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OPINIÃO DO GRUPO RBS
Rigor na saúde

Às vésperas do Dia Mundial da Saúde, lembrado hoje, a decisão do governo federal de apertar a fiscalização sobre a aplicação das verbas nesta área deve ser vista como um passo importante e vigiada de perto até ser posta em prática. Apenas um pequeno percentual dos repasses feitos pelo Ministério da Saúde para Estados e municípios, estimado em no máximo 2,5% do total das liberações, contaria hoje com uma fiscalização efetiva. Mesmo assim, nos últimos quatro anos, os desvios quantificados em tomadas de contas especiais (TCEs) alcançaram a cifra de R$ 662 milhões. São recursos destinados a socorrer enfermos e a salvar vidas, mas que, na falta de controles rígidos, acabaram tomando outros rumos.

Os problemas se agravaram, em boa parte, porque nem municípios, nem Estados vêm demonstrando empenho em encarar a sério suas atribuições nesta área, mas também porque os recursos disponíveis são desviados e não chegam a quem efetivamente precisa.

É inadmissível que o dinheiro capaz de reduzir o sofrimento de tantos doentes à espera de socorro continue a ser desperdiçado por maus gestores e desviado. Em qualquer área, mas particularmente na de saúde pública, é inconcebível que possa haver margem ao desperdício e ao desvio de verbas. Por isso, a intenção do Ministério da Saúde de reforçar os controles deve preceder qualquer outra, visando à qualidade do serviço prestado para usuários do SUS.

 

Geral

 

SURTO DE BOTULISMO
Saúde vai notificar fabricante
Marca de mortadela contaminada com toxina será alvo de processo sanitário

Confirmado o surto de botulismo no Norte do Estado, com seis casos registrados em Araquari e Guaramirim, as atenções dos órgãos públicos de saúde se voltam agora para descobrir de quem foi a culpa pela contaminação da mortadela que resultou na morte de uma mulher e colocou em risco a vida das outras pessoas. Ontem, a Secretaria de Estado da Saúde afinal divulgou o resultado da investigação feita com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após quatro adiamentos desde março. A Anvisa já havia divulgado nesta semana nota técnica em que confirmava o surto.

A Penasul, fabricante gaúcha do lote da mortadela contaminada da marca Pena Branca, será notificada hoje pela Vigilância Sanitária de SC. “Vamos enviar amanhã (hoje) os laudos do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, e notificar a empresa informando sobre o processo administrativo sanitário”, disse a diretora da vigilância, Raquel Bittencourt, que não sabe quando o processo será concluído.

Ainda assim, o Ministério da Agricultura informou ontem, em nota, que verificou a fábrica localizada em Roca Sales (RS) e que a produção da mortadela, suspensa em março, pode ser retomada.

Três estabelecimentos comerciais que venderam a mortadela contaminada – dois em Araquari e um em Guaramirim – estão sob investigação da Vigilância Sanitária. Neles, foram colhidas amostras do produto que tiveram resultado positivo para botulismo. Um mercado é o que vendeu ao pedreiro Ademir Muniz Vieira a mortadela que ele dividiu com o colega Valdecir dos Santos e a mulher dele, Benta Janaína Lamego. A dona de casa passou mal e morreu no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville, sem diagnóstico.

Sem precisar os pontos de venda, a empresa Penasul, que faz parte do grupo Marfrig, informou que recolheu o lote do produto, que, afirma, era comercializado apenas em SC e no RS. Segundo a vigilância, o produto foi retirado das prateleiras e parte dele deve ser recolhido dos mercados hoje.

Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria da Saúde do RS adiou de ontem para hoje a divulgação de um comunicado com a posição do governo sobre o frigorífico da serra gaúcha. O Estado não teve casos suspeitos de botulismo, informou a secretaria.

GABRIELA ROVAI E KARINA SCHOVEPPER

 

 

SURTO DE BOTULISMO
Ministério autoriza produção

Em nota oficial divulgada ontem, o Ministério da Agricultura informou que a indústria Penasul, responsável pela produção da mortadela com toucinho da marca Pena Branca, pode retomar a fabricação do produto. A empresa anunciou a suspensão em 9 de março, a pedido do ministério, que em seguida checou as condições higiênico-sanitárias da linha de produção da mortadela. Na investigação, informa a nota, “foi verificada qualidade e conformidade das matérias-primas, ingredientes, instalações e produto final”.

O ministério informou ainda que o estoque referente ao lote fabricado em 17 de fevereiro continua retido na empresa até que sejam concluídas as análises laboratoriais. O lote também foi recolhido em atacadistas, distribuidoras e varejistas. O ministério coletou amostras da linha que estava em processo de produção e em estoque.

A nota do ministério alerta que esse tipo de produto deve ser mantido em temperatura recomendada pelo fabricante e consumido em condições higiênico-sanitárias apropriadas. E recomenda que, “por precaução”, pessoas que tenham mortadela do lote “descartem o produto”.

 


SURTO DE BOTULISMO
Sindicância leva mais 90 dias

Segundo a assessoria de imprensa do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt a sindicância aberta para apurar se houve negligência no atendimento à dona de casa Benta Lamego está em andamento. O prazo para conclusão é de 90 dias. Benta não foi diagnosticada como vítima de botulismo e morreu em 7 de março, após ser transferida para a ala psiquiátrica.

O diretor técnico do hospital, Hercílio Fronza Jr., descarta negligência e diz que o botulismo não foi considerado por se tratar de doença sem registro no Estado. “Talvez eu tivesse cometido o mesmo erro, pois foram erros legítimos. Os diagnósticos batiam com os sintomas”. Segundo Fronza Jr., com a sindicância, o hospital pensa em como melhorar seu sistema de gestão de riscos. “Não consigo ver necessidade de punições. O desafio é pensar nesses diagnósticos antes.”

Segundo a advogada contratada pelo marido de Benta, Margarida Terezinha de Campos, possíveis processos para apurar a responsabilidade do Regional e da fábrica serão analisados. “Enquanto isso, entrarei com um pedido de pensão, já que ele ficou com os três filhos menores e não tem condições de sustentá-los no momento.”

 


PLANOS DE SAÚDE
Médicos cancelam consultas hoje
Em protesto, profissionais não atenderão a conveniados

Hoje, no Dia Mundial da Saúde, os médicos de todo o País fazem a maior manifestação já feita pela classe: paralisarão os atendimentos feitos por planos de saúde. A mobilização foi organizada pela Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam).

A recomendação é que os casos de urgência sejam encaminhados para prontos-atendimentos e os consultórios remarquem as consultas para outros dias.

Conforme o primeiro-tesoureiro da AMB, Florisval Meinão, a mobilização é uma forma de alertar a sociedade sobre o que ocorre entre os médicos e os planos de saúde.

Meinão diz que em 2004 a Agência Nacional de Saúde detectou o problema e, com a AMB, apontou cláusulas que deveriam ser revistas junto às empresas de planos de saúde.

O representante do Sindicato dos Médicos de SC, João Batista Bonnassis Júnior, disse que é uma forma de alertar à sociedade que existem muitas distorções na autonomia do trabalho médico. Bonnassis conta que estão tentando negociar um valor mínimo de R$ 60 por consulta. Atualmente, a maioria dos planos de saúde paga entre R$ 25 e R$ 40.


 

 

SAÚDE
Um coração artificial até o transplante
Menino de dez anos é a primeira criança do País a receber equipamento

Patrick Alves, de dez anos, foi a primeira criança no País a receber um coração artificial. O garoto sofre de doença cardíaca rara e há 15 dias precisou passar por cirurgia para eliminar coágulos do coração. Depois da operação, o órgão não voltou a bombear sangue para o corpo. Foi necessário, então, instalar o equipamento. O implante foi feito no Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Rio de Janeiro. Patrick é prioridade na fila de transplante cardíaco, que tem 230 pessoas no País.

A doença de Patrick foi descoberta dois anos atrás. Ele começou a se cansar para brincar com os amigos. Faltava ar até para caminhar. Era cardiomiopatia restritiva hipertrófica, doença que provoca o espessamento e rigidez das paredes do coração, dificultando o bombeamento do sangue.

No mês passado, ele passava por exames para ingressar na fila de transplantes quando foram descobertos dois coágulos no coração. “Tentamos eliminá-los com anticoagulantes, mas não conseguimos”, explicou o chefe do setor de cirurgia e transplante pediátrico do INC, Andrey Monteiro.

Patrick foi operado para a retirada do coágulo. Nesse tipo de cirurgia, o coração é parado e o bombeamento do sangue para o corpo é feito por uma máquina. Como o coração dele já estava bastante danificado, não foi possível desligar a máquina. A opção, então, foi ligá-lo a um coração artificial. A cirurgia levou cinco horas.

Em adultos, o equipamento ficaria dentro do corpo. Em crianças isso não é possível porque não há espaço. O dispositivo é um paliativo por causa do risco de infecção pelas cânulas que saem do coração e ficam ligadas ao equipamento.

Patrick sente o peso do equipamento sobre o corpo, mas não sabe ainda que seu coração parou de bater. Nem que permanecerá internado até que um coração compatível apareça. “Para nós, foi muito complicado receber a notícia de que ele precisaria de um coração artificial. Mas era o único jeito de manter nosso filho vivo”, disse o funcionário público Luiz Alves, de 48 anos, pai de Patrick.

 

 


BOTULISMO
Investigações para achar o culpado pela doença em SC


Vigilância Sanitária do Estado instaura processo contra fabricante da mortadela e investiga mercados que venderam o produtoApós confirmados oficialmente os casos de botulismo em Santa Catarina, com seis infectados em dois municípios do Norte, as atenções das autoridades se voltam, agora, para descobrir de quem foi a culpa pela contaminação da mortadela, que resultou na morte de uma mulher e colocou em risco a vida das outras pessoas.

A Penasul, empresa gaúcha fabricante do lote da mortadela contaminada da marca Pena Branca, será notificada hoje pela Vigilância Sanitária Estadual de SC.

– Vamos enviar amanhã (hoje) os laudos do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, e notificar a empresa informando que estamos instaurando processo administrativo sanitário. O objetivo é obter com a empresa esclarecimentos sobre o que ocorreu – disse a diretora da Vigilância Sanitária Estadual, Raquel Bittencourt.

Mas uma nota do Ministério da Agricultura, divulgada ontem, informou que numa investigação na empresa nada de irregular foi encontrado. Por isso, a indústria está autorizada a retomar a linha de produção quando julgar conveniente.

Já os três estabelecimentos comerciais – dois em Araraquari e um na cidade vizinha, Guaramirim – onde estavam as amostras com resultados positivos para botulismo estão em investigação pela Vigilância Sanitária. Este procedimento também faz parte do processo administrativo sanitário.

O secretário de Estado da Saúde, Dalmo Oliveira, diz que o surto da doença foi isolado na região Norte do Estado e que não há motivo para maiores preocupações:

– Considero que chegou ao fim. Não há mais casos suspeitos – afirmou.

A diretora da Vigilância de SC disse que quando soube da suspeita de contaminação, desencadeou um alerta a todas as vigilâncias municipais, à Vigilância do RS e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

– Determinamos, no Estado, a interdição cautelar do produto. A mortadela desse lote ficou proibida de ser vendida no comércio e foi retirada das prateleiras. Ela continua nos pontos de venda para ser recolhida. O recolhimento começa amanhã (hoje) em muitos lugares. Em outros pontos, o produto já foi recolhido pela empresa.

A recomendação é de que população não consuma a mortadela com toucinho Pena Branca com fabricação de 17 de fevereiro de 2011 e vencimento em 18 de abril de 2011, e avise a Vigilância Sanitária do seu município para recolhimento.

GABRIELA ROVAI

 

 

BOTULISMO
Ministério não vê irregularidades

Em nota oficial divulgada ontem, o Ministério da Agricultura informou que a indústria gaúcha Penasul, responsável pela produção da mortadela com toucinho marca Pena Branca, está autorizada a retomar a linha de produção do produto.

Segundo o ministério, foi realizada uma investigação nas instalações da empresa para averiguar as condições higiênico-sanitárias da linha de produção da mortadela com toucinho. Nessa investigação, segundo a nota, “foi verificada a qualidade e conformidade das matérias-primas, ingredientes, instalações e produto final”.

O ministério informou ainda que o estoque referente ao lote 17/02/2011 permanece retido na empresa até que sejam concluídas todas as análises laboratoriais dessa remessa.

O órgão governamental afirmou que, na primeira quinzena de março, tomou todas as medidas previstas para um caso como este. Entre elas, a suspensão da linha de produção, o recolhimento de todas as mortadelas do lote suspeito, a verificação do processo de produção, a coleta de amostras para análises laboratoriais de toda a linha que estava em processo de produção e também em estoque.

 


BOTULISMO
Sindicância apura o erro

A sindicância para investigar negligência do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt no atendimento a Benta Lamego deve ser concluída em 90 dias. A dona de casa não foi diagnosticada com botulismo e morreu em 7 de março. O diretor técnico do hospital, Hercílio Fronza Jr., descarta ter havido negligência e afirma que o botulismo não chegou a ser considerado por se tratar de uma doença que sequer tinha registro no Estado.

– Talvez eu tivesse cometido o mesmo erro, pois foram erros legítimos. Os diagnósticos levantados batiam com os sintomas da paciente.

O hospital estuda um sistema de gestão de riscos melhor.

A advogada da família de Benta deve ingressar na Justiça contra o hospital e a fabricante da mortadela. Enquanto isso, entrará com um pedido de pensão, já que o marido de Benta ficou com três filhos menores.

 

Joinville

 

 

PLANOS DE SAÚDE
Médicos vão cruzar os braços hoje

Quem tiver consulta por plano de saúde hoje terá que remarcar. No Dia Mundial da Saúde, os médicos fazem a maior manifestação já realizada pela classe.

A Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) resolveram fazer um protesto, interrompendo, durante todo o dia de hoje (Dia Mundial da Saúde), o atendimento aos conveniados de planos de saúde.

A recomendação é que os casos de urgência devam ser encaminhados para clínicas de pronto-atendimento e os consultórios devem remarcar as consultas para outros dias.

De acordo com o primeiro-tesoureiro da AMB, Florisval Meinão, os planos de saúde reajustaram as prestações acima de 160% a partir de 2000, quando foi criada a Agência Nacional de Saúde. Segundo explicou, a inflação esteve por volta dos 100% e não foi repassado nem 60% para os médicos.

– Esta é a nossa forma de alertar a sociedade para saber o que se passa entre os médicos e os planos de saúde – afirma Meinão.

O representante da AMB explica que esta falta de repasse causou um desequilíbrio econômico nos consultórios médicos. Para compensar este déficit e o custo com a manutenção, muitos médicos tiveram que deixar de frequentar cursos e congressos, aumentar a carga horária, e as consultas, obrigatoriamente, ficaram mais rápidas. A consequência é a piora na qualidade e na segurança do atendimento.

Meinão diz que em 2004 a Agência Nacional de Saúde detectou o problema e, junto com a AMB, apontou cláusulas que deveriam ser revistas junto às empresas de planos de saúde. Como nada foi modificado até agora, eles resolveram fazer a paralisação.

– Se não obtivermos resultado, vamos realizar assembleias. Poderemos optar pelo descredenciamento maciço, fazer denúncias ou, até mesmo, ações judiciais – adianta Meinão

 

 

GERAIS

Em 2011, foram registrados 7,4 mil casos

A Secretaria de Saúde de Ribeirão Preto (SP), confirmou ontem que, em 2011, a cidade já registrou 7.403 casos de dengue. Ou seja, 1.543 casos a mais na última semana. O caso mais grave foi uma morte, ocorrida no final de janeiro, da auxiliar de enfermagem Flávia Patrícia Quirino, de 36 anos. Ela morreu por dengue clássica, em decorrência de complicações.

 


EMAGRECEDORES
Profissionais são contra a proibição
Médicos e farmacêuticos defenderam ontem, no Congresso, a venda, mas com mais fiscalização

Profissionais de saúde e farmacêuticos defenderam ontem, no Congresso Nacional, uma maior fiscalização da prescrição e da dispensação de medicamentos emagrecedores em lugar do banimento dos remédios.

A possibilidade de retirada dos chamados anorexígenos do mercado brasileiro foi anunciada em fevereiro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O principal argumento é que os riscos superam os benefícios propostos pelos produtos.

Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Ricardo Meirelles, ressaltou que o objetivo do tratamento contra a obesidade não é atingir o peso ideal, mas reduzir as consequências provocadas pelo problema.

– Não preconizamos o uso indiscriminado de anorexígenos no combate à obesidade. Estamos falando de doença. Uma intervenção que reduza 1% do peso corporal por mês já é considerada sucesso terapêutico, já que reduz fatores de risco para diabetes e doenças cardiovasculares – disse Meirelles.

Caso a proposta de banimento dos emagrecedores não vingue, a categoria propõe prescrever o medicamento apenas para pessoas com Índice de Massa Corporal igual ou superior a 30 e pessoas com IMC igual ou superior a 25 e que apresentem fatores de risco. Não há prazo para que a Anvisa decida sobre a proposta.

 


PRIMEIRO DO BRASIL

Menino vive com coração artificial

Quinze dias depois de tornar-se a primeira criança brasileira a receber um coração artificial, Patrick Hora Alves, 10 anos, recupera-se no Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Rio de Janeiro, e agora tem prioridade entre os 230 da fila nacional de transplante. Ele sofre de uma doença cardíaca rara e precisou ser operado para eliminar coágulos do coração.

No fim do procedimento, o órgão, já enfraquecido, não voltou a bombear sangue para o corpo. Foi necessário, então, instalar o equipamento, que, em adultos, ficaria dentro do corpo. Em crianças, isso não é possível porque não há espaço para as bombas em cada ventrículo.

A doença foi descoberta há dois anos. Ele começou a se cansar quando brincava ou praticava esportes. Faltava ar até mesmo para caminhar. Os pais desconfiaram de algum problema pulmonar. Era cardiomiopatia restritiva hipertrófica, doença que dificulta o bombeamento do sangue.

Por um ano e oito meses, ele foi tratado com medicamentos. No mês passado, ele passava por exames para ingressar no cadastro nacional de transplantes quando foram descobertos dois coágulos no coração.

– Tentamos eliminar os trombos com anticoagulantes. Mas começou a haver embolização, que é o mecanismo em que o coágulo se desprende e pode ir para qualquer local do corpo – explicou o chefe do setor de cirurgia pediátrica e transplante pediátrico do INC, Andrey Monteiro.

Patrick foi, então, operado para a retirada do coágulo. Nesse tipo de cirurgia, o coração é parado e o bombeamento do sangue para o corpo é feito por uma máquina.

– O coração estava muito sofrido e não foi possível desconectar da circulação extracorpórea – disse o médico.

A opção, então, foi ligá-lo a um coração artificial. A partir de agora, ele terá que tomar anticoagulante, que traz risco de hemorragia ou de formação de coágulos. Além disso, há a possibilidade de infecção.

Patrick permaneceu sedado até o último domingo. Ele sente o peso sobre o corpo, mas não sabe ainda que seu coração parou de bater nem que permanecerá internado até que um coração compatível apareça.

– Ele já estava chateado de não poder brincar com os amigos, não vai ser fácil mantê-lo aqui – diz o pai de Patrick, Luiz Cláudio Alves, 48 anos.

Alves faz um apelo para que médicos façam a notificação de pacientes com morte cerebral.

– Meu filho me pediu um coração. Eu prometi isso para ele – afirmou.

Patrick pesa 20 quilos. O doador tem de pesar até 50 quilos e ter o mesmo tipo sanguíneo, A positivo.

 

Rio de Janeiro

 

 

 

BLUMENAU
Promessa é abrir hospital até 30 de junho

O Hospital Regional Universitário de Blumenau abrirá as portas até 30 de junho. Este é o compromisso do reitor da Furb, João Natel, anunciado em reunião no Rotary Clube Fortaleza. Inicialmente, o hospital funcionará como Hospital Dia e Centro de Diagnóstico. Dia 18 de abril, haverá uma vistoria na estrutura da Secretaria de Saúde do Estado.


 


DIA DA SAÚDE
Atendimento será de graça em praças

Em comemoração ao Dia da Saúde, hoje haverá atendimento gratuito, no Centro de Blumenau na praça do Teatro Carlos Gomes, das 8h às 16h, e na Praça Doutor Blumenau, das 7h às 18h. Serão oferecidos exames para medir pressão arterial, testes de doenças sexualmente transmissíveis, além de orientações sobre nutrição, doação de órgãos e doenças.

 

 

ARTIGOS

Medicina sem médicos?, por Antonio Carlos Lopes*

Já faz algum tempo que se percebe uma movimentação condenável no mundo da saúde. De Brasília, do conforto de seus gabinetes de luxo, certos bacharéis de medicina que, na prática, desconhecem o que é ser médico, lançam balões de ensaio pregando um novo modelo de assistência. Com frequência, vão à mídia falando em formar médicos para o Sistema Único de Saúde. Como se formar profissionais para atender aos cidadãos mais carentes, que dependem basicamente do SUS, fosse diferente de formar médicos para assistir os mais abastados. Na verdade, só é admissível a existência de um tipo de medicina: a de qualidade. É com esse padrão que ela deve servir ao pobre e ao rico, ao negro e ao branco, ao homem e à mulher, ao católico e ao protestante, enfim, a todos.

O problema é que por trás do tendencioso discurso da formação de médicos para o SUS, os mesmos agentes vão aos poucos minando a medicina brasileira. Quando autorizam a abertura indiscriminada de faculdades médicas colocam no mercado médicos sem capacitação necessária, representando risco à saúde e à vida dos pacientes.

Outro grave problema diz respeito à rede suplementar. Algumas autoridades fazem vistas grossas aos abusos dos planos de saúde e não tomam qualquer atitude para coibi-los. Dessa forma, usuários têm suas mensalidades sempre reajustadas acima da inflação, e muitas vezes veem negadas coberturas para exames, medicamentos. São tão vítimas quanto os médicos, que, há cerca de 10 anos, praticamente, não recebem reajustes nos honorários de consultas e procedimentos. Na relação com os planos de saúde, aliás, só há vítimas. Reclamam os pacientes, os órgãos de defesa do consumidor recebem recordes de queixas, os hospitais denunciam glosas e calotes e os médicos apontam pressões contra o livre exercício da profissão.

Assim, bons médicos vão se descredenciando dos planos, pois é inaceitável trabalhar sob tais condições. Outra vez, a perda é de qualidade. Querem medicina sem médicos e sem qualidade para quem precisa. Um crime. Temos de reagir, pois a saúde é direito constitucional dos cidadãos.

 

*Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

 

 

EDITORIAIS

RIGOR NA SAÚDE

Às vésperas do Dia Mundial da Saúde, lembrado amanhã, a decisão do governo federal de apertar a fiscalização sobre a aplicação das verbas nesta área deve ser vista como um passo importante e vigiada de perto até ser realmente posta em prática. Apenas um pequeno percentual dos repasses feitos pelo Ministério da Saúde para estados e municípios, estimado em no máximo 2,5% do total das liberações, contaria hoje com uma fiscalização efetiva. Mesmo assim, nos últimos quatro anos, os desvios quantificados em tomadas de contas especiais (TCEs) alcançaram a cifra de R$ 662 milhões. São recursos destinados a socorrer enfermos e a salvar vidas, mas que, na falta de controles rígidos, acabaram tomando outros rumos, o que é inadmissível.

Só o volume efetivamente comprovado de desvio, mesmo se constituindo numa pequena parcela do total, seria suficiente para a construção de centenas de unidades básicas de saúde e unidades de pronto-atendimento (UPAs). Serviria, também, para pagar salários por um ano de centenas de equipes do Programa Saúde da Família. O montante demonstra que uma degradação tão acelerada na qualidade dos serviços prestados na área de saúde pública não pode ser atribuída simplesmente ao fim da chamada CPMF, compensado com folga com o aumento da alíquota do IOF e da arrecadação de maneira geral. Os problemas se agravaram, em boa parte, porque nem municípios nem estados vêm demonstrando empenho em encarar a sério suas atribuições nesta área, mas também porque os recursos disponíveis são desviados e não chegam a quem efetivamente precisa.

É inadmissível que o dinheiro capaz de reduzir o sofrimento de tantos enfermos à espera de socorro e mesmo de evitar mortes continue a ser desperdiçado por maus gestores e desviado para o bolso de corruptos. A presidente Dilma Rousseff, que durante a campanha eleitoral se comprometeu com avanços nesta área, reafirmou há poucos dias, em Belo Horizonte, que “não vai haver um dia em que o governo federal e o Ministério da Saúde não tentem melhorar o SUS”. Entre as intenções e a prática, porém, o que se constata hoje é uma rede pública incapaz de atender à demanda, de um lado e, de outro, pacientes que não conseguem marcar consultas com especialistas, que são transferidos para a Capital em ambulâncias ou ônibus por não contarem com atendimento nos municípios nos quais moram ou na região, que são mandados das emergências dos hospitais para os postos, mas os encontram fechados, pois funcionam em horário restrito, como se doença tivesse hora para se manifestar.

Em qualquer área, mas particularmente na de saúde pública, é inconcebível que possa haver margem para o desperdício e o desvio de verbas. Por isso, a intenção do Ministério da Saúde, de reforçar os controles, deve preceder qualquer outra, visando sempre à qualidade do serviço prestado para usuários do SUS

 

 

NOTA
Hospital Universitário abre em junho, promete reitor

BLUMENAU - O Hospital Regional Universitário abrirá as portas até 30 de junho. Este é o compromisso do reitor da Furb, João Natel. Inicialmente, o hospital funcionará como Hospital Dia e Centro de Diagnóstico. Dia 18 de abril, o secretário de Saúde do Estado, Dalmo Claro de Oliveira, e o secretário regional Cesar Botelho virão vistoriar a estrutura.

 

 

 


Florianópolis recebe congresso de pneumologia
DPOC é destaque com apresentação de novos medicamentos e técnicas cirúrgicas ainda não utilizadas em Santa Catarina
 Anita Martins
@anita_nd
Florianópolis 

Profissionais da área da saúde de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul reúnem-se em Florianópolis de hoje a sábado (9) para se atualizar das novidades nos tratamentos de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), asma, pneumonia, tuberculose e doenças do sono, entre outros problemas respiratórios. As informações serão passadas no 3º PneumoSul, o Congresso de Pneumologia da Região Sul, realizado na capital catarinense pela primeira vez.

O presidente do evento e pneumologista da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Emílio Pizzichini, conta que a DPOC é o principal foco porque dois novos medicamentos e técnicas cirúrgicas ainda não utilizadas no estado serão apresentadas durante o congresso. “A DPOC tem como características mais fortes o fechamento e a inflamação dos brônquios. Esses remédios agem diretamente nesses sintomas. No evento, especialistas vão mostrar resultados de estudos com essas substâncias e orientar sobre como receitá-las”, afirma.

Outra razão pela qual a DPOC merece atenção especial é que já é a quinta doença que mais mata no mundo, ficando atrás de patologias cardiovasculares e cânceres. De acordo com estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde), em dez anos, ocupará a terceira posição no ranking. “No Brasil, acredita-se que 10% da população acima de 40 anos tenha DPOC, ou seja, sete milhões de brasileiros. E muita gente nem sabe que tem a doença. Pensa que só tem mais dificuldade para subir escadas e andar rápido”, destaca Pizzichini.

Em Florianópolis, ainda não existe um levantamento da abrangência da DPOC, causada principalmente por tabagismo e poluição. A UFSC, em parceria com o Instituto RIC, está realizando uma pesquisa para descobrir esse número e também analisar a hipótese de que quem mora na Ilha tem menos DPOC por conta da qualidade do ar. “Ainda neste ano, vamos começar a aplicar os questionários nas casas”, diz o médico.

Tuberculose também é destaque

A resistência da tuberculose aos medicamentos existentes também está na lista dos assuntos mais importantes que serão tratados no PneumoSul. “Recentemente, o Ministério da Saúde liberou mais um remédio para combater a tuberculose por causa disso”, ressalta Pizzichini.

O ressurgimento da doença em países desenvolvidos, onde havia sido drasticamente reduzida, é outra questão que será debatida, inclusive com especialistas internacionais. Ainda está na pauta uma discussão sobre a alta exposição de profissionais da saúde à patologia.

Principais doenças que serão discutidas

DPOC
Costuma atingir quem tem mais de 40 anos ou quem fuma. Um dos principais sintomas é o conhecido pigarro do cigarro. Não tem cura definitiva, mas pode ser tratada.

Tuberculose
Transmitida pelo ar, a doença causa tosse por mais de 14 dias, febre, suor intenso, dor no tórax, perda de peso e catarro. Pode ser prevenida com a vacina BCG e tratada.

Asma
Típica em crianças e idosos, a asma é caracterizada por falta de ar e chiado no peito. Pode ser controlada com o uso de bombinha e nebulização.

Pneumonia
Essa infecção dá catarro nos pulmões, febre e tosse. É curada com antibióticos na maioria das vezes, mas pode levar à morte.

Serviço

O quê: 3º PneumoSul
Quando: de 7 a 9 de abril
Onde: Costão do Santinho, em Florianópolis
Para quem: profissionais de saúde
Quanto (inscrições no local): de R$ 230 a R$ 600

 


Audiência pública levanta problemas da saúde em Florianópolis
SindSaúde expõe falhas e Secretaria Estadual de Saúde não promete solução definitiva
 
Florianópolis 

Leitos fechados e falta de profissionais foram as principais falhas identificadas na rede de saúde da Grande Florianópolis em uma audiência pública realizada ontem na Alesc (Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina). As falas de representantes de entidades de classe, da sociedade civil e do governo com dados e opiniões sobre o tema serão reunidas em um relatório que será entregue aos responsáveis pelas demandas identificadas, podendo ser o poder municipal, estadual ou federal.

Um dos pronunciamentos mais aplaudidos pelos presentes no plenário foi da presidente do SindSaúde (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde Privado e Público Estadual), Edileuza Garcia, que expôs problemas dos hospitais mais importantes da região. Sobre a situação do Hospital Florianópolis, que está quase integralmente fechado para reforma, Edileuza informa que há déficit de 506 funcionários. De acordo com ela, por conta da obra, ainda ocorreu queda nos atendimentos - de 14 mil, em 2009, para 4 mil, em 2011 - e nos leitos utilizados – de 80 para somente seis.

Segundo ela, no Nereu Ramos, um centro cirúrgico está fechado e a ala 5, destinada a portadores de HIV, está a ponto de despencar. No Hospital Regional de São José, 12 leitos estariam sem funcionar. No Hospital Infantil Joana de Gusmão, esse número seria de 96. O Hospital Governador Celso Ramos teria 67 leitos fora de operação e 123 servidores faltando.

Governo não tem definição para Hospital Florianópolis

O superintendente dos Hospitais Públicos de Santa Catarina, um dos representantes da Secretaria Estadual de Saúde na audiência, Libório Soncini, respondeu às declarações de Edileuza. O quadro retratado por Soncini sobre o Hospital Florianópolis é similar ao dado pela presidente do SindSaúde.

“Só a emergência está funcionando mesmo, mas com o mesmo número de atendimentos de antes, 9 mil por mês. Tem uns seis leitos funcionando. Esperamos terminar a reforma no segundo semestre deste ano”, afirma. Sobre a transferência da administração do hospital para uma organização social, apresentada como intenção da Secretaria por Edileuza, ele disse que “tudo é possível, mas nada está definido”.

Secretaria de saúde admite problemas e promete contratações

Soncini admite o fechamento de um centro cirúrgico e o mau estado de conservação da ala 5 do Nereu. “Essa sala está pronta para ser usada, só esperando a chegada de profissionais para começar a operar. A ala 5 realmente precisa ser reformada. Estamos elaborando um projeto para isso.”

Segundo ele, no Celso Ramos, há de 15 a 20 leitos fechados e um andar inteiro interditado por falta de condições de funcionamento. “Vamos reformá-lo assim que terminarmos a obra na emergência”, promete, apesar de ainda não ter uma data de início para tal. Por outro lado, garantiu que no Regional não há nenhum leito fechado.

O superintendente ressalta que já foi solicitada a contratação de 600 novos funcionários para toda a rede pública estadual de saúde de Santa Catarina. “Esses profissionais vão repor as situações emergenciais. Ainda não é o quantitativo total necessário, mas já é um alívio.”