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SAÚDE
Um gesto de amizade para poucos

Rosmari e Osório foram casados, mas estão separados há 16 anos. No começo de 2011, médicos disseram que ele precisaria de um transplante de rim para sobreviver. A ex-mulher não titubeou em doar o órgão, o que deve ocorrer hoje de manhã, no Hospital São José. Os motivos dela: afeto por ele e amor pelos dois filhos

Uma história rara e ao mesmo tempo emocionante tomava conta ontem do segundo andar do Hospital Municipal São José, em, Joinville, na ala onde ficam pacientes que passaram por transplantes de órgãos ou esperam pela cirurgia. No quarto 307, em leito ao lado de onde está internado seu ex-marido, Rosmari da Silva Noronha, 49 anos, se preparava para entrar hoje, às 7 horas, no centro cirúrgico do hospital e doar um de seus rins a Osório Noronha, 53.

A história desperta a curiosidade e leva à inevitável pergunta: o que poderia motivar uma mulher a doar um órgão, ainda em vida, para alguém com quem deixou de ter laços familiares há 16 anos? A resposta sai da boca da educadora física com segurança e a faz ficar com os olhos marejados: “Fiz isso pela amizade e pelo amor como ser humano”.

Outros dois motivos também pesaram, e muito, na decisão de Rosmari: o medo de deixar os filhos sem pai e a vontade de proteger a filha de 30 anos, a outra doadora possível. “Quando você vê uma pessoa em hemodiálise, percebe que pode mudar a vida dela. Fiz isso também pela felicidade dos meus filhos. Não quero privá-los da companhia do pai”, conta. Ao lado dela, o corretor de imóveis Osório, aparentemente abatido pelo tratamento renal que faz há quatro anos, mal esconde a emoção ao ouvir as palavras da amiga e ex-companheira.

Osório sofre há dez anos de diabetes, que desencadeou a insuficiência renal há cinco. Ele admite que teve medo de encarar a cirurgia para transplante em um primeiro momento. Isso o levou a adiar o transplante e a ficar todo esse tempo em tratamento paliativo. Neste ano, o organismo do corretor deu um ultimato. Como a única saída seria a operação, teve início outra batalha: encontrar um doador compatível o mais rapidamente possível.

Toda a família se mobilizou, inclusive os dois filhos do casal: Aline, 30 e Maurício, 18. Mas as duas únicas pessoas compatíveis eram Aline e a ex-mulher, com quem Osório foi casado por 14 anos. As duas toparam. Mas a cirurgia de doação intervivos é desaconselhada quando há outras opções – principalmente por causa do risco que o doador pode enfrentar se também vir, um dia, a sofrer de doença renal. Ante isso, um médico sugeriu que Aline, mais jovem, não fosse a doadora.

Assim, prevaleceu a decisão de Rosmari, que a tomou também com base na amizade que ela e o ex-marido mantiveram. Gaúchos de Passo Fundo (RS), nunca deixaram de se falar após a separação, mesmo que este tenha sido um período bem difícil. Ambos se reencontraram em Santa Catarina após a separação – ele mora em Balneário Camboriú e ela, em Florianópolis, acompanhando a mudança dos filhos. Ele se casou novamente. “Para mim não foi surpresa nenhuma. Só esperava isto dela”, disse ontem Osório, bastante emocionado. Ele completa: “Vamos ter tempo ainda para dar risada juntos disto”.

AN.com.br
Você doaria um órgão para o ex-marido ou para a ex-mulher?

gisele.krama@an.com.br

 


SAÚDE
Para ele, será “vida nova”

A poucas horas da cirurgia, Osório Noronha sentia ontem dificuldades em controlar a ansiedade. Para ele, hoje será o começo de uma mudança de vida. Deixará de lado um tratamento agressivo – a hemodiálise, que fazia para filtrar as impurezas do sangue na falta dos rins – para algo que também inspira cuidados, mas deve permitir com que volte a viver normalmente.

“Depois da cirurgia, vou tocar a vida e esperar os netos. Não deixa de ser uma segunda chance”, define ele, segurando a mão da filha Aline. A perspectiva lhe dá alívio após o baque de receber a notícia de que precisaria de um transplante. “Foi triste. É uma coisa que a gente não quer. Não aceita”, lembra.

Aline conta que sempre procurou acompanhar o pai. Sendo uma das pessoas compatíveis, caso a mãe não doasse, entregaria seu rim, “sem problemas”.

 


SAÚDE
Sem medo das consequências

Apesar de admitir a ansiedade e o medo excessivo de agulhas, Rosmari afirma nunca ter se arrependido da decisão de doar um rim ao ex-marido. Com convicção, afirma não temer o impacto da doação na sua vida. Ontem, dizia “não ver a hora” de fazer a cirurgia e de segunda-feira poder sair do hospital para voltar ao dia a dia normalmente.

Ela entrará na sala de cirurgia do São José por volta das 7 horas. Uma hora depois, deve começar o procedimento para que Osório receba o órgão. A previsão é de retornarem para o quarto às 17 horas.

A educadora física está ciente e confiante, depois de conversar com os médicos, de que é grande a possibilidade de a falta de um rim não fazer diferença em sua rotina (veja quadro abaixo). “Deus nos deu dois rins para doar um”, brinca ela, que contará com o apoio dos filhos e da irmã, Tânia Mendes.

 


SAÚDE
Mais comum entre irmãos

A doação de rins por uma pessoa viva é a situação menos comum no Hospital Municipal São José, apesar de, neste ano, a maior parte das cirurgias deste tipo no Estado terem sido feitas na instituição. Das 54 cirurgias feitas no hospital até julho, em apenas 12 delas o doador estava vivo. A situação se repete no Estado: até julho, foram 20 cirurgias com doadores vivos e 127 com doadores mortos.

Segundo a supervisora do setor de transplantes do São José, enfermeira Liliani Azevedo, quando é constatada a necessidade da cirurgia, a central de transplantes mapeia a compatibilidade entre doadores disponíveis. Nos pacientes que recebem órgão de um doador falecido, o levantamento para achar um receptor é de até 30 horas entre a retirada do rim e a entrada do paciente no hospital.

No caso de intervivos – quando um parente ou amigo doa para o doente renal – há um período maior para encontrar pessoas compatíveis. A situação mais comum no São José é a doação de rins entre irmãos. “Foi a primeira vez, em dez anos, que uma mulher doa um rim ao ex-marido”, diz Liliane, sobre o caso de Rosmari e Osório. Entre casais, é mais usual mulheres beneficiarem maridos. O contrário raramente ocorre, diz Liliani. “Os homens normalmente têm medo de doar.”

 

 

UTI DO HOSPITAL REGIONAL
Sem previsão para reabrir dez leitos
Governo do Estado não sabe quando vai poder contratar mais um enfermeiro

A direção do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, de Joinville, não tem previsão de quando vai poder liberar o uso dos dez leitos da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) que estão fechados desde o dia 24 de agosto. Dos 20 leitos, apenas a metade está em funcionamento. O motivo? Faltam enfermeiros para cuidar dos pacientes. E o governo do Estado argumenta que, por enquanto, não há como contratar novos profissionais.

No dia 24 de agosto, os leitos da UTI foram fechados pela direção do hospital. Isso ocorreu após denúncias dos próprios funcionários. O Conselho Regional de Enfermagem (Coren) fez uma vistoria e constatou o problema. De acordo com uma resolução da Anvisa de 1998, a cada dez leitos de UTIs, é preciso um enfermeiro responsável. Isso não acontecia no Regional.

Segundo a procuradora do Coren no Estado, Lilian Benedet, apenas um enfermeiro se responsabilizava pelos 20 leitos. “Segundo as denúncias dos funcionários, às vezes, nos plantões de fim de semana, nem havia enfermeiros. Apenas técnicos em enfermagem”, explicou a procuradora.

Como o Coren não tem autoridade para fechar a unidade, apenas recomendou a contratação imediata de um profissional. “Mas, por enquanto, não recebemos nenhuma resposta do governo do Estado para a contratação de enfermeiros”, avisou o diretor do Regional, Renato Castro.

Com a defasagem na equipe, uma cirurgia cardíaca deixou de ser feita na semana passada porque a UTI não estava disponível. “Não estamos escondendo nada. Temos dez leitos fechados na UTI e, para cirurgias cardíacas, é obrigatório um leito disponível para emergências. Estamos no aguardo da contratação emergencial de enfermeiros para fazer os procedimentos”, afirma o diretor.

O presidente da Sociedade Joinvilense de Medicina, Ricardo Polli, lembrou que o Regional é referência em cirurgias cardíacas no Estado, e que se não houver um leito disponível na UTI, os pacientes que precisarem de procedimentos urgentes terão de ser encaminhados a Blumenau ou Florianópolis. “O que pode colocar o paciente em uma situação de risco”, acredita o médico.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde, o processo seletivo feito em março ainda está aberto para chamada de enfermeiros para a região de Joinville. Porém, não há previsão para as contratações.

caroline.stinghen@an.com.br

CAROLINE STINGHEN

 

 

UTI DO HOSPITAL REGIONAL
Sem previsão para reabrir dez leitos
Governo do Estado não sabe quando vai poder contratar mais um enfermeiro

A direção do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, de Joinville, não tem previsão de quando vai poder liberar o uso dos dez leitos da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) que estão fechados desde o dia 24 de agosto. Dos 20 leitos, apenas a metade está em funcionamento. O motivo? Faltam enfermeiros para cuidar dos pacientes. E o governo do Estado argumenta que, por enquanto, não há como contratar novos profissionais.

No dia 24 de agosto, os leitos da UTI foram fechados pela direção do hospital. Isso ocorreu após denúncias dos próprios funcionários. O Conselho Regional de Enfermagem (Coren) fez uma vistoria e constatou o problema. De acordo com uma resolução da Anvisa de 1998, a cada dez leitos de UTIs, é preciso um enfermeiro responsável. Isso não acontecia no Regional.

Segundo a procuradora do Coren no Estado, Lilian Benedet, apenas um enfermeiro se responsabilizava pelos 20 leitos. “Segundo as denúncias dos funcionários, às vezes, nos plantões de fim de semana, nem havia enfermeiros. Apenas técnicos em enfermagem”, explicou a procuradora.

Como o Coren não tem autoridade para fechar a unidade, apenas recomendou a contratação imediata de um profissional. “Mas, por enquanto, não recebemos nenhuma resposta do governo do Estado para a contratação de enfermeiros”, avisou o diretor do Regional, Renato Castro.

Com a defasagem na equipe, uma cirurgia cardíaca deixou de ser feita na semana passada porque a UTI não estava disponível. “Não estamos escondendo nada. Temos dez leitos fechados na UTI e, para cirurgias cardíacas, é obrigatório um leito disponível para emergências. Estamos no aguardo da contratação emergencial de enfermeiros para fazer os procedimentos”, afirma o diretor.

O presidente da Sociedade Joinvilense de Medicina, Ricardo Polli, lembrou que o Regional é referência em cirurgias cardíacas no Estado, e que se não houver um leito disponível na UTI, os pacientes que precisarem de procedimentos urgentes terão de ser encaminhados a Blumenau ou Florianópolis. “O que pode colocar o paciente em uma situação de risco”, acredita o médico.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde, o processo seletivo feito em março ainda está aberto para chamada de enfermeiros para a região de Joinville. Porém, não há previsão para as contratações.

caroline.stinghen@an.com.br

CAROLINE STINGHEN

 
SIMPOSIO DE MEDICINA
Desafios da ética são tema de evento

Os desafios da ética nas áreas da educação, justiça, medicina, finanças e até religião vão concentrar as discussões do 12º Simpósio Catarinense de Bioética, neste sábado, no Centro de Convenções do Hotel Bourbon, em Joinville.

Entre os palestrantes está o padre Léo Pessini, um dos principais estudiosos da bioética no Brasil. A partir do tema “Vida, morte e tecnologia: desafios éticos urgentes e emergentes”, ele promete provocar reflexões sobre o enfrentamento de perda, os avanços da tecnologia na medicina e o tratamento de doentes terminais.

Na avaliação do padre, a morte de uma pessoa próxima pode causar uma ruptura na vida de quem sente a perda, gerando traumas irreversíveis. “Com a ruptura da morte de alguém próximo, a vida requer um ajustamento, tanto no modo de olhar o mundo quanto nos planos para se viver nele”, destaca.

Segundo o religioso, o sentimento de amar também implica em permitir que as pessoas queridas partam. Essa forma de aceitação, para ele, também deve ser considerada no cuidado com doentes terminais. Nessa realidade, dor e sofrimento ganham significados diferentes.

“O enfrentamento da dor exige medicamentos analgésicos, enquanto o sofrimento pede significado e sentido”, explica. Pessini pretende explicar a natureza da medicina paliativa, em que a morte eminente é encarada com uma etapa normal.

AN.com.br

 

 

AN Jaraguá


CIRURGIAS ELETIVAS
Mutirão começa em dez dias
Consulta para quem vai operar varizes é agendada para segunda-feira

 

Os representantes das secretarias de Saúde da região acertaram, ontem, os últimos detalhes para o mutirão de cirurgias eletivas do governo do Estado. Estão programados 800 procedimentos, que devem começar em dez dias no Hospital Jaraguá. Quem vai fazer cirurgia para a retirada de varizes fará consulta na segunda-feira antes de marcar a data do procedimento. O Hospital São José não definiu quando vai começar a fazer as cirurgias porque ainda falta concluir alguns trâmites burocráticos. Os dois hospitais assinarão o convênio com a Secretaria de Estado da Saúde na segunda-feira.

Durante a reunião, ficou definido que das 250 cirurgias oftalmológicas previstas no Vale do Itapocu, apenas 50 ocorrerão nos dois hospitais. Segundo o gerente regional de Saúde Sérgio Pacheco, as outras 200 serão feitas em cidades que têm convênio com a região, como Joinville e Blumenau. “Isso é necessário por causa da falta de médicos que atendam pelo SUS nesta especialidade”, explica Pacheco. O transporte dos pacientes será de responsabilidade das secretarias municipais de saúde.

Até fim do ano, a região irá fazer 800 cirurgias nas especialidades de otorrinolaringologia (amígdalas, adenoide e cirurgia múltipla), ortopedia (joelho, membros superiores ou inferiores e retirada de material de síntese e pinos), oftalmologia (catarata) e cirurgia geral (vesícula, hérnia e varizes).

No caso da cirurgia geral, 115 pacientes farãoos procedimentos em Joinville e região. “Foi uma troca, porque a nossa região vai fazer cirurgias oftalmológicas em outras cidades”, destacou o gerente regional de Saúde. Na região, cerca de 1,5 mil pacientes estão na fila de espera somente nas especialidades previstas no mutirão. Em alguns casos, a espera é superior a dois anos. A maior demora é para as cirurgias de varizes e catarata.


daiane.vieira@an.com.br

 

 

Visor

HEMOSC NO VERMELHO
O Hemosc de Florianópolis está com o estoque de bolsas de sangue em situação crítica. Diariamente, o centro precisa de 130 doações, mas tem recebido apenas entre 70 ou 80. Esta semana, a situação ficou ainda mais crítica ainda.

Entre segunda-feira e ontem foram apenas 260 doações, média de 65 ao dia

 

 

Geral

 GERAIS
Criança pode ter pego doença após vacina

Uma criança de um ano e quatro meses pode ter desenvolvido uma paralisia após ser vacinada em Pouso Alegre (MG). O menino começou a apresentar o quadro após tomar uma das doses da vacina contra a poliomielite, em novembro de 2010, quando tinha seis meses. A suspeita foi diagnosticada em março deste ano por um neuropediatra. Esse tipo de caso é muito raro. O risco é de aproximadamente um caso a cada 3,2 milhões de doses distribuídas.

 

Política

 

SAÚDE
Presidente é contra CPMF

Dilma diz que Emenda 29 não resolve e defende usar fundo social do pré-sal para investir mais

A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que, para melhorar o sistema de saúde, será preciso conseguir mais verbas. – Você vai necessitar cada vez mais recursos para colocar na saúde, para ela ficar cada vez mais de qualidade – disse a presidente, em entrevista para rádios de Minas Gerais.

Dilma completou aos repórteres:

– Quem falar que se resolve isso sem dinheiro é demagogo.

Após entrevistas a rádios locais, Dilma participou da inauguração de um complexo siderúrgico em Jeceaba (MG). Ela afirmou que não defende a volta da CPMF.

– Por que o povo brasileiro tem essa bronca da CPMF? Porque não foi para a saúde.

Para Dilma, uma das formas que o governo pensa em financiar a saúde é utilizando recursos do fundo social do pré-sal. A presidente disse que a Emenda 29, que trata da destinação de recursos para a saúde, não irá resolver o problema. De acordo com ela, o governo já cumpre o que está determinando no projeto.

– A Emenda 29 não resolve as demandas da população por saúde de qualidade – afirmou a presidente.

A busca de uma nova fonte para financiar a saúde, depois da extinção da CPMF pelo Congresso em 2007, nunca deixou de ser discutida. Depois de eleita em 2010, Dilma disse que não enviaria um projeto recriando a CPMF, mas sinalizou que poderia apoiar proposta semelhante feita pelos governadores.

– Eu não pretendo enviar ao Congresso a recomposição da CPMF – disse ela em novembro.

Na época, disse que não era uma necessidade imediata recriar um imposto para aumentar os recursos para a saúde.

 

Jeceaba, MG

 


DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Uma espera que tem pressa


Uma história rara e ao mesmo tempo emocionante tomava conta ontem do segundo andar do Hospital Municipal São José, em Joinville, na ala onde ficam pacientes que passaram por transplantes de órgãos ou esperam pela cirurgia. No quarto 307, em um leito ao lado de onde está internado seu ex-marido, Rosmari da Silva Noronha, 49 anos, se preparava para entrar hoje, às 7h, no centro cirúrgico do hospital e doar um de seus rins para Osório Noronha, 53 anos.

A história desperta a curiosidade e leva a uma pergunta: o que poderia tê-la motivado a doar um órgão, ainda em vida, para uma pessoa com quem deixou de ter laços familiares há 16 anos? A resposta dela:

– Fiz isso pela amizade e pelo amor como ser humano.

Outros dois pontos também pesaram na decisão de Rosmari. O medo de deixar os filhos sem pai.

– Quando você vê uma pessoa em hemodiálise, percebe que pode mudar a vida dela. Fiz isso também pela felicidade dos meus filhos – conta.

Ao lado dela, Osório, abatido pelo tratamento renal que faz há quatro anos, mal esconde a emoção ao ouvir as palavras da amiga e ex-companheira. Ele sofre há 10 anos de diabetes, que desencadeou a insuficiência renal há cinco. Ele admite que teve medo de encarar a cirurgia para transplante em um primeiro momento. Isso o levou a postergar o procedimento. Neste ano, o organismo do corretor deu um ultimato. Como a única saída seria a operação, teve início outra batalha: encontrar um doador compatível. Toda a família se mobilizou, inclusive os dois filhos do casal. Mas as duas únicas pessoas compatíveis eram a filha, Aline, e a própria ex-mulher, com quem Osório foi casado por 14 anos.

As duas toparam, mas a cirurgia de doação intervivos é desaconselhada quando há outras opções, principalmente por causa do risco que o doador pode enfrentar se também vir, um dia, a sofrer de doença renal. Diante disso, o médico sugeriu que Aline não fosse a doadora.

Assim, prevaleceu a decisão de Rosmari, que a tomou também com base na amizade que ela e o ex-marido mantiveram mesmo depois do divórcio. A convivência durante o casamento e após separação contou neste momento. Gaúchos de Passo Fundo (RS), nunca deixaram de se falar após o divórcio. Ambos se reencontraram em Santa Catarina após a separação – ele mora em Balneário Camboriú e ela, em Florianópolis, acompanhando a mudança dos filhos.

– Para mim não foi surpresa nenhuma. Só esperava isto dela. Vamos ter tempo ainda para dar risada juntos disto – disse Osório.

diario.com.br
> Você doaria órgão enquanto vivo para alguém que não fosse da sua família?

gisele.krama@an.com.br


GISELE KRAMA | Joinville

 


DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Sem medo do que está por vir

Apesar de admitir a ansiedade e o medo excessivo de agulhas, Rosmari Noronha afirma nunca ter se arrependido da decisão de doar um rim ao ex-marido.

Com convicção, afirma não temer o impacto da doação na sua vida. Ontem, dizia “não ver a hora” de fazer a cirurgia e de, na segunda-feira, poder sair do hospital para voltar ao dia a dia normalmente.

Ela entrará na sala de cirurgia do Hospital São José por volta das 7h. Uma hora depois, deve começar o procedimento para que Osório Noronha receba o órgão retirado dela. A previsão de retornarem para o quarto é por volta das 17h.

A educadora física conversou com os médicos e foi tranquilizada quanto ao fato de viver com apenas um rim. A resposta foi de que não fará diferença em sua rotina. Poderá continuar com o seu trabalho e fazendo o que gosta.

– Deus nos deu dois rins para doar um. Vale a pena e todo mundo deveria fazer. Não só para parente – disse.

 

 

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Esperança e rotina

Para Rosilene Ghisi, 38 anos, ontem foi dia de fazer a mala. Ela se preparava para sair de Florianópolis e retornar para casa, em Tubarão, depois de 20 dias fora.

A rotina dela tem sido assim há pelo menos dois anos, quando descobriu que a filha Rayssa, seis anos, tinha leucemia. O diagnóstico veio em um 1o de setembro de 2009. A menina, então, que é de Tubarão, começou a quimioterapia, no Hospital Infantil, na Capital. Hoje, aguarda a doação de uma medula óssea compatível com a dela.

– Eu sempre digo que moro aqui e passeio em casa – observou Rosilene, enquanto a filha dormia na cama do hospital, depois de tomar as medicações.

Rayssa precisa ser levada toda semana ao Infantil, para o tratamento. Além disso, a qualquer sinal de alerta, as duas precisam voltar à Capital.

– Uma febre pode ser fatal. Semana passada, tínhamos chegado em casa quinta-feira, porque meu outro filho, de 19 anos, estava com saudade e queria me ver. Na sexta-feira, notei que ela estava com as gengivas sangrando, começou a febre e quando foi 3h da manhã de sábado, estava vindo correndo para cá – relembra a mãe, que depende de carona para vir a Florianópolis.

Rosilene conta que a filha já foi mais alegre. Num primeiro momento do tratamento, Rayssa chegou muito perto de ficar bem. Infelizmente, as plaquetas diminuíram de novo e o transplante passou ser a única solução.

– Ela era mais falante, mais ativa. Agora sinto que ela fica deprimida, porque com seis anos já entende o que se passa. Tem dias que ela não quer falar com ninguém.

Rosilene, que parou de trabalhar para ficar com Rayssa no hospital, sabe que a vida seguirá assim até a medula compatível aparecer.

 


DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
O alívio veio para o menino Cauê

Aos dois anos, Cauê Suzin, de Concórdia, já deu provas que tem vontade de viver. Ele nasceu com uma doença no coração conhecida como miocardiopatia congênita. Quando bebê, passou por um tratamento no Hospital do Coração em Porto Alegre, o que não foi suficiente para levar uma vida normal. A saúde do garoto chegou ao limite, há três meses, e os médicos do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, deram o diagnóstico: Cauê só seria salvo com um transplante.

A partir daí, ele passou 52 dias na UTI entubado e sedado. Esta foi a única maneira de mantê-lo vivo depois que ele sofreu quatro paradas cardíacas. Há um mês, conseguiu um doador. A cirurgia foi em 28 de julho e durou mais de cinco horas. Hoje, o garoto continua internado na UTI, onde ainda se recupera do transplante.

Para estar sempre perto do filho, a mãe Viviane Suzin, 37 anos, mudou-se para São Paulo. Alugou um apartamento próximo ao InCor. Ela também usou as redes sociais para contar a história do menino e, com isso, tentar conscientizar as pessoas da importância da doação de órgãos. Transplante de coração em crianças é raro no Brasil, porque o doador tem que estar em morte cerebral para que órgão possa ser reimplantado. Em 2007, houve 11 cirurgias deste tipo, entre crianças de zero a cinco anos. De lá para cá, o número caiu. Foram oito em 2008, quatro em 2009 e duas em 2010. No caso de Cauê, o órgão doado precisava ser compatível com as características físicas dele: 80 centímetros e 10 quilos. A chegada de um coração foi vista pela família como um milagre

 

 

 

 


Saúde

Não é à toa que a Secretaria da Fazenda, que comemora o recorde da arrecadação em agosto – acima de R$ 1,3 bilhão –, vibra com os R$ 134 milhões do Revigorar 3, que facilita a quitação de débitos de ICMS e IPVA.

É que depois de descontados os R$ 33,5 milhões dos municípios, R$ 100 milhões vão, de forma exclusiva, para a saúde. Havia o temor de problemas no caixa do setor, maior demanda da sociedade.

 

 


Emergência do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres funciona até o dia 30  

 Não é novidade que o serviço de emergência do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres só funciona com medidas paliativas. Os médicos exigem mais estrutura e pagamento da hora de plantão e da hora sobreaviso. O hospital alega falta de condições financeiras para manter o funcionamento sem recursos do Governo do Estado e da Prefeitura de Lages, e por várias vezes o serviço, que atende toda a Serra Catarinense já foi paralisado. 

Até dia 30 deste mês o serviço funciona normalmente, mas depois dessa data pode fechar caso as secretarias municipal e estadual da saúde não definam as condições de funcionamento da emergência e do sobreaviso do hospital.

O presidente regional do Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (Simesc), Fernando Pagliosa, afirma que depois da última paralisação do serviço que ocorreu em maio, ficou definido que a greve acabaria se dentro de 120 dias os gestores estadual e municipal da saúde, achassem uma solução a médio ou longo prazo para o serviço continuar.

 “Faltam 29 dias para o prazo acabar e até agora nada foi dito, pelo menos oficialmente. Se o prazo acabar e nada for comunicado, vamos nos reunir com os médicos para decidir o que faremos”, explica.

 Ele destaca que pode ser que a categoria decida pela paralisação da emergência novamente. “Abrimos mão de algumas reivindicações, em função do compromisso que os secretários municipal e estadual de saúde, fizeram. Não queremos que a todo momento o serviço pare, deixe a população sem atendimento e os médicos sem pagamento do que é de direito deles”, completa.

 Pagliosa lembra que há dois anos, os médicos não pedem reajuste da hora de plantão e de sobreaviso. “Pedimos R$ 80,00 pela hora plantão e um terço deste valor, pela hora de sobreaviso. Não estamos pedindo aumento”, diz o médico.

 Atualmente, a emergência funciona com cinco especialidades: clínico geral, cirurgião geral, cirurgião vascular, anestesiologista e ortopedista. Os médicos querem manter essas especialidades e aumentar outras para o sobreaviso. “Queremos tranquilidade para trabalhar e a população quer um bom atendimento. Não dá mais para a cada seis meses, o serviço ter que parar para medidas serem tomadas”, lamenta.

 Ele ressalta que o primeiro responsável em manter o serviço é o município e que se ele alega que não tem como manter, deve então resolver a questão. “O Estado deve achar uma solução para este problema que já virou uma constante do hospital”, diz.

 Pagliosa lembra que no dia 23 de setembro, haverá uma audiência na justiça do trabalho contra o hospital. “Movemos uma ação contra o hospital, para garantir o pagamento do sobreaviso juridicamente. Na primeira audiência, o hospital garantiu que paga se tiver ajuda do Estado e município. Agora na segunda audiência, foram convocados o governador e prefeito para que seja exposta uma solução. Até lá esperamos que já tenha”, finaliza.

 O diretor administrativo do hospital, Canísio Winkelmann, afirma que o serviço só continua se o Estado e município repassarem recursos, pois o hospital não tem como manter a emergência somente com recursos próprios.

 O secretário municipal de saúde, Juliano Polese, não foi encontrado para falar sobre o assunto, mas através de assessoria informou que só pode atender na segunda-feira, pois está resolvendo problemas pessoais. O secretário estadual da saúde, Dalmo Claro de Oliveira, estava viajando e não foi encontrado.