icone facebookicone twittericone instagram

Com a pandemia do novo coronavírus, as mudanças na rotina foram inevitáveis e no setor de saúde não poderia ser diferente. Porta de entrada para pacientes infectados pela Covid-19, os hospitais do estado tiveram que fazer diversas alterações. O Hospital Regional Hans Dieter Schmidt de Joinville mudou rotinas de atendimentos e espaços físicos para evitar a proliferação do vírus, tanto entre os atendidos quanto entre os profissionais.

Hospital recebeu novos leitos para atender pacientes com Covid-19 - Fotos: Mayla Barbi / SES

Até o dia 15 de junho, 344 testes foram realizados no Hospital Regional. Destes, 97 foram positivos para Covid-19. Na unidade do Norte do Estado, setores como o Isolamento foram reformulados para atender os casos graves, com estrutura de UTI. Já a Cardiologia foi reservada para atendimento aos pacientes que precisam permanecer no hospital, sem demandar cuidados intensivos.

Não só o espaço físico, mas o trabalho dos profissionais da saúde também passou por mudanças. A assistência aos pacientes suspeitos ou confirmados de Covid-19 vai muito além de verificar respiradores ou aferição de sinais vitais.

"O padrão de dificuldade de oxigenação dos pacientes com Covid-19 grave exige um conhecimento muito maior de opções de ajustes dos respiradores, além de muitos cálculos em cada mudança para proporcionar uma melhora", explica a médica responsável pela CTI Covid Josiane Colvero.

Os internados necessitam de atenção permanente, além do cuidado com medicamentos, possíveis complicações e até alteração na posição do paciente para a evolução do padrão respiratório.

"Para a melhora de oxigenação, às vezes, é necessária a mudança da posição que é feita manualmente pela equipe e exige mais cuidados por parte dos profissionais", ressalta a médica.

Para a enfermeira Diége Matioski, responsável pelas equipes de enfermagem da CTI Covid e Covid Moderado, o desconhecimento sobre a doença é a maior dificuldade. "Acredito que o maior desafio é o medo, por se tratar de uma doença nova", comenta.

Cuidados redobrados

Já a enfermeira responsável pelo Pronto Socorro, Camila Cogrossi, comenta que o medo, mesmo que presente, pode se tornar um aliado. "Um dos desafios levantados pelos funcionários é o medo de adoecer e transmitir à família. Vejo o medo, porém, positivo no sentido do autocuidado, ou seja, eu entendo a gravidade da situação mas posso me proteger disso. É importante entender que posso e devo intensificar os cuidados, lavar sempre as mãos, usar álcool em gel, intensificar limpeza das bancadas, computadores, usar EPIs sempre e corretamente", observa Camila.

A médica responsável pelo Pronto Socorro, Suellen do Nascimento de Freitas, também acredita que o enfrentamento do desconhecido é uma das maiores dificuldades da equipe. "O paciente com suspeita de Covid-19 é um paciente diferenciado. Por ser tratar de uma patologia nova que, apesar de muitos artigos e publicações, não temos uma certeza da sua evolução, das complicações, eficácia dos tratamentos existentes e interações com outras comorbidades", avalia.

Atualmente, a instituição conta com 56 respiradores, itens necessários em caso de piora dos pacientes. "O tempo entre o início da assistência com o respirador e a sua melhora é mais longo que a média, se comparado a outras doenças, o que pode gerar um déficit no número de leitos e equipamentos. Felizmente, isso não ocorreu no nosso hospital" , diz Josiane.

Mudanças na emergência

A Emergência do HRHDS também passou por uma série de transformações físicas e também de fluxo para evitar que os pacientes com sintomas respiratórios tivessem contato com os demais.

"Esse era o nosso receio como médico, pois além das patologias que atendemos diariamente como infarto agudo do miocárdio, pacientes com insuficiência renal, entre outras, agora temos os pacientes com insuficiência respiratória ocasionada pela Covid- 19", explica Suelen.

Para manter o distanciamento, o lado direito foi dedicado para receber pacientes com sintomas respiratórios e o lado esquerdo, para pacientes com sintomas de outras doenças.

"Pacientes suspeitos devem ser atendidos o mais rápido possível, devem ser agilizados exames e conduta médica. Exames de apoio também são realizados no leito, para que o paciente transite o mínimo possível pelo hospital", ressalta Camila.

Também foram realizadas marcações no chão, com objetivo de garantir que pacientes não fiquem próximos. As salas de classificação de risco e atendimento médico também são separadas para evitar a contaminação.

"Temos que ter o cuidado redobrado e sempre utilizar corretamente os EPIs na hora do atendimento e exame clínico de um paciente suspeito de Covid- 19. Isso é essencial para evitar a preocupação de se contaminar e contaminar nossa família", avalia a médica Suelen.