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De forma inovadora, o Governo de Santa Catarina, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), construiu uma política de atenção aos pacientes com síndrome Pós Covid-19.  

A Política de Reabilitação Catarinense (PRC), elaborada em parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), tem dois eixos de atuação: um na Atenção Primária à Saúde (APS), com atendimento domiciliar, e outro com atendimento regionalizado em Serviços Especializados de Reabilitação (SERs).

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O objetivo é melhorar a qualidade de vida de pacientes como Jairo Jose Felisbino. Em maio deste ano, o funcionário público de 56 anos foi contaminado pelo Coronavírus, e o seu quadro de saúde agravou o que o levou a uma internação hospitalar. Durante sete dias, necessitou de atendimento médico intensivo. “Eu sentia muita dor no corpo, não conseguia me alimentar, minha saturação baixou e fui internado. O medo foi muito grande”, conta ele.

Posteriormente à internação, no retorno para casa, Jairo começou a sentir as sequelas. “Não tinha ânimo para fazer nada, me sentia muito cansado e isso foi afetando minha vida pessoal e o meu trabalho pois tenho tremores nas mãos e no corpo”, acrescenta. Mas há 50 dias, iniciou o acompanhamento com fisioterapeuta, através de um projeto piloto de Reabilitação Domiciliar da Covid-19 na Atenção Primária do Sistema Brasileiro de Saúde Pública.

Inicialmente, foi feita uma avaliação do caso e, posteriormente, foram prescritos exercícios de recondicionamento específicos, que Jairo pratica em casa. Semanalmente ele faz uma videochamada com a equipe do projeto e diariamente registra seus avanços em um diário. “Costumo fazer vídeos dos meus exercícios e encaminhar para a equipe. É surpreendente, eu faço tudo que eles passaram ali, me dedico, faço com capricho e agora estou realmente me sentindo bem, agora eu acredito que poderia voltar a minha vida normal, a quem eu era antes da COVID”.

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Jairo é dos exemplos de atendimento que será ampliado a partir da PRC, aprovada pela Comissão Intergestores Bipartite, no dia 9 de setembro. Atualmente, além do projeto piloto que atende os municípios de Sangão, Cunhã Porã e Arroio Trinta, os pacientes que necessitam deste acompanhamento posterior à infecção recebem atendimento nos SERs.

 “O coronavírus, que está nos impactando diretamente há 21 meses, ainda provocará muitos desdobramentos na saúde daqueles que foram infectados. Nosso objetivo com essa política é promover uma detecção precoce de alterações físico e funcional dessas pessoas, por meio de uma busca ativa, podendo fazer um atendimento especializado e reduzindo os impactos na qualidade de vida”, afirma o secretário de Estado da Saúde, André Motta.

PRC

A estruturação das equipes será realizada pelos municípios, com cofinanciamento do Estado, garantindo investimento de mais de R$ 2,7 milhões por mês para atuação de 544 equipes de reabilitação domiciliar e para o custeio de oito SERs. No total, serão nove serviços em atuação, sendo um da administração própria da SES.

A meta é ampliar o acesso da população à reabilitação físico funcional. Para isso, será ampliado o atendimento dos casos na atenção primária. Os profissionais receberão qualificação específica tanto pela SES quanto pela UDESC para uso de protocolo de reabilitação. 

Os cinco Centros Especializados de Reabilitação (CER II) da rede estadual que já possuem habilitação do Ministério da Saúde para atuar nessa linha atenção foram considerados locais de ampliação do atendimento, incluindo as ações da Política. Eles estão localizados em Lages, na Uniplac; em Itajaí, na UNIVALI; em Criciúma, na UNESC; em Blumenau, na FURB; e em Florianópolis, o Centro Catarinense de Reabilitação (CCR), unidade própria da SES e referência em reabilitação no estado.

As macrorregiões do Planalto Norte e Nordeste, do Meio Oeste e Serra Catarinense e da Grande Oeste terão novos SERs e poderão aderir à PRC através de instituições de ensino públicas, filantrópicas ou comunitárias, municípios e outros serviços de saúde públicos ou filantrópicos que possuam capacidade instalada para ofertar os serviços regionalizados.

Além dos atendimentos nos serviços especializados de reabilitação, a proposta é de que o paciente também receba atendimento no domicílio de forma híbrida (presencial e à distância), com base no projeto Reabilitação Domiciliar da Covid-19 na Atenção Primária do Sistema Brasileiro de Saúde Pública, desenvolvido pelo médico cardiologista e professor da UDESC, Tales de Carvalho. A proposta já foi validada junto aos municípios, em um projeto piloto, implantado nas cidades de Sangão, Cunhã Porã e Arroio Trinta. A metodologia estabelece que a pessoa que receba o atendimento passará por uma avaliação presencial e, posteriormente, seguirá de forma presencial e telepresencial, por meio de atendimento online.

Segundo a superintendente de Planejamento em Saúde, Carmem Delziovo, o foco principal desta proposta é o exercício físico e a educação em saúde, com o intuito de recuperar a qualidade de vida das pessoas com síndrome pós covid-19 e apoiar seus familiares neste processo. “Os participantes realizarão a maior parte de seus exercícios de reabilitação no domicílio, de forma autônoma, a partir de orientações individualizadas”.

A Política de Reabilitação Catarinense será implantada de forma descentralizada e capilarizada na atenção primária, para proporcionar maior abrangência das ações reabilitadoras em larga escala e melhorar os encaminhamentos aos serviços especializados.