano de Saúde são obrigados a realizar essa cirurgia

 

 

FAMÍLIA
Dicas simples facilitam a amamentação
Rachaduras no bico do seio e inchaço podem ser evitados com a postura certa do bebê

Muitas mulheres se queixam de dor durante a primeira fase da amamentação. Segundo o coordenador de Saúde da Criança do Ministério da Saúde, Paulo Bonilha, o contato entre mãe e bebê não é doloroso. O desconforto costuma ser causado porque a boca da criança está mal encaixada no peito da mãe. Ele orienta que, ao sentir dor, a mulher tire o bebê com cuidado e o coloque de novo para mamar.

Para saber se o bebê está “pegando” o peito direito, a mãe deve observar se a boca está bem aberta (boca de peixinho) e se o mamilo e a maior parte da aréola estão abocanhados. O aleitamento materno é interrompido principalmente por causa dos ferimentos nos seios. É o que mostra uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde e do Unicef, realizada em 2009. De acordo com o levantamento, 43% das mães param de amamentar antes que a criança complete três meses de vida.

 


SÍNDROME DO PÂNICO
Refém do medo
A síndrome do pânico tem sintomas físicos intensos e provoca enorme sofrimento

Vertigem, taquicardia, falta de ar, sudorese, sensação de impotência, certeza de que a morte se aproxima, desespero: embora mais conhecidas do que eram há 20 ou 30 anos, as sensações experimentadas pelas vítimas do transtorno do pânico ainda causam um impacto devastador na vida dos atingidos. Por ser uma síndrome psiquiátrica, a patologia gera preconceitos e mal-entendidos. Em geral, ninguém imagina ser vulnerável ao mal, cuja incidência, segundo especialistas, tem crescido em ritmo acelerado.

Antes de passar pela primeira crise de pânico, a designer Débora (nome fictício), 28 anos, já sabia do estrago que a desordem pode causar no dia a dia de quem sofre com ela.

– Acredito que só vivendo na pele o desassossego de sentir pânico para se ter uma ideia da gravidade. Não tratar é agonizar. É ver a vida perder o sentido – desabafa.

A primeira crise de Débora ocorreu no ano passado. Ao tentar embarcar para uma viagem de trabalho, ele foi acometida por uma sensação desesperadora de impotência absoluta diante das manifestações físicas e emocionais que lhe invadiram.

Os sintomas clássicos da síndrome foram desencadeados de repente.

– Ao entrar no avião, comecei a chorar. Sentia que ia morrer. A sensação de medo era tão grande que saí correndo. Alguns meses depois, voltei a sentir o mesmo quando estava dirigindo – conta.

O psiquiatra Fábio Leite explica que o transtorno do pânico é uma reação desproporcional de extrema ansiedade e com boa carga de medo a uma determinada situação, que pode ou não ser específica.

Segundo ele, no decorrer da vida deparamos com ameaças que provocam temor, sentimento que mexe física e emocionalmente com qualquer ser humano e que é até saudável, porque acaba se revelando uma proteção. Porém, no paciente com pânico, as reações fisiológicas e emocionais ocorrem sem motivo aparente.

A pessoa fica altamente insegura porque perde o controle, tem certeza de que nada pode fazer para sair da crise.

– A sociedade não entende a doença. Muitos acham que é frescura, descontrole emocional – observa o médico.

 

 

SÍNDROME DO PÂNICO
Adulto jovem, entre 30 e 40 anos, é o alvo predileto

Diferentes pesquisas sugerem que o funcionamento cerebral e corporal desse tipo de paciente é diferente do de indivíduos que nunca desenvolverão a síndrome.

O psiquiatra Fábio Leite lembra que algumas drogas, como anfetaminas, corticoides, maconha, cocaína e ecstasy, assim como algumas doenças, podem desencadear episódios de pânico.

Mas há também a ocorrência de crises sem qualquer fator claramente identificado, e isso a ciência ainda não conseguiu explicar. Existe também a forte suspeita de hereditariedade. O adulto jovem, entre 30 e 40 anos, é o alvo predileto da síndrome. As mulheres são mais vulneráveis.

Além das alterações cardiorrespiratórias, alguns pacientes sentem manifestações físicas menos comuns, como formigamento e contraturas musculares.

O tratamento é medicamentoso.

Sem os remédios, a tendência é a piora do quadro, e o prognóstico tende a ser depressão e, eventualmente, chega a provocar tentativas de suicídio.

Os psiquiatras alertam que a terapia cognitivo-comportamental é essencial para que o paciente entenda o problema e se coloque diante da situação sem perder o controle. Quanto mais precoce o tratamento, maiores as chances de superação.

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um estudo conduzido pelo psiquiatra Marco André Urbach mostrou que a tontura, sintoma comum do pânico, é pouco investigada e tratada.

– Verificamos que 30% dos pacientes com transtorno têm alterações vestibulares, ou seja, no ouvido interno.

Esse sintoma precisa ser avaliado, porque quando não tratado é um empecilho à recuperação dos pacientes – revela.

 

Súbito e angustiante
O QUE É
> O transtorno do pânico é definido como crises recorrentes de forte ansiedade e medo. A característica principal são os ataques, geralmente imprevisíveis, de desespero ou de agonia.
CAUSAS
Ainda são desconhecidas, mas há algumas teorias que tentam explicar o que motiva o problema:
> Neuroanatômica
Baseada no princípio de que o ataque de pânico é uma perturbação do sistema fisiológico que regula as crises normais de medo e ansiedade.
> Comportamental
Baseada na suposição de que vários princípios comportamentais estão envolvidos no desenvolvimento do pânico. Para os especialistas que acreditam nessa corrente, o paciente desenvolve o medo a partir de um determinado estímulo e, sempre que exposto a ele, a recordação de medo é evocada.
> Psicanalítica
Afirma que as crises de pânico se originam do escape de processos mentais inconscientes e até então reprimidos. Uma vez que o equilíbrio foi ameaçado, o funcionamento mental inconsciente transforma o conteúdo da repressão numa crise de pânico
SINTOMAS
> Palpitações
> Sudorese
> Tremores e abalos
> Sensação de falta de ar
> Sensação de asfixia
> Dor ou desconforto no tórax
> Náusea ou desconforto abdominal
> Tontura ou vertigem
> Medo de perder o controle ou de enlouquecer
> Medo de morrer
> Formigamentos
> Calafrios ou calor
TRATAMENTOS
A terapia cognitivo-comportamental pode e deve ser adjuvante ao tratamento medicamentoso, que consiste em:
> Inibidores de recaptação de serotonina - Têm função de regular a produção de neurotransmissores no sistema nervoso central, impedindo, assim, o surgimento de crises
> Benzodiazepínicos - Têm função tranquilizante, atuando principalmente no início do tratamento, até que o equilíbrio do sistema nervoso seja restaurado