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HOSPITAL INFANTIL
Falta de pessoal leva a corte no atendimento
Setores como queimados e ortopedia estão fechados, e redução no quadro de funcionários em 12% deve agravar situação

É grave o estado do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. Vinculado à Secretaria Estadual de Saúde e polo de referência no Estado em patologias de média e alta complexidade, o hospital tem cerca de 850 funcionários, e neste ano pode perder 12% dos servidores. São 104 os pedidos de aposentadoria para 2012.

Também contribui para o diagnóstico delicado os seis pedidos de exoneração de médicos feitos entre dezembro do ano passado e abril deste ano. O problema de falta de pessoal deve se arrastar pelo menos até agosto, quando os aprovados em concurso começam a trabalhar na instituição. A falta de pessoal interfere no atendimento de qualidade, afirma a diretora técnica Lúcia Regina Gomes Mattos Schultz.

– Alguns setores estão fechados, como ortopedia e queimados, pois exigem um tratamento diferenciado e não há pessoal para isso.

Para a diretora técnica, pedidos de aposentadoria e mesmo exoneração têm a ver com as dificuldades enfrentadas pelos profissionais:

– Eles percebem que é difícil trabalhar. Quando assumimos, há um ano, havia 124 leitos à disposição. Hoje, são 104. É uma situação difícil de lidar e, quando não pede para sair, o servidor adoece pelo estresse.

Além do corpo de funcional enxuto, o Joana de Gusmão enfrenta problemas em equipamentos. O fluoroscópio, utilizado para a observação de órgãos internos por meio de contraste, está quebrado. Faz um ano que espera por conserto, mas só agora a Secretaria de Saúde abriu licitação.

Falta de alvará sanitário impede algumas cirurgias

Outra questão que preocupa é a falta de alvará sanitário, que se arrasta desde 2007. Algumas áreas têm, outras não. De acordo com normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o alvará é necessário para determinados procedimentos.

Isso faz com que o hospital não possua um banco de ossos. Como não tem matéria-prima disponível, algumas cirurgias que necessitam de enxertos não ocorrem.

De acordo com a direção do hospital, cerca 66% dos pacientes que chegam são oriundos de Florianópolis e da Grande Florianópolis (São José, Palhoça, Biguaçu, Santo Amaro da Imperatriz). Os outros 35% são de outros municípios catarinenses.

Entre os serviços especializados estão cardiologia, cirurgias, pediatria geral, pneumologia e oncologia.

angela.bastos@diario.com.br

ÂNGELA BASTOS

 

 

HOSPITAL INFANTIL
Promotor pede vistoria

Na semana passada, houve uma audiência no Ministério Público de de SC para tratar dos problemas do hospital. Em 2007, foi instaurado um inquérito, o qual resultou em uma ação civil pública em 2008. Na audiência, não houve acordo.

O Ministério Público decidiu, então, pedir uma vistoria judicial, que deve ocorrer em maio. Além do promotor Marcílio de Novaes Costa, titular da 10ª Promotoria de Justiça da Comarca da Capital, devem estar presentes a juíza Brigitte Remor de Souza May, titular da Vara da Infância e Juventude da comarca da Capital, e representantes das secretarias de Saúde do Estado e município.

– Vamos incluir mais provas, além de todas as que estão no processo. O grande problema do hospital é a falta de pessoal – conta o promotor.

Apesar de identificados os problemas, o promotor acredita que se deva fazer uma outra tentativa de negociação antes da sentença:

– Não se pode fechar o hospital, porque o dano seria muito maior.

 

 

HOSPITAL INFANTIL

Governo busca soluções

O superintendente dos hospitais públicos de SC, Walter Vicente Gomes Filho, afirma que 39 concursados começarão a trabalhar e que o concurso valerá por dois anos, podendo ser prorrogado por mais dois. Quanto ao fluroscópio, explica que o aparelho não pode mas ser recuperado por falta de peças para reposição. Ele confirmou que será feita uma nova licitação, e que os exames seguem com outro aparelho.

A respeito do alvará sanitário, enquanto o hospital estiver em obras o mesmo não será fornecido. Ainda este ano está prevista a redução da área de atendimento em 50% devido a obras do centro cirúrgico e da UTI.

Walter Gomes Filho discorda que a Secretaria de Saúde (problema não especificamente deste governo atual) tenha deixado a situação do hospital se agravar para assim facilitar uma privatização da gestão.

– Isso não procede. Houve outras prioridades nos anos anteriores. E a terceirização da gestão não é a mesma coisa que privatização. Mesmo que o gerenciamento passe para uma OS (organização social), o patrimônio e atendimento continuam públicos, com garantia de acesso público”.

 

  


REMÉDIOS
Senado aprova medida provisória

O Senado aprovou, ontem, uma medida provisória que libera a venda de medicamentos em supermercados, armazéns e empórios, desde que não precisem de prescrição médica.

O texto prevê que os estabelecimentos comerciais devem observar uma relação a ser elaborada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas não traz nenhuma regulamentação.

O projeto que transforma a medida provisória em lei será encaminhado à sanção da presidente Dilma Rousseff. Mas até senadores aliados do governo criticaram a MP.

Ex-ministro da Saúde, o senador Humberto Costa (PT-PE) pediu que a presidente não sancione o artigo e disse que a tendência de Dilma é de vetar o projeto:

– Se esse artigo não for vetado pela presidente garantirá que estabelecimentos comerciais poderão dispensar e comercializar medicamentos, o que se trata de um verdadeiro absurdo. O líder do governo e o relator da MP podem assumir a pressão para que haja o veto a este artigo.

A autorização foi incluída em um texto originalmente encaminhado pelo governo federal ao Congresso que previa a desoneração das contribuições sociais sobre produtos destinados a portadores de deficiência e do IPI nas operações de compra de veículos automotivos para os portadores de deficiência.

 

 


SOS hospital Celso Ramos
Capital. Índice de infecção é de 14.5%, e cuidado com higiene está longe do ideal

Pelos corredores do Hospital Celso Ramos, sacos de lixo e lençóis sujos de sangue, empilhados e expostos por horas demonstram a fragilidade das condições sanitárias, com risco de infecção biológica. Durante quatro horas e meia circulando por 11 pavimentos, a reportagem do Jornal ND flagrou situações em desacordo com as normas estabelecidas pela Anvisa. O MPE averigua as condições sanitárias do hospital.

O transporte também não obedece ao padrão nacional de saúde. Um elevador apenas conduzia visitantes, pacientes – inclusive em macas – lixo, materiais de limpeza e alimentação. As roupas de cama estavam sendo recolhidas dentro de carrinhos de supermercado. Em caixa de papelão, com resíduos, estavam guardadas as roupas dos funcionários. Entulhos de obras, com restos de madeira e ferro enferrujado estavam próximo às alas de atendimento.

A taxa de infecção hospitalar do Celso Ramos é de 14,5%. Esse índice está de acordo com a média nacional, segundo a OMS. No entanto, quando comparado ao Hospital Infantil Joana de Gusmão, que tem o mesmo número de leitos, atende um maior número de pessoas e tem menos funcionários, torna-se alto. No Joana de Gusmão a taxa de infecção é de 3,5. São 11 pontos percentuais, mas que representam mais de 300% de aumento na taxa de infecção hospitalar, na comparação com o Infantil.

O MPE entrou com uma ação civil pública, em 2008, após denúncias sobre irregularidades sanitárias no hospital. Não há prazo para decisão da Justiça.

Secretaria da Saúde irá apurar denúncias e tomar as providências

O Hospital Celso Ramos produz 13,5 mil quilos de lixo por mês. Com exceção do 8º andar, as outras 10 alas têm resíduo biológico que provoca risco de contaminação. A Secretaria da Saúde explicou que nos dias que a reportagem visitou as unidades, a instituição estava com problemas técnicos devido a falhas de manutenção no elevador. Por isso, o transporte foi feito em conjunto e o lixo não foi retirado imediatamente.

Quanto aos entulhos, Fernando Luz, chefe de gabinete da Saúde, garantiu que serão retirados imediatamente. “O hospital sempre está em obras para se adequar às normas da Anvisa”, disse.

Luz salientou que os trabalhos de higiene são realizados por pessoas, “por isso tem falhas” e que uma investigação será feita para apurar as denúncias. “Tomaremos as medidas necessárias para nos aproximarmos de uma excelência”, informou. Ele contou que há uma ouvidoria na instituição e que são feitos relatórios mensais sobre o manejo do lixo e controle de infecções.

 

Capital com menos hipertensos
Levantamento. Florianópolis serve de exemplo no Sul do Brsil e está em 7º com o menor índice no país

Florianópolis – Com um índice de 18,7% da população, Florianópolis está em 7º lugar entre as capitais com o menor número de hipertensos do país, com índice bem abaixo da média. No Sul, Florianópolis ficou em 1º, seguida por Curitiba e Porto Alegre. Os números foram divulgados ontem, dia nacional de combate à hipertensão, pelo Ministério da Saúde.

O levantamento foi feito pelo Vigitel 2011 (Vigilância de Fatores de Risco e proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) e apontou que 22,7% da população adulta brasileira é de hipertensos.

O diagnóstico é mais comum em mulheres do que em homens em todas as faixas etárias. A doença atinge 5,4% da população adulta entre 18 e 24 anos; 50,5% entre 55 e 64 anos; e 59,7% das pessoas a partir dos 65 anos. Na maioria das vezes o hipertenso não apresenta sintomas. Por isso, é importante a prevenção. Segundo o médico diretor do Instituto de cardiologia de Santa Catarina, Jamil Cherem Schneider, a indicação para quem não é hipertenso é medir a pressão pelo menos uma ou duas vezes por ano.

Quem tem parentes de 1º grau hipertensos tem mais risco de desenvolver a doença, mas os maus hábitos alimentares, o sedentarismo e o estresse também contribuem. “Há interação entre a pré-disposição genética e os maus hábitos de vida. Um dos fatores é a apneia do sono, causada pelo aumento da obesidade.

O próprio envelhecimento deixa as artérias enrijecidas e aumenta o risco da doença. Apenas 5% dos casos é diagnosticado por causas secundárias, com problemas renais e na tireóide, por exemplo”, esclareceu Schneider.

Fique por dentro para não perder nenhum detalhe


O que é: a hipertensão é uma doença crônica causada pelo aumento da pressão do sangue nas paredes dos vasos sanguíneos. O movimento acaba sobrecarregando outros órgãos como coração, rins e cérebro. A pessoa é considerada hipertensa quando a pressão frequentemente é igual ou superior a 14 por 9.

Causas: pré-disposição genética, obesidade, fumo, sedentarismo, consumo excessivo de sal, de gorduras e de bebidas alcoólicas.

Sintomas: na maioria das vezes não há sintomas. Em alguns casos, podem ocorrer dores de cabeça, tonturas, dores no peito, visão embaçada e zumbidos no ouvido.

Consequências: se não for tratada, a hipertensão pode causar e entupimento de artérias e, consequentemente, um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou derrame, arritmia, infarto, insuficiência cardíaca, paralisação dos rins e até cegueira.

Como prevenir: verificar a pressão pelo menos uma vez ao ano; manter alimentação equilibrada; diminuir o consumo de sal; praticar atividades físicas regulares; e evita o estresse.

Diagnóstico – do menor ao maior
Capitais Total (%)

1º. Palmas  12,9
2º. Porto Velho 16,8
3º. Boa Vista  17,0
4º. Fortaleza  17,3
5º. São Luis  17,7
6º. Manaus  18,6
7º. Florianópolis  18,7
17°  Curitiba  22,0
23°  Natal   24,9
24°  Vitória   25,0
25°  Porto Alegre  25,7
26°  Recife   26,1
27°  Rio de Janeiro  29,8

“Não dá para relaxar”, afirma Fernanda
A balconista Fernanda Pereira dos Santos, 31 anos, não se preocupava com a pressão, mesmo sabendo que a mãe e os tios eram hipertensos. No entanto, há dois anos, após o falecimento da mãe por infarto, Fernanda foi diagnosticada com hipertensa.

Ela só descobriu porque um dia passou mal e, ao checar a pressão, descobriu a doença. A partir do diagnóstico, a balconista mudou a rotina: cortou frituras e alimentos gordurosos, diminuiu a quantidade de sal e passou a fazer exercícios.

Atualmente, faz tratamento com remédios controlados e verifica a pressão quinzenalmente. “Tenho uma vida normal, mas não dá para relaxar. Se eu tivesse cuidado antes, talvez fosse diferente. Agora é preciso toda uma adaptação de vida. Se eu já tivesse hábitos saudáveis seria mais fácil”, afirmou Fernanda.

A Secretaria de Saúde de Florianópolis informou, por meio da assessoria de imprensa, que não se manifestará sobre a pesquisa, sem justificar o motivo. Já a Secretaria de Estado da Saúde disse que não tem relatório ou pesquisa que aponte o número de hipertensos no Estado.