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OPINIÃO DE A NOTÍCIA
Falta de heliponto

A saúde pública em Joinville continua sendo um grande problema para os gestores do município. Num contexto de imensas dificuldades estruturais, o Hospital São José, com certeza, é um desafio à parte. Se não bastassem as carências de infraestrutura conhecidas, agora surge mais uma: o hospital não possui heliponto. Sem o espaço para pouso e decolagens de helicópteros, que salvam vidas transportando doentes graves, a situação tende a piorar.

Até o fim de dezembro, o terreno onde vai ser construído um supermercado, próximo ao hospital, servia de ponto de apoio para pousos e decolagens. Agora, com o início de obras naquele local, na avenida Getúlio Vargas, até isto se perde.

A rigor, observa-se que o prédio do Hospital São José foi concebido na época em que Joinville era bem menor e preocupações desta natureza inexistiam. Atualmente, qualquer hospital de médio porte, em cidades até bem menores, é projetado com este espaço, adequando-se aos que precisam de socorro imediato.

Não está em questão o serviço oferecido pelos funcionários, que se desdobram para assegurar qualidade no atendimento dos pacientes no hospital de referência. Cobra-se é agilidade para garantir serviço essencial à comunidade. A demora na conclusão do complexo Ulysses Guimarães, que previa um heliponto no seu planejamento inicial, é entrave adicional a exigir solução no curtíssimo prazo.

 

Geral


SÃO JOSÉ
Sem opção de chegar pelo ar

Heliponto do hospital está longe de sair do papel. Alternativa só em outras unidadesO Hospital Municipal São José, que recebe pacientes de toda a região, não pode receber pacientes pelo ar, e a previsão é de que a situação continue assim por alguns meses, talvez anos.

Até o dia 30 de dezembro, o helicóptero da Polícia Militar costumava pousar num estacionamento na avenida Getúlio Vargas, quase sempre com vítimas de acidentes. Os pacientes atravessavam a avenida em ambulâncias em questões de minutos. Mas o local dará lugar a um supermercado, e não há sequer um projeto ou recursos garantidos para a construção de uma base de pouso perto do hospital.

O que existe é um sonho da direção do hospital de construir o heliponto sobre o Complexo Ulysses Guimarães, que continua em obras, sem prazo de entrega.

“Enquanto isso, pacientes em estado grave estão sujeitos a perder a vida em minutos preciosos que poderiam ser economizados se a vítima fosse transportada de helicóptero”, diz o comandante da 2ª Companhia do Batalhão de Aviação da Polícia Militar, Nelson Coelho.

Em média, 20 pacientes eram transportados por mês para o São José de helicóptero. “Dos 342 resgates realizados em 2011, cerca de 80% eram pacientes em estado grave, a maioria vítimas de acidentes, que eram levadas para o São José, que é referência em trauma”, diz Coelho.

Agora, antes de decidir para onde levar o paciente, é preciso levar em conta uma série de fatores. As primeiras opções são o Hospital Regional e o complexo da Unimed, este último para pacientes que tenham planos de saúde.

A terceira opção, para situações em que o estado de saúde do paciente não seja tão grave, é pousar a aeronave no 8º Batalhão da Polícia Militar, na rua Aquidaban, a 2,5 km do São José. Do quartel, os pacientes serão transportados para o hospital em ambulâncias dos bombeiros ou do Samu.

Prevendo que ficariam sem local improvisado de pouso, no estacionamento que dará lugar ao supermercado Bistek, a 2ª Companhia de Aviação da PM chegou a propor, em julho do ano passado, um projeto, orçado em R$ 258 mil, com prazo de execução de 90 dias, que previa a construção de uma estrutura pré-moldada, com dois andares de estacionamento e heliponto no topo. Mas a sugestão foi rejeitada pelo hospital.

mariana.pereira@an.com.br

  

SÃO JOSÉ
Obra só depois de concluir o complexo

A construção do heliponto, prevista para ser entregue em maio de 2006, até hoje sequer existe formalmente no papel. A maquete do Complexo Ulysses Guimarães, de 2004, de fato contava com um heliponto. Mas o projeto, entregue ao Ministério da Saúde, para a liberação de R$ 7,4 milhões para a obra orçada em R$ 15,7 milhões, não contemplava a construção da base de pouso no topo do prédio. Por isso, ainda será necessário elaborar o projeto, captar recursos e licitar a obra, que deve custar mais de R$ 570 mil.

Além disso, segundo o diretor do hospital, Tomio Tomita, não compensa construir o heliponto antes da conclusão das obras do Ulysses Guimarães, porque o elevador, por exemplo, terá que estar funcionando para que o paciente possa chegar à emergência do hospital.

“A segunda etapa do Ulysses Guimarães está bastante adiantada. A expectativa é de que a parte do pronto-socorro fique pronta ainda este ano”, afirma Tomita, referindo-se aos dois pavimentos do prédio anexo ao hospital destinados ao atendimento emergencial, com leitos de observação e ortopedia, além de uma área para atender a vítimas de possíveis catástrofes.

Os outros dois pavimentos destinados a leitos de internação e 30 leitos de UTI, e a área do um novo centro cirúrgico que contará com quatro salas e a mais moderna sala de esterilização do Estado, permanecem sem prazo de entrega.

“Falta colocar piso, concluir a instalação elétrica, o sistema de ar refrigerado. E ainda faltam R$ 17 milhões em equipamentos e móveis, recursos que estamos pleiteando junto ao Ministério da Saúde”, pontua Tomio.

Para ao heliponto, no fim do ano passado, os vereadores aprovaram recursos no orçamento de 2012 para a construção. Mas ainda não há nenhum recurso disponível ou licitação em curso para a elaboração do projeto e execução da obra.

 


SAÚDE PÚBLICA
Ultrassom é problema crônico
Falta de profissionais e de equipamentos não deixa a fila andar no Regional

A fila para exames de ultrassonografia em Joinville voltou a dar dor de cabeça em quem está na espera. Pacientes como o ex-vereador Arlindo Leite, 66 anos, aguardam há meses pelo exame. “Fui a uma consulta em outubro e, desde lá, dizem que não tem previsão. Ontem, fiz uma nova tentativa e mais uma vez me disseram que não há data para eu ser atendido”, reclama.

Falta de equipamentos e de profissionais – são necessários médicos formados para operar a máquina, diferente do raio-X, que pode ser feito por um técnico – são os motivos do problema que volta e meia se intensifica, segundo o Hospital Regional, administrado pelo governo do Estado e pela Secretaria Municipal de Saúde.

Até ontem, a fila para ultrassons no Regional era de 2.138 pacientes, uma média de 135 por mês. Para o diretor do hospital, Renato Castro, o número é baixo e se deve ao fato de a unidade ter apenas um aparelho e um profissional capaz de operá-lo. “Tínhamos outros dois radiologistas, que deixaram o hospital no ano passado. Sobrou só um”, afirma.

Para resolver o problema, Castro diz que pediu ao governo do Estado mais quatro médicos radiologistas ou ultrassonografistas (capazes de operar o aparelho) e mais cinco equipamentos de ultrassom. “Pedi a mais para ver se vem pelo menos alguns”, diz. O diretor espera que as melhorias cheguem com a reforma da unidade, prevista para este ano. O investimento será de R$ 5 milhões.

Segundo o secretário regional Bráulio Barbosa, há entendimento do governo do Estado e pressão para que os pedidos sejam atendidos ainda em 2012.

 


SAÚDE PÚBLICA
Mesma situação na Prefeitura

A fila para ultrassons também é problema para a Secretaria Municipal de Saúde. O número de pacientes, que era de 19 mil em 2010, chegou a cair para nove mil, com a contratação de clínicas particulares para atendimentos pelo SUS. Mas a perda de profissionais em uma das clínicas e pane no único equipamento da secretaria, durante três meses, em 2011, fizeram o ano terminar com uma fila de 12 mil pacientes.

Segundo Michele de Souza Andrade, gerente de planejamento, controle, avaliação e auditoria, da Secretaria Municipal de Saúde, a falta de profissionais é o problema mais pontual. “Temos dois médicos operando o ultrassom na Policlínica do Boa Vista. O ideal seria ter quatro”, diz.

O pagamento do ultrassom pelo SUS seria um dos motivos que afasta profissionais, de acordo com Michele. “O SUS paga R$ 25 por procedimento, enquanto a iniciativa privada paga o dobro ou o triplo (R$ 50 a R$ 75)”, argumenta. O fato de a secretaria ter apenas um aparelho, na policlínica, obriga a contratação de exames em clínicas particulares. Mesmo assim, uma das três clínicas que atendem o Município também perdeu médicos no ano passado e teve de reduzir a produção de exames de 1,2 mil para 120 exames por mês.

A Secretaria Municipal encaminhou no fim de 2011 pedido ao Ministério da Saúde para compra de mais um equipamento de ultrassom, mas ainda não teve resposta. Segundo Michele, um aparelho a mais é necessário caso ocorra pane no que está em funcionamento. O preço dos equipamentos varia entre R$ 60 mil e R$ 200 mil, dependendo da qualidade de imagem que consegue produzir.