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OPINIÃO DE A NOTÍCIA
Futuro do São José

Com a série de reportagens iniciada hoje e o Debates “AN” de sexta sobre o tema, o Hospital Municipal São José vai dominar parte da cobertura deste jornal não só com o objetivo de mostrar a situação da unidade hospitalar. Mas também com o propósito de tentar apontar ações possíveis para melhorar o atendimento. O desafio é grande. No São José, o maior hospital da região Norte de Santa Catarina, está a porta final de um sistema que muitas vezes não funciona na prevenção ou mesmo na atenção básica e acaba desembocando no popular Zequinha. Sobrecarregado, ainda assim o São José é referência em várias especialidades e tem ser esforçado, ainda que de forma precária em determinados casos, para atender toda a demanda. Tem de ser diferente.

Joinville até se acostumou com a superlotação do hospital, uma circunstância observada na maioria dos hospitais do País. Então o jeito é se conformar e não reagir a essa “mazela da saúde pública”? Claro que não. Há muito que pode ser feito. Os demais hospitais de Joinville e da região devem assumir uma demanda maior; as obras do Complexo Emergencial Ulysses Guimarães e do quarto andar precisam ser, finalmente, concluídas; é necessária uma triagem que deixe no São José só quem realmente necessite de atendimento hospitalar; entre outras medidas. Há outras ações que podem colaborar com o São José, Não dá é para Joinville se conformar com o “assim mesmo”. Se continuar assim, o atendimento vai piorar.

 

Geral


HOSPITAL SÃO JOSÉ
Às vezes funciona, às vezes não


Setor de emergência traz situações curiosas e que mostram a realidade do serviço público de saúde. Entenda por que dois rapazes passaram quase duas semanas ocupando leitos na emergência por causa de pequenas fraturas e outro teve o problema resolvido como deveria

Quando levou um tombo de moto, no mês passado, o auxiliar de produção Eliéser Ribeiro, 25 anos, jamais imaginaria que um dedo quebrado pudesse dar tanta dor de cabeça. Não dor física, mas dor diante da realidade da saúde pública. A fratura em um dos polegares fez com que ele ocupasse por 13 dias um leito no corredor do pronto-socorro do Hospital Municipal São José, em Joinville, para onde vão praticamente todas as vítimas de trauma de acidentes da região Norte.

A pergunta é inevitável: há necessidade de um paciente ficar todo esse tempo em um corredor de hospital, supostamente tirando um leito de casos mais graves, com despesas pagas pelo SUS, por causa de um dedo quebrado? O problema tem explicação, segundo médicos, enfermeiros e diretores, e mostra um pouco da realidade do maior hospital municipal de SC, que atende a uma média de cem pessoas por dia só no pronto-socorro.

Eliéser sofreu o acidente no dia 17 de abril e quebrou o polegar da mão direita ao tentar se apoiar no chão. Teve o braço enfaixado, fez raio-X e soube que precisava de cirurgia para corrigir a fratura. Foi posto em uma maca no corredor para aguardar o procedimento. Não havia vaga na observação porque a superlotação é uma constante, segundo o enfermeiro-chefe do pronto-socorro, Hamilton Vargas. O local tem 43 leitos e uma média que vai de 60 a 90 pacientes por dia.

Ao saber que teve a cirurgia desmarcada porque casos mais graves haviam ganho prioridade, na primeira vez, Eliéser não reclamou. Uma semana depois, na quinta-feira passada, voltaram a avisar a ele e ao colega de hospital, Márcio Costa da Silva, de 30 anos (que quebrou o braço e esperava cirurgia há 14 dias) que teriam de ficar novamente em jejum porque as cirurgias seriam marcadas para a manhã da sexta. A de Eliéser, às 9 horas.

No fim da manhã de sexta, quando a reportagem de “A Notícia” estava no hospital, Eliéser queria respostas. “Estou há 12 horas sem comer e agora não há mais previsão da cirurgia. Por que não posso aguardar em casa? Mandaram uma psicóloga conversar comigo. Não preciso de psicólogo, preciso da cirurgia no dedo para ir embora”, reclamava. Segundo o hospital, novamente houve prioridade para cirurgias mais urgentes naquele dia.

AN.com.br

 


HOSPITAL SÃO JOSÉ

E a espera continua...Às 15 horas de sexta-feira, quando a reportagem aguardava uma entrevista com o médico-chefe da ortopedia, Valdir Steglich, Elieser apareceu no setor de administração. Queria falar com diretores. Atendentes e funcionários ouviram as queixas e disseram que o rapaz só poderia ser liberado sem a cirurgia com autorização médica.

Assim que chegou, o médico Steglich conversou com o rapaz. Ligou para colegas e residentes, cogitou a possibilidade de mandar Eliéser para casa, depois pediu para que ele fosse encaixado em um mutirão de cirurgias de mão e de ombro que ocorreu sábado. O rapaz concordou em passar outra noite na maca, sem comer, e agradeceu ao médico.

A cirurgia também não foi realizada no sábado, mas pelo menos Eliéser e Márcio puderam esperar em casa. A justificativa do hospital é que o mutirão era apenas para casos eletivos de muito tempo (gente que esperava há meses ou anos). Segundo o hospital, os dois voltaram para consulta no ambulatório ontem, e tiveram as cirurgias remarcadas para esta sexta-feira.

 


HOSPITAL SÃO JOSÉ
Dilema médico para liberar

O médico-chefe da ortopedia, Valdir Steglich, diz que casos como o de Eliéser mostram a realidade do SUS. “Se ele for liberado sem cirurgia, em vez de ser operado em breve vai para o fim da fila e pode esperar anos.”

Segundo o médico, outro temor dos profissionais em liberar pacientes, mesmo que o caso não seja grave, é o risco de haver infecção ou complicações pelo não tratamento adequado que muitas vezes o paciente faz, como tirar curativos por conta própria e não voltar às consultas.

A preocupação judicial também existe. “Quem garante que o paciente não vai processar o médico e o hospital por ter sido mandado para casa? Ficando aqui, mesmo desconfortável, o médico é responsável por ele”, afirma Steglich.

Ao conversar com o médico-residente que acompanhava o quadro de Elieser, Stieglich ainda perguntou por que o rapaz não pode esperar em casa. O residente disse que havia outros pacientes com cirurgias suspensas em função de casos mais graves e que se a saída fosse permitida eles iriam criar tumulto para também ser liberados.

 


HOSPITAL SÃO JOSÉ
Tratamento adequado e no prazo

Se para Eliéser o hospital pode parecer um lugar onde a burocracia impera, para o motoboy Jhonatan Barbosa, de 19 anos, é um local onde os problemas de saúde são resolvidos com rapidez. Ele conta que ia ao trabalho pela rua Piratuba, no Bom Retiro, quarta-feira passada, quando começou a chover. “Fui acelerar para chegar mais rápido, derrapei e fui de arrasto no calçamento”.

O resultado foi uma fratura, ferimentos e hemorragia no braço esquerdo. Ele foi levado pelo Samu ao pronto-socorro, passou por cirurgia poucas horas após o acidente, ficou em recuperação e recebeu alta no dia seguinte. É o segundo acidente com moto ele que sofre. No primeiro, ano passado, quebrou o pulso direito e teve de colocar pinos metálicos. Também não teve do que reclamar na época.

O segredo para ele ser atendido rápido? O ortopedista Valdir Steglich responde com uma frase forte. “Se é para se acidentar, que o sujeito se acidente feio, porque fratura exposta, com hemorragia, risco de infecção, vai para cirurgia imediatamente. É a realidade”, afirma.

A solução para isso? O médico diz que está fora dos hospitais e se trata de prevenção. Hospitais sozinhos, segundo ele, estão cada vez mais condenados ao caos com a quantidade e violência dos acidentes. De acordo com o hospital, eles são uma das principais causas de sobrecarga em diversos setores, o que piora a falta de leitos, assunto de amanhã desta série de reportagens.

 


VACINAÇÃO
Joinville está longe da meta

A meta da campanha de vacinação contra a gripe comum e a gripe A é, de acordo com a Vigilância Epidemiológica, atingir a 62 mil pessoas em Joinville. Mas até o último sábado, Dia D para mobilização contra o vírus, menos da metade do público-alvo foi até os postos.

Embora a procura tenha sido maior na segunda-feira e ontem, a baixa adesão à campanha preocupa a Secretaria da Saúde. O prazo para se vacinar acaba no dia 13 de maio, mas até o dia 30 foram imunizados 21.122 pessoas entre idosos, gestantes, crianças de seis meses a dois anos e profissionais da saúde – menos de 40% do total que deve ser alcançado.

“Montamos uma estrutura com centenas de profissionais no dia 30, visando a atender entre dez mil a 15 mil pessoas, mas só 5,5 mil procuraram pela vacina”, diz Maria Goreti Cardoso, coordenadora do setor de imunização. Ainda não se fala em prorrogar a campanha. “Uma das saídas é utilizar a dose para vacinação de pacientes com doenças crônicas”, afirma Maria Goreti.

A vacina gratuita é oferecida em todos os 56 postos de saúde e na Sala de Vacinação Central, na rua Itajaí.

 

 
SAÚDE
MP entra com ação para garantir medicamentos

O Ministério Público Federal propôs ação para garantir o fornecimento gratuito de Carvedilol e Trimetazidina para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Os remédios são usados por portadores de cardiomiopatia isquêmica dilatada. A ação proposta pelo procurador em Joinville Mário Ghanaggé Barbosa contra a União, o Estado de Santa Catarina e o município de Joinville.

 


CRICIÚMA
Dois hospitais rompem parceria com a Prefeitura

A parceria entre os hospitais São José e Materno-infantil Santa Catarina, de Criciúma, chegou ao fim. A direção da unidades protocolou na Prefeitura a notificação de rescisão do contrato de administração. Segundo a direção do São José, a medida foi tomada por cauda do descumprimento de cláusulas contratuais e econômicas por parte da Prefeitura. O secretário do Sistema de Saúde de Criciúma, Silvio Ávila Jr., reconheceu que o valor contratado para administração do Hospital Santa Catarina não é repassado integralmente. Ele diz ainda que não querem perder a parceria.

 

 

EM FALTA
Estoques de remédio contra o câncer estão prejudicados

A falta no mercado de um remédio prescrito contra o câncer tem desabastecido hospitais no País, entre eles o Centro Infantil Boldrini, em São Paulo. Segundo a Pfizer, que fabrica o Aracytin 100mg na Itália, a produção será normalizada até junho.

 

 


HOSPITAIS DE CRICIÚMA
Infantil volta para prefeitura

A parceria entre os hospitais São José e Materno-infantil Santa Catarina, em Criciúma, chegou ao fim. Ontem, a direção do São José notificou a rescisão do contrato de administração do Infantil à prefeitura, que retoma o comando da unidade a partir de 15 de junho. O contrato havia sido firmado em 25 de novembro de 2009.

A diretora-geral do São José, irmã Cecília Martinello, justificou a medida pelo descumprimento de cláusulas contratuais pela prefeitura. E não tem relação com o fato de a Secretaria de Saúde ter restringido, há um mês, atendimentos de crianças de municípios vizinhos no Infantil.

Entre os itens descumpridos estariam a não abertura da pediatria, maternidade, centros obstétrico e cirúrgico e clínica da mulher. O Infantil tem pronto-atendimento, 18 leitos de observação e 10 de UTI neonatal.

– A prefeitura não manteve financeiramente o Hospital Infantil para que nosso trabalho fosse possível – alega irmã Cecília.

O secretário de Saúde, Silvio Ávila Jr., reconheceu que o valor contratado não é repassado integralmente. Em oito dias, a prefeitura deve indicar um administrador para a transição.

As negociações com o São José devem ser retomadas quando o prefeito Clésio Salvaro voltar de viagem.

ana.cardoso@diario.com.br

ANA PAULA CARDOSO | Criciúma

 

 

Diário do Leitor

 Atendimento

É inaceitável que um presidiário, quando precisa de contulta médica ou internação, tenha um atendimento diferenciado daquelas pessoas de bem, que ficam horas nas filas dos hospitais. Sem falar do policiamento 24 horas que é feito dentro do hospital, isto é, tiram policiais da rua ou do posto de serviço para ficarem exclusivamente cuidando de um delinquente, o que deveria ser feito por agente penitenciário.

 

Sidney G. da Silva
São José

 

 

Comissão de Saúde fará audiência pública em Chapecó

Deputados estaduais que integram a Comissão de Saúde e representantes da Região Oeste estarão, hoje pela manhã (02), em Chapecó, para discutir a descentralização da alta complexidade em pediatria a fim de que as crianças com doenças graves consigam realizar o tratamento na região, sem ter que se deslocar para a Capital, e também sobre como está a situação da Saúde na Região Oeste

 A audiência pública inicia às 10h, no auditório da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unesc). A audiência, na prática, servirá para que os líderes políticos e os representantes da área médica, prefeitura e região conheçam a realidade de cada unidade hospitalar e discutam a redistribuição dos recursos financeiros para que hospitais possam atender crianças com doenças graves.

A iniciativa da audiência é do Deputado Dado Cherem (PSDB), que pretende fazer com que os atendimentos na área infantil sejam feitos mais rapidamente e mais perto de onde residem os pais. “Faremos um diagnóstico e, a partir daí, vamos elaborar uma proposta para o governo do Estado”, afirmou.

Com a descentralização dos recursos, os hospitais do interior poderão atuar no tratamento da alta complexidade nas áreas de oncologia, cardiologia, neurocirurgia e ortopedia, fazendo com que as famílias não tenham que trazer suas crianças para a Capital.


“Queremos levar o tratamento para mais perto das famílias, para que as crianças sejam atendidas na comunidade onde moram e possam receber os seus familiares, isso humaniza o atendimento e contribui muito para a recuperação”, explica Dado.
 

A Comissão de Saúde já fez audiência semelhante em Criciúma e fará outra em Lages (Hospital Seara do Bem), em junho.
 

Em novembro do ano passado, Dado também foi propositor de encontro semelhante em Itajaí, para tratar do Hospital Pequeno Anjo, que já possui resultados concretos: a Comissão Intergestores Bipartite (CIB) - formada pela Secretaria da Saúde e pelo Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) – já aprovou a solicitação de credenciamento da alta complexidade para o Pequeno Anjo, que já se prepara para realizar alguns procedimentos. O próximo passo é o credenciamento definitivo do Hospital junto ao Ministério da Saúde.

 

 

 


Pacientes ficam horas na fila da emergência do Hospital Regional em São José
Apenas um ortopedista atendeu nesta terça-feira (3) e pacientes com dor não receberam sequer um remédio

 

A dor e desespero de pacientes na emergência do Hospital Regional de São José se repete. Nesta terça-feira, 3, pessoas que sofreram acidentes ou precisavam fazer algum exame como um raio-x, por exemplo, ficaram horas aguardando e em muitos casos não foram atendidos. Um problema recorrente no hospital causado, principalmente, pela falta de médicos. Nesta terça-feira, um único ortopedista atendia.

“Vim na segunda-feira às 8h15, fiquei até as 18h30 e não fui atendido. Voltei no dia seguinte, fiquei novamente o dia inteiro e nada. O pior é que ninguém dá explicação, não dizem que ninguém será atendido e não é apresentado o motivo da demora. As pessoas ficam sem comer, faltam ao trabalho, estão com dor e não tem médico para atender”, relata o metalúrgico Jadson Sulivan Ribeiro dos Santos, de 28 anos, que precisa fazer um raio-x do ombro. “Eu estava na emergência e a polícia chegou com dois presidiários. Eles foram atendidos imediatamente. É triste essa realidade, é preciso estar preso para ter uma consulta”, lamenta.

O pedreiro de 61 anos, Valmir João do Nascimento, caiu da construção em que trabalhava nesta segunda. Chegou na manhã de terça-feira no hospital e no final do dia não havia sido atendido. “Estou numa cadeira de rodas porque não consigo andar, o joelho está inchado e roxo, sinto muita dor e nem sequer um remédio eu vi”, lamentava.


Valmir João do Nascimento indignado com a demora
“Tenho pena dos ortopedistas. Eles trabalham muitas vezes 24 horas, ou até mais, e ainda são criticados”, relata a responsável pela equipe de enfermagem da emergência do Hospital Regional de São José, Dinorá de Fátima Santana Lemos. A enfermeira Dinorá diz que o atendimento na emergência funciona com base na classificação de risco dos pacientes, por isso os casos mais graves são recebidos preferencialmente, mesmo já tendo pessoas esperando. “São muitos pacientes e poucos médicos para atender”, afirma.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde informou que nesta terça-feira houve demanda maior devido a casos de acidentados. Ou seja, pessoas que necessitavam de atendimento médico de emergência. Todas as salas de cirurgia permaneceram lotadas durante todo o dia.

Segundo a assessoria, todas as pessoas que permaneceram durante algumas horas na emergência são casos de doenças que clinicamente não oferecem risco de morte aos pacientes. Ainda de acordo com a secretaria, essas pessoas poderiam ter sido atendidas em postos de saúde da região e que, sem necessidade, procuram a emergência do Hospital Regional.

 

  

 


Absurdo

Não acreditei ao ouvir de um médico o que aconteceu na sala de cirurgia do Hospital Carmela Dutra em Florianópolis. Ele, indignado, dizia que procurou várias vezes a direção do hospital reclamando do ar condicionado, que fere todas as especificações de saúde, pois se trata de um aparelho de parede, que circula o ar externo na sala onde as pessoas são operadas. Não poderia estar ali. Apesar as reclamações nada de ser atendido. Na semana passada quando operava um paciente o ar parou e logo em seguida o aparelho explodiu jogando gelo para todos os lados, inclusive, no paciente. Qual foi a solução? Trocar por outro semelhante. As normas proíbem inclusive os aparelhos split. Exigem tubulação especial sem circulação de ar externo. Como foi concedido o alvará para uma sala de cirurgia funcionar sem as especificações legais? Desrespeito total. Essa é a nossa saúde, em primeiro lugar.