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Viver Bem


CÂNCER DE MAMA
Autoexame não basta
Acompanhamento médico é vital para prevenir o câncer de mama

Os números não são nada animadores: segundo o estudo mais recente do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 52.680 brasileiras poderão desenvolver câncer de mama esse ano. A taxa de risco é de 52 casos a cada 100 mil mulheres. Ainda de acordo com o instituto, a prevenção primária dessa neoplasia não é totalmente possível, em função da variação dos fatores de risco e das características genéticas envolvidas em sua origem. Os dados servem de alerta para as mulheres que têm o costume de adiar os exames clínicos e a mamografia, principais estratégias de rastreamento precoce da doença, segundo o Ministério da Saúde. Quanto mais cedo for identificado, maiores são as chances de cura.

Relativamente raro abaixo dos 35 anos, após essa idade, a taxa de incidência de câncer de mama feminino aumenta rápida e progressivamente.

“Grande parte dos casos são diagnosticados já em estágios avançados”, afirma o oncologista Amândio Soares.

Uma das causas, segundo os especialistas, pode ser a falsa segurança gerada pelo autoexame.

“Existem estudos que questionam a eficiência do autoexame, pois ele costuma indicar apenas tumores já bastante desenvolvidos, além de gerar uma insegurança desnecessária quando a mulher encontra glândulas ou nódulos benignos”, explica o médico.

O Ministério da Saúde, baseado no Controle do Câncer de Mama (2004), recomenda que o exame clínico anual seja feito a partir dos 40 anos. O exame clínico é feito a partir do apalpe das mamas, assim como o autoexame. Porém, feito por profissionais treinados faz diferença, uma vez que são capazes de identificar nódulos de até um centímetro, caso sejam superficiais. Já para as mulheres entre 50 e 69 anos, a recomendação inclui um exame mamográfico a cada dois anos.

Para as mulheres do grupo de risco elevado, o Ministério indica exame clínico e mamografia anualmente a partir dos 35 anos. Integram o grupo mulheres com histórico familiar de câncer de mama em parentes de primeiro grau antes dos 50 anos de idade, com histórico familiar de câncer de mama ou com diagnóstico de lesão mamária. Mulheres que tiveram a primeira menstruação precoce, menopausa tardia (após os 50 anos), primeira gravidez após os 30 anos ou que não tiveram filhos também apresentam fatores de risco para o câncer de mama. O uso de anticoncepcionais orais, terapias de reposição hormonal e a alta densidade do tecido mamário (razão entre o tecido glandular e o tecido adiposo da mama) já são fatores de risco estabelecidos segundo o Inca.

“Devido ao grande número de fatores de risco, além daqueles que ainda não foram detectados ou comprovados, o melhor é que o exame clínico seja feito anualmente a partir da primeira menstruação”, recomenda Soares.

Apesar da impossibilidade de prevenção total, a combinação de alguns hábitos saudáveis com os exames pode diminuir as chances de desenvolvimento do câncer. Não fumar, manter a alimentação adequada, a prática regular de exercícios físicos e cuidar do peso corporal são medidas básicas para prevenir qualquer tipo de câncer. No caso do câncer de mama, o ato de amamentar também está associado a um menor risco de contrair a doença.

“Não basta adotar um estilo de vida saudável somente quando é feito o diagnóstico”, alerta o oncologista Stephen Stefani, do Instituto do Câncer Mãe de Deus.

Segundo o médico, hábitos saudáveis de alimentação trazem beneficio quando adotados por toda uma vida. Mudanças radicais sem orientação podem até dificultar o manejo do paciente.

Como prevenir

- Controle seu peso: dieta equilibrada e prática regular de exercícios físicos é uma recomendação básica para prevenir o câncer de mama, já que o excesso de peso aumenta o risco de desenvolver a doença.

- Evite o consumo de álcool: mesmo em quantidade moderada, é contraindicado o consumo, pois é fator de risco para esse tipo de tumor, assim como a exposição a radiações ionizantes em idade inferior aos 35 anos.

- Deixe seus exames em dia: marque visitas regulares ao ginecologista. O exame das mamas feito pela própria mulher não substitui o exame físico realizado por profissional de saúde (médico ou enfermeiro) qualificado para essa atividade, além das mamografias.


 


DETOX
A dieta da moda
Detox, a nova dieta das celebridades, tem aprovação de quem já fez, mas divide opiniões de especialistas


As dietas desintoxicantes, conhecidas como detox, permeiam a medicina chinesa há milênios, mas caíram no gosto popular depois que estrelas como a atriz Gwyneth Paltrow e a cantora Beyoncé enxugaram os quilos extras à base de sucos, água mineral e chás de efeito laxante. A partir daí, o perigo passou a rondar a saúde de milhares de ocidentais que, por conta própria, buscam o corpo perfeito em um cardápio hipocalórico (com menos calorias do que o exigido pelo ritmo normal de cada pessoa) e absolutamente pobre do ponto de vista nutricional. Médicos nutrólogos que indicam os métodos de desintoxicação orgânica alertam que o objetivo deles é eliminar as substâncias nocivas que entram no organismo pela ingestão de alimentos não saudáveis. Esses especialistas são unânimes: as detox devem ser bem indicadas e fazem parte de um planejamento detalhado, que avalia necessidades individuais.

O médico naturalista Augusto Vinholis diz que a expressão “detox” é apenas um modismo. A verdadeira desintoxicação orgânica demanda um programa no qual a restrição alimentar é apenas o primeiro passo para se tratar doenças nem sempre percebidas e educar o organismo para a ingestão de produtos benéficos, conquistando qualidade de vida.

Segundo ele, todos os dias as pessoas entram em contato com elementos venenosos para a máquina humana. Entre os vilões estão o açúcar, o sal, o álcool, as gorduras, o ar poluído, o cloro da água tratada, os conservantes, os resíduos da carne vermelha, as noites maldormidas, o estresse e tudo o que prejudica corpo e mente. “A simples ingestão de líquidos não traz benefícios. A dieta deve ser feita por cinco dias, com acompanhamento médico”, pontua.

Vinholis explica que práticas terapêuticas como shiatsu, massagem linfática, ginástica, hidroterapia, ventosaterapia, acupuntura auricular, hidrocolonterapia e massagem ayurvédica são essenciais para o tratamento. São elas que facilitam a faxina, a retirada das toxinas nos órgãos.

“Com a dieta orientada, o corpo entra em repouso, fica limpo. As terapias complementares proporcionam a revitalização. Feito em clínicas, o programa de desintoxicação é uma UTI natural. O paciente tem atenção 24 horas por dia. O corpo reage às mudanças e isso deve ser acompanhado”, reforça.

Nos três primeiros dias do tratamento, são oferecidos sucos variados. A partir do quarto dia, frutas, saladas e alimentos cozidos e crus.

“Depois, o organismo deve ser reconstituído com vitaminas e sais minerais. Primeiro o livramos dos radicais livres, depois oferecemos a ele os antioxidantes. A perda de peso é natural, mas vem com saúde”, garante.

Ela aprovou

A advogada Mariana Niquel, 27 anos, é adepta da dieta detox. Ela não se importa de, eventualmente, investir cerca de R$ 500 no kit de produtos que dura uma semana, para colher os benefícios da desintoxicação alimentar. O cardápio possui seis refeições diárias de baixa caloria e gordura, mas não restringe nutrientes e conta com apenas um dia só de líquidos.

Mariana conta que não recorre ao artifício porque quer emagrecer, mas, sim, para se sentir melhor e ficar mais disposta. “Uso pela saúde e para controlar o peso, mas também para renovar o organismo, o que proporciona uma sensação de bem-estar. A pele fica linda, lisinha”, diz Mariana.

Segundo Helena Tonetto, a procura pelo “SPA Detox” cresceu 65% em relação aos programas de emagrecimento tradicionais da casa, desde que foi lançado, em outubro do ano passado. A promessa é desintoxicar, hidratar e auxiliar no emagrecimento.

“Uma cliente nossa perdeu três quilos, mas varia bastante”, revela Helena.

Para quem tem curiosidade em saber no que consiste o “cardápio detox”, vale saber que ele é farto em hortaliças, castanhas e sementes. As frutas também são bem-vindas. Mas o limão é o queridinho da dieta.

“Apesar do sabor ácido, essa fruta tem ação alcalinizante, o que melhora o funcionamento do organismo como um todo. Além disso, é rico em terpeno, substância que ajuda o fígado a eliminar as toxinas”, afirma Isabel Jereissati, nutricionista do Spa Casas Brancas, em Búzios.

O objetivo, segundo os especialistas, é eliminar substâncias químicas e alimentos que sobrecarregam o organismo, livrando-o de toxinas e restabelecendo seu equilíbrio.

Reequilíbrio

Após os 50, a arteterapeuta Nilce Maria Silva, 57 anos, engordou oito quilos, que pesaram na qualidade de vida. “Me sentia cansada, indisposta e por isso procurei um spa de desintoxicação. Ao passar pelos exames prévios na clínica, tive o diagnóstico de um pólipo intestinal e de uma gastrite. A alimentação incorreta e a vida turbulenta nos trazem doenças silenciosas”, revela.

Os quilos a mais foram perdidos com uma dieta de desintoxicação e uma série de terapias. Nilce confessa ter sentido falta da cafeína, mas diz que os tratamentos complementares não a deixaram sentir fome. “Hoje, não como carne vermelha, sigo uma dieta saudável e me sinto muito mais bonita e disposta. Eu renasci. A perda de peso foi consequência da boa alimentação e do reequilíbrio emocional, também conquistado no programa”, relata.

A paisagista Geíza Costa, 57 anos, passou pela desintoxicação orgânica, já pensando em garantir uma terceira idade saudável. Ela explica que sentia enxaquecas, cansaço e irritação com muita frequência e que não esperou uma situação emergencial para buscar ajuda.

“Percebi que somente uma dieta feita por conta própria não me proporcionaria bem-estar. Por isso, procurei um especialista que me oferecesse um plano completo. A parte da dieta é mais sofrível para quem tem hábitos alimentares ruins. As terapias e os exercícios físicos são coadjuvantes dignos de Oscar”, considera.

Atualmente, Geíza cultiva e colhe em sua fazenda grande parte das frutas e verduras que consome.

“A desintoxicação orgânica é uma revitalização. Hoje, me sinto mais saudável do que há 30 anos. Passei a me conhecer melhor e sei que serei uma vovó com corpinho em cima e cabeça jovem”, diz.

O médico José Humberto Gebrimm, nutrólogo pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), garante que o segredo é o equilíbrio e que a desintoxicação é importante para preparar o corpo a receber os alimentos saudáveis.

“As restrições não devem ser absolutas e são feitas por um curto período de tempo, três dias no máximo, que podem ser repetidos periodicamente. Depois disso, o paciente aprende a moderar sal, açúcar, farinha de trigo e gorduras. Não é preciso tomar somente líquido para atingir resultados significativos”, acredita Gebrimm.

O especialista comenta que atende diariamente homens e mulheres que passaram por falsas dietas desintoxicantes – muitas delas baseadas em um regime de semi-inanição, que debilita o organismo e produz um efeito desastroso. Em vez de prevenir, promovem as doenças.

“É claro que se perde peso. Afinal, não se ingere quase nada. Mas esse é um comportamento de risco e os quilos perdidos voltam revigorados. O interessante é conquistar os bons hábitos e se exercitar sempre. O equilíbrio vem nas duas esferas: corporal e emocional”, afirma o médico, que aconselha, dependendo do caso, a lavagem intestinal no começo do tratamento.


 
CIRURGIA PLÁSTICA
Brasil é o segundo em plásticas

O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de 25 países que mais realizam cirurgias plásticas, só atrás dos Estados Unidos. Esta é uma das conclusões do mais recente levantamento divulgado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps). Alguns países, nem sempre associados tão fortemente com estes procedimentos, estão emergindo com os recursos de tratamentos em cirurgia plástica estética, entre os quais a China, o Japão e a Índia, que ocupam, respectivamente, o terceiro, quarto e quinto lugares da lista.

A lipoaspiração (lipoplastia) continua sendo o procedimento mais realizado, representando 23% do total de procedimentos cirúrgicos, seguido do aumento de mama (mamoplastia), com 16%. A correção das pálpebras (blefaroplastia) ocupa o terceiro lugar (11,5%), enquanto a correção do nariz (rinoplastia) é o quarto procedimento mais realizado (10,4%). A adnominoplastia é o quinto procedimento mais realizado no âmbito da pesquisa, com um índice de 7,2%.

No ano passado, somente no Brasil, foram realizadas mais de 2 milhões e meio de cirurgias. A pesquisa revela também o número de procedimentos não cirúrgicos, conhecidos como não invasivos realizados por cirurgiões plásticos. A utilização da toxina butolínica Tipo A (Botox e Dysport) ocupa o primeiro lugar em popularidade, seguido do ácido hialurônico, da gordura autóloga, e da depilação e tratamentos com laser.

 

 


ARTIGOS
Saúde às avessas, por Antonio Carlos Lopes *

Principal preocupação dos brasileiros em pesquisas de diversos institutos de opinião, a saúde é vítima de algo inédito em termos políticos. Ouso, então, batizar esse algoz da assistência aos cidadãos de compromisso às avessas. Se puxarmos pela memória, ao menos nas cinco últimas campanhas eleitorais a saúde foi a grande estrela. Candidatos para todos os gostos (ou desgostos) usaram-na para galgar degraus.

Fosse de fato tratada como prioridade, fossem as promessas de campanha cumpridas, certamente não teríamos no Brasil mais ninguém sofrendo em longas filas para o atendimento, demora na realização de exames, falta de vagas nos hospitais e de remédios, entre tantos outros males. Entretanto, é aí que entra em campo o “compromisso às avessas”.

Há anos, políticos falam sobre a insuficiência de recursos na saúde. Todos também sempre se mostraram favoráveis à regulamentar a Emenda Constitucional 29 (EC 29), de forma a ampliar os investimentos para a assistência. A realidade, contudo, passa longe. No término de 2011, os senadores tiveram a oportunidade de transformar em prática seus discursos quando da votação da EC 29. Só que fizeram o contrário: aprovaram um substitutivo que não trouxe um só novo centavo para o setor. Caso tivessem optado pelo projeto original, a saúde teria, já nesse ano, novos R$ 35 bilhões. Menos do que o ministro Alexandre Padilha considera necessário – R$ 45 bilhões –, mas uma boa injeção de recursos.

Para piorar, recentemente, o governo federal realizou um contingenciamento no orçamento de 2012. O corte foi da ordem de R$ 55 bilhões. A saúde foi a maior prejudicada, perdendo R$ 5,4 bilhões.

Estamos em ano eleitoral e é hora de darmos resposta a esse desrespeito. Como falamos de saúde, vamos aproveitar e prescrever o remédio para o bem do Brasil. Pesquise seus candidatos, veja as promessas que fez em pleitos anteriores e avalie sua postura ao longo dos anos seguintes. Se, por acaso, perceber que pertence à bancada do “compromisso às avessas”, risque-o de seu caderninho. É o caminho para limpar o universo político do Brasil e para melhorar realmente a vida dos cidadãos.

 

* PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CLÍNICA MÉDICA

 

 

 

 Moacir Loth

 Aidas sem controle e no centro do debate

 

O Brasil é referência planetária no combate à Síndrome da Imunodeficiência Adiquirida. Em 1992, Santa Catarina promoveu o 1º Simposio Nacional sobre Aids, trazendo para Florinópolis o pesquisador Luc Montagnier, coordenador da equipe francesa que descobriu o vírus. O evento patrocinado pela Assembléia Legislativa do Estado e pelo Ministério da Saúde, e cientificamente embasado e legitimado pela Universidade Federal de Santa Catarina, acabou fornecendo as bases para o bem sucedido Programa de Aids do Governo brasileiro. 

Nestes dias 12 e 13 , segunda e terça-feira, no Centro de Cultura e Eventosda Ufsc, acontece o 2º, Simpósio, exatos 20 anos depois, novamente com a presença emblemática do Nobel de medicina e  envolvendo os mesmos parceiros, além do Hospital Universitário ( HU).