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HOSPITAL SÃO JOSÉ
No limite
Superlotação da emergência faz direção suspender cirurgias eletivas e atendimento a pacientes de outras cidades

O pronto-socorro do Hospital Municipal São José, de Joinville, está em um estado tão crítico de superlotação que a direção decidiu cancelar cirurgias eletivas, restringir o atendimento apenas a casos de emergência e urgência e suspender o atendimento a pacientes de cidades vizinhas.A assessoria de imprensa do hospital divulgou, na manhã de ontem, um comunicado das determinações às secretariais municipais de saúde. Segundo o diretor-geral do hospital, Tomio Tomita, as medidas restritivas devem durar pelo menos três dias, para que a unidade possa atender a pacientes em estado grave que aguardam por cirurgia.

A situação deve dificultar ainda mais o acesso de pessoas como Domingos dos Santos, de 59 anos, morador de Itapoá. Domingos caiu e quebrou o joelho no dia 20 de agosto e foi encaminhado para o São José, em Joinville. A cirurgia ocorreu no dia 1° de setembro. Nesta segunda-feira ele teve a consulta de retorno e não saiu mais do hospital. “O médico me atendeu e constatou uma trombose. Estou recebendo medicação, mas até agora não sei se vou passar por outra cirurgia.”

Domingos era um dos pacientes que estavam em macas espalhadas pelos corredores do pronto-socorro, que tem 43 leitos, mas trabalha acima da capacidade e não conseguia comportar 105 pacientes que estavam no setor ontem, por volta das 15h30.

Até os vãos sob as escadas foram transformados em leitos improvisados. Cerca de 40 pacientes aguardavam atendimento em cadeiras na sala de medicação. Treze macas das ambulâncias do Samu e dos Bombeiros foram emprestadas e serviram como camas.

 

Falta pessoal no Regional

Segundo o chefe de enfermagem do pronto-socorro do São José, Arnoldo Boege Junior, a falta de clínicos no pronto-atendimento do Hospital Regional, ontem pela manhã, foi um dos fatores que contribuíram para o aumento da demanda, que normalmente já é grande para a capacidade. “Temos dois clínicos, um cirurgião e um ortopedista por turno, e já tenho três funcionários afastados por problemas de estresse e depressão por trabalharem nessas condições”, reclamava Boege.

Segundo a direção do Hospital Regional, o pronto-socorro da unidade ficou sem clínico geral das 7 às 9 horas de ontem. Isso porque um dos clínicos que deveria trabalhar no turno da manhã apresentou atestado médico e o outro estava em um procedimento de emergência em outro hospital e chegou atrasado. A direção do Regional diz que após as 9 horas o atendimento foi normalizado e lembrou que está realizando processo seletivo para contratar oito novos clínicos e quatro cirurgiões. A intenção é completar o quadro funcional, para manter a escala de dois clínicos, um cirurgião e um ortopedista por turno.


HOSPITAL SÃO JOSÉ
Solução depende de obras

A lotação no São José pode ser resolvida com a conclusão das obras do quarto andar e do Complexo Ulysses Guimarães, construído anexo à unidade. Segundo o diretor-presidente do São José, Tomio Tomita, as obras estão sendo retomadas, mas ainda não há previsão de entrega. “A estrutura física deve ficar pronta até o fim do ano, mas o início das operações dependerá da compra do equipamentos.”

Quando for ativado, o Complexo contribuirá com outros 101 leitos. Trinta novas vagas de UTI serão criadas e representarão um aumento de 214% da capacidade atual de atendimento. A reforma do quarto andar deve somar mais 36 leitos aos 260 atuais do São José.

 
HOSPITAL SÃO JOSÉ
PA Norte sem três técnicos

Outra unidade de saúde de Joinville enfrenta problemas no atendimento. A falta de três técnicos de enfermagem no PA Norte, no bairro Costa e Silva, causa transtornos para os pacientes. Os serviços, desde o início desta semana, estão sendo parciais. Os servidores estão afastados por motivo de saúde, dois deles em licença-maternidade.

A Secretaria de Saúde informou ontem à tarde que técnicos aprovados no último processo seletivo serão chamados para repor as ausências. Mas não há um prazo para que a situação se normalize. Segundo informações da assessoria de imprensa, vai depender do processo de contratação dos três funcionários.

Enquanto isso, quando houver superlotação, os casos menos urgentes são encaminhados ao PA Leste ou Sul.

Atualmente, o PA Norte atende a cerca de 9 mil pacientes por mês (300 pessoas por dia).

 
SAMU
Veículo equipado está emprestado em Joinville

Desde sexta-feira, os acidentes podem ser atendidos com um veículo especial. Uma caminhonete vinda de Lages está em teste nos fins de semana e ficará entre Joinville e Florianópolis por três meses, até que seja decidido se ele fica aqui ou se volta para Lages. Munidos de maca, colete cervical e uma mochila com equipamentos, os profissionais têm condição de fazer um atendimento mais rapidamente. Em dois dias de serviço, foram atendidos 21 acidentes, cinco deles graves.


 

AN Jaraguá


SAÚDE PÚBLICA
A dor da perda precoce
Para casal, negligência no atendimento médico causou morte do filho de dez meses

A alegria de Gabriel Santenor Evangelista Greuel, de dez meses, vai ficar só na lembrança da doméstica Marli Evangelista, 39 anos, e do jardineiro Reinaldo Greuel, 33. Segundo o casal, o filho morreu no sábado após ser atendido no PA 24 Horas de Corupá. Conforme o atestado de óbito, Gabriel morreu de parada cardíaca, insuficiência respiratória e pneumonia.

Na madrugada de sábado, Marli notou que o bebê não estava bem. Ela e o marido foram com Gabriel à unidade, onde foram atendidos por um clínico-geral. Segundo a mãe, o médico descartou a possibilidade de o garoto ter pneumonia.

“A consulta foi bem rápida. Ele só olhou o ouvido e disse que o problema era ouvido e garganta. Perguntamos se haveria problemas com o pulmão, e o médico disse que não”, lembra Marli. O casal diz que o médico receitou três medicamentos e não pediu nenhum exame de raio X.

Em casa, após medicar o filho, Marli percebeu que ele começou a piscar muito e ficou com a barriga inchada. Os pais voltaram ao PA, mas dizem que teriam sido informados que o caso deveria ser atendido no Hospital Jaraguá. “O médico nem nos atendeu, só deu uma olhada do lado de fora da sala dele”, conta a mãe.

O casal levou o filho de carro até Jaraguá. Eles chegaram ao hospital perto das 14 horas. Gabriel passou por exames e fez um raio X e às 19 horas teve de ser levado à UTI. Após quatro horas, eles receberam a notícia de que o filho estava morto. “Fizeram de tudo, mas não conseguiram salvar o meu filho”, lamenta a mãe.

A família afirma que houve negligência no atendimento no PA. “Um dos remédios receitados, o Mucofan, é indicado apenas para crianças maiores de dois anos”, diz a mãe. O casal questiona ainda o fato de não ter sido pedido um raio X e de o PA não ter oferecido a ambulância para levar o bebê até Jaraguá.

Saiba mais

Um pediatra, que preferiu não se identifi car, diz que o Mucofan é um medicamento considerado seguro também para crianças com menos de dois anos. Mas destacou que é preciso considerar a idade e o peso do bebê para que seja ministrada a dosagem adequada, conforme a indicação médica.

  


SAÚDE PÚBLICA
Caso será analisado por comitê

A administradora do pronto-atendimento, Karla Eliane Kramer, contesta a informação de que o médico não quis atender ao bebê. Segundo ela, a equipe de enfermagem que estava de plantão no sábado alega que os pais recusaram-se a ser atendidos pelo mesmo médico quando foram à unidade pela segunda vez. “Como ele era o único que estava de plantão, a família foi orientada a procurar o Hospital Jaraguá”, afirmou.

Karla também afirma que o transporte de ambulância não foi oferecido porque os pacientes devem passar primeiro pela consulta médica. Ela informou que o raio X não foi solicitado porque é oferecido por uma clínica terceirizada e só funciona de segunda a sexta. “No fim de semana, encaminhamos para Jaraguá do Sul”, lembra Karla.

Sobre a acusação de que o médico teria descartado pneumonia sem pedir o raio X e de que o remédio não era indicado para Gabriel, Karla diz que o caso será analisado pelo Comitê Regional de Saúde, com integrantes da Associação dos Municípios do Vale do Itapocu (Amvali).

O secretário de Saúde de Corupá, Alceu Gilmar Moretti, disse ontem que o caso será investigado, mas que não há previsão para a conclusão da análise. Quanto à possibilidade de erro médico, ele ressalta que não pode opinar sobre o diagnóstico. “Temos que analisar bem o que aconteceu para não cometer uma injustiça contra o profissional”, argumentou. Ontem, o médico que atendeu Gabriel não foi encontrado para falar do caso.

O pai registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Corupá. Segundo o policial Maurício Francisco, o inquérito deve ser aberto só depois da conclusão da análise do comitê de saúde.

O casal pretende levar o caso à Justiça. “Se for preciso, vamos processar o PA. Isso não vai trazer Gabriel de volta, mas vai evitar que outras pessoas passem por isso”, disse o pai. O casal tem mais três filhos.

 


Hospital São José suspende cirurgias eletivas e atendimento a pacientes de outras cidades
Superlotação voltou a se registrar em consequência da falta de médico no Regional
Fabrício Porto/ND

Samu e Corpo de Bombeiros tiveram, novamente, de "emprestar" macas ao Hospital São José

Pelo menos até esta quinta-feira (15), as cirurgias eletivas que deveriam ser realizadas diariamente no Hospital Municipal São José, referência em ortopedia, oncologia, neurologia e traumatologia, estão canceladas. O motivo: a rotineira superlotação, piorada desta vez pela falta de médico no Hospital Regional. Somente cirurgias emergenciais serão realizadas enquanto houver mais pacientes que leitos. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, a vinda de pacientes de outras cidades também fica suspensa enquanto a superlotação não for reduzida. Apenas casos de emergência de Joinville serão recebidos no pronto-socorro do hospital.

No começo da tarde desta quarta-feira (14), a equipe do pronto-socorro se revezou no atendimento de 92 pacientes internados, 13 em observação e de outros casos de pequena e média complexidades.O enfermeiro Hamilton Correia Vargas, líder da área dois do pronto-socorro, diz que atualmente o hospital tem 43 leitos destinados para internação no PS – menos do que a metade da ocupação desta quarta.

"Pela manhã, o (Hospital) Regional estava sem clínico e sobrecarregou o São José. Além disso, pedimos para que os pacientes de menor complexidade não venham para os hospitais, para que procurem os postos de saúde e pronto-atendimentos”, destacou. Segundo ele, serão necessários pelo menos três dias para que o atendimento no São José volte à normalidade e as cirurgias eletivas sejam novamente realizadas.

Por conta da superlotação, novamente ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville ficaram retidas por algumas horas esperando a liberação das macas ocupadas pelos pacientes.

Contratações no Regional

O Hospital Regional Hans Dietter Schmidt, no Boa Vista, ficou sem atendimento clínico geral por duas horas nesta quarta-feira. Um dos plantonistas do turno das 7 às 13h apresentou atestado médico e o outro precisou atender em outra unidade de saúde até as 9h.

Para normalizar definitivamente o atendimento no Regional, a direção realiza até o dia 23 um processo seletivo para contratação de oito clínicos gerais, quatro cirurgiões gerais e 12 auxiliares de enfermagem. Para os médicos, o salário oferecido é de R$ 4,2 mil, mais gratificação de R$ 600 por atendimento na UTI e na emergência e auxílio-alimentação.

Para os auxiliares de enfermagem, o salário oferecido é de R$ 1.050 e auxílio-alimentação. As inscrições podem ser realizadas site da Secretaria de Estado da Saúde - www.saude.sc.gov.br -, no link “Concursos e seleções”, ou no hospital, na rua Xavier Arp, s/nº, Boa Vista.