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OPINIÃO DE A NOTÍCIA
Nova direção do São José

Como já vinha participando das tratativas sobre as novas ações administrativas do São José, esforço no qual também estava presente o diretor prestes a deixar o cargo, presume-se que as iniciativas para enfrentar a superlotação no hospital sejam aplicadas com celeridade pelo novo responsável pela gestão. A proximidade com os complexos temas envolvendo o maior hospital de Joinville deverá ser de grande valia.

Neste momento, o leque de ações prevê a entrega de duas novas estruturas. O quarto andar, a mais famosa delas, deverá ser finalmente concluído neste semestre. Há também o desafio do Complexo Emergencial, onde a conclusão do primeiro andar é considerada fundamental para desafogar o pronto-socorro, principal gargalo da instituição. Há outras ações encaminhadas para tentar ampliar a capacidade do São José. É sabido que o melhor atendimento depende de uma série de fatores, desde a eficiência dos demais hospitais e da rede de média e baixa complexidade, até o convencimento da população de procurar o local certo para ser atendida. Sozinho, o hospital não tem nem como resolver todos os problemas da saúde. Mas se fizer o dever de casa, entregar as obras previstas e qualificar suas ações, o São José dá a sua colaboração e pode cobrar com mais autoridade a mesma eficiência do restante da rede.

 

Destaque

SAÚDE
Contra a superlotação

 


A Prefeitura de Joinville usou uma rede social da internet para anunciar o nome do novo diretor do Hospital São José. Ontem, às 16h26, o Twitter oficial da Secretaria de Comunicação informou que Armando Lorga, até então diretor executivo da Secretaria de Saúde, assumirá o lugar de Tomio Tomita. Uma hora depois do anúncio, o novo diretor e a secretária de Saúde, Antônia Grigol, estiveram no jornal “A Notícia”, onde foram entrevistados durante 40 minutos pelo editor Leandro Junges, pelo colunista Jefferson Saavedra e pelo repórter Julimar Pivatto. Entre os desafios propostos, a diminuição da superlotação da urgência e emergência e nos atendimentos de cirurgia geral, neurologia e ortopedia.

Armando disse que, desde que assumiu a direção executiva da secretaria, há 60 dias, estava se inteirando da situação do Hospital São José. Ele vinha conversando com os especialistas para diminuir a superlotação. Uma das medidas práticas propostas por ele é que pacientes com quadros mais leves de acidente vascular cerebral (AVC) possam ficar internados no máximo 24 horas para realizarem os exames e aguardarem os resultados em casa. “Com isso, o paciente ficará menos tempo dentro do hospital, diminuindo a ocupação de leitos”, explica.

Outra situação apontada por ele é conseguir terminar, no segundo semestre, o primeiro andar do Complexo Ulysses Guimarães. “Ninguém vinha falando do primeiro andar, só do segundo. Foi o doutor Armando que percebeu que dava para tomarmos algumas decisões neste sentido”, fez questão de dizer a secretária. “Nossa ideia é que ele seja um complemento do pronto-socorro, com mais 40 a 45 leitos, que completariam a demanda que temos hoje”, explicou Armando. Hoje, o pronto-socorro do hospital tem uma demanda de 70 leitos além da capacidade e, com o término do quarto andar (que terá 36 leitos) mais o primeiro andar do complexo, acabaria com esta demanda. “Isso vai humanizar o processo”, resumiu Antônia.

O novo diretor do Hospital São José, que será empossado amanhã pelo prefeito Carlito Merss, já trabalhou no setor administrativo da unidade. Na gestão de Renato Castro (hoje diretor do Hospital Regional), ele foi diretor clínico. Confira à direita os principais trechos da entrevista com Armando Lorga.

OS DESAFIOS DA NOVA GESTÃO

Falta de leitos

As principais limitações do Hospital Municipal São José estão diretamente ligadas à falta de leitos. Uma das soluções está na reforma e reativação do quarto andar, uma antiga ala de pediatria, adaptada em 2008 para abrigar leitos de internação, mas que nunca funcionou por problemas de infraestrutura. A obra vai amenizar a carência de leitos cirúrgicos e, consequentemente, irá desafogar o pronto-socorro do São José, que conta com apenas 12 leitos de cirurgia geral no primeiro andar. Há quase duas semanas, a Prefeitura autorizou o repasse do terceiro aditivo – R$ 12.468,49 – para a conclusão das obras.

Ampliação

A falta de ampliação do hospital, que reúne partes do prédio antigo, de 1963, com novas alas e obras que engatinham, é mais um dos desafios da nova gestão. A conclusão do Complexo Ulysses Guimarães, anexo ao prédio e que funciona parcialmente, poderia resolver o problema. Os outros dois pavimentos destinados a leitos de internação e 30 leitos de UTI e a área do novo centro cirúrgico, que contará com cinco salas, permanecem sem prazo de entrega. Segundo a Secretaria de Saúde, responsável pela obra, até o momento, 75% da parte estrutural já foi concluída. Também faltam equipamentos e pessoal.

Superlotação

Toda vez que o pronto-socorro do Hospital Municipal São José, com capacidade para atender a 43 pacientes ao mesmo tempo, atinge a demanda de cem, a atuação do setor é restringida. Isso ocorreu pelo menos seis vezes no último ano, fazendo com que o setor priorizasse pacientes de urgência e emergência. No início do ano, os funcionários do hospital chegaram a entregar um manifesto às secretarias municipal e estadual, reclamando que a falta de médicos no Regional sobrecarrega o São José. O problema também está ligado à falta de leitos. É comum encontrar pacientes em macas e nos corredores do hospital.

Heliponto

O Hospital Municipal São José, que recebe pacientes de toda a região, ainda não tem um heliponto. Até dezembro, o helicóptero da Polícia Militar costumava pousar num estacionamento na avenida Getúlio Vargas. Os pacientes atravessavam a avenida em ambulâncias em questão de minutos. Mas o local dará lugar a um supermercado, e não há sequer um projeto ou recursos garantidos para a construção de uma base de pouso. Por enquanto, um espaço no estacionamento do hospital está sendo utilizado, provisoriamente, para os pousos. Em média, 20 pacientes são transportados por mês para o São José de helicóptero.


  

SAÚDE
“O São José tem de fazer a parte dele”


Entrevista/Armando Lorga e Antônia GrigolA Notícia – Como o senhor recebeu o convite para assumir o hospital? Chegou a pensar em recusar?

Armando Lorga – Fiquei muito surpreso. E não dão mais tempo para a gente dizer não. Posso dizer que agora tenho um novo desafio, depois de 60 dias na secretaria (da Saúde).

AN – E quais seriam as primeiras ações do senhor?

Armando – Eu já vinha conversando com os médicos sobre a situação das redes de urgência e emergência. Também já discutíamos isso junto com o doutor Tomio Tomita sobre a situação da cirurgia geral, ortopedia e neurologia, que ajudam a lotar o hospital.

AN – Tomio Tomita já tinha comentado dos atendimentos de alta e baixa complexidade, que 60% destes atendimentos poderiam ser feitos nos PAs.

Armando – Como incentivar a população a ir lá, em vez de direto no hospital? Na secretaria, já vinha dinamizando isso, para voltar com o Programa Bata na Porta Certa. A doutora Marileia (Gastaldi, ex-secretária) desencadeou esse processo importante e temos de continuar batendo nessa tecla. Assim como foi o Protocolo de Manchester, que as pessoas levaram algum tempo para assimilar, vai ser assim também com o Bata na Porta Certa. Mas temos de dar condições para que, quando as pessoas batam na porta, elas possam ser atendidas.

AN – E não daria para colocar um PA dentro de um hospital?

Armando – Eu acho que a discussão da rede de urgência e emergência não depende só de Joinville. O São José tem de fazer a parte dele. O Regional, o Infantil e o Bethesda, a deles. E abaixo, os PAs. Temos uma demanda para que os PAs sejam agilizados e a gente está conseguindo isso com a contratação de médicos. Além, é claro, de colocar médicos em todos os postos de saúde.

AN – Como avalia a gestão de Tomio Tomita?

Armando – Acho que fez uma boa gestão. Se as soluções fossem fáceis, tantos outros diretores já teriam tomado atitudes. Há situações que não dependem só de uma pessoa ou um grupo de pessoas, mas sim da estrutura como um todo.

AN – O senhor acha possível atender às cobranças do Ministério Público?

Armando – Estamos fazendo de tudo para que tudo aconteça dentro do tempo proposto.

AN – Alguma data?

Antônia Grigol – A gente está montando um plano de ação, que a promotora pediu, entre a Secretaria de Saúde e o hospital. Algumas ações já vêm acontecendo, independente do plano. Por exemplo, estas ações que o doutor Armando vem otimizando para melhorar o atendimento com AVCs e na fila da ortopedia já vêm acontecendo.

AN – Alguma ação proposta para agilizar as obras do Ulysses Guimarães?

Armando – Tínhamos programado para esta semana uma visita com os engenheiros, mas o feriado acabou atrapalhando. Então, vamos agendar para semana que vem e analisar o que pode ser agilizado e resolver o mais breve possível. Nem que tenhamos de fazer a inauguração em partes. Não tem como abrir tudo de uma vez. São R$ 15 milhões para abrir as UTIs. O Estado e a União precisam ajudar.

Antônia – Nossa ideia agora é de abrir gradativamente o primeiro andar. Os pacientes que estão no corredor do pronto-socorro seriam colocados neste espaço. Isso vai humanizar o processo.

Armando – Ele é colado no quarto andar. São 40 ou 45 leitos.

AN – Já tem gente e equipamento para este primeiro andar entrar em funcionamento?

Armando – Provavelmente, a gente vai ter de ampliar o número de funcionários, porque a atividade de visualização é mais fácil hoje porque os pacientes estão concentrados em um espaço. Agora divididos em três salas de observação, vamos ter de aumentar os funcionários. Queremos resolver isso o quanto antes, provavelmente para o segundo semestre conseguiremos colocar ele em funcionamento. A construtora está mantendo os prazos.

AN – Como vê o anúncio de o Regional ser administrado por uma OS?

Armando – Prefiro não opinar. As experiências que tenho são com hospitais que estão iniciando, como o Infantil. Num hospital que já tem história, é um grande desafio para o gestor. Há situações que não dependem só de uma pessoa ou um grupo de pessoas.


 


SAÚDE
Trabalho afinado com a secretária

Uma dupla afinada. Essa é a impressão que se tem ao conversar com a secretária de Saúde, Antônia Grigol, e o novo diretor do Hospital São José, Armando Lorga. Ela fez questão de dizer que, com a nomeação, perde “o apoio técnico que tinha na secretaria em função de uma questão maior que é a saúde pública de Joinville.”

A secretária de Saúde fez questão de acompanhar a entrevista que Armando Lorga concedeu ontem à tarde e, durante alguns momentos, frisou as ações que ele já tomou na secretaria. “O doutor Armando já vinha acompanhando isso”, respondeu ela quando ele foi questionado das ações que o Ministério Público vem tomando em relação aos PAs e ao próprio hospital.

“Ninguém falava antes do primeiro andar, só depois de o doutor Armando estudar o caso”, respondeu, sobre a situação do Complexo Ulysses Guimarães. Os dois também estiveram em “AN” em março, quando assumiram a Secretaria da Saúde.


 
 

 

 

A ESCOLHA DE ARMANDO
Até argumentos emocionais foram usados para tentar convencer Renato Castro a trocar a direção do Regional pelo São José. Um deles é a boa relação do médico com a comunidade do São José, onde ele já foi diretor. Mas Renato preferiu ficar onde está, principalmente pelo compromisso com Dalmo Claro, o secretário estadual de Saúde. Carlito e Dalmo chegaram a conversar sobre Renato. O secretário de Saúde disse que a decisão cabia ao médico – Dalmo disse o mesmo a Renato –, mas gostaria que ele ficasse. Desde o começo, surpreso com o grau de acerto de algumas colocações feitas por Renato há três anos, o prefeito queria o médico no São José. Na semana passada, quando indagado por este espaço se Armando Lorga não estava cotado para o cargo, o prefeito de Joinville disse que o ex-diretor do Infantil estava fazendo excelente trabalho na Secretaria de Saúde e ficaria por lá. Ontem, Armando foi anunciado como diretor do São José.


Já familiarizado
Para Carlito, o fato de o médico já vir atuando, na condição de diretor executivo da Saúde, em questões envolvendo o São José, foi decisivo para a escolha, além da experiência. Ontem mesmo, Armando e Tomio Tomita trocaram telefonema e o diretor demissionário ficou de colaborar na transição.

Agora, a secretária Antonia Grigol corre atrás do substituto de Armando na Saúde. Obrigatoriamente, tem de ser um médico para a diretoria executiva, afinal, a secretária não é médica, e sim enfermeira: um dos dois cargos, secretaria ou diretoria, tem de ser ocupado por médico.


Mais leitos
O novo diretor pretende atacar em várias frentes para reduzir a superlotação do pronto-socorro, como proporcionar mais exames em ortopedia e neurologia para evitar que os pacientes fiquem internados tempo demais. Depois da inauguração do 4º andar, prevista para este semestre, há outro andar a ser entregue.


O 1º andar
Trata-se do primeiro andar do Complexo Emergencial. São cerca de 40 leitos para atender justamente ao pessoal que fica nos corredores do atual pronto-socorro. Com os 30 leitos do quarto andar, são 70 novas vagas. É mais ou menos o que o pronto-socorro recebe acima da sua capacidade.

 

Para o Bethesda
A Secretaria de Saúde de Joinville diz que caso o Hospital Bethesda aceite se transformar em hospital de retaguarda, poderá ter uma remuneração maior, a ser paga pelo Ministério da Saúde. A Saúde não vê agora como ampliar os investimentos no hospital privado de Pirabeiraba.


SAÚDE
Trabalho afinado com a secretária

Uma dupla afinada. Essa é a impressão que se tem ao conversar com a secretária de Saúde, Antônia Grigol, e o novo diretor do Hospital São José, Armando Lorga. Ela fez questão de dizer que, com a nomeação, perde “o apoio técnico que tinha na secretaria em função de uma questão maior que é a saúde pública de Joinville.”

A secretária de Saúde fez questão de acompanhar a entrevista que Armando Lorga concedeu ontem à tarde e, durante alguns momentos, frisou as ações que ele já tomou na secretaria. “O doutor Armando já vinha acompanhando isso”, respondeu ela quando ele foi questionado das ações que o Ministério Público vem tomando em relação aos PAs e ao próprio hospital.

“Ninguém falava antes do primeiro andar, só depois de o doutor Armando estudar o caso”, respondeu, sobre a situação do Complexo Ulysses Guimarães. Os dois também estiveram em “AN” em março, quando assumiram a Secretaria da Saúde.


 

 

Começa hoje, em São Miguel do Oeste, o calendário de audiências públicas sobre o orçamento regionalizado promovido pela Assembleia Legislativa do Estado. Serão comandadas pelo próprio presidente, Gelson Merisio.Realizadas todos os anos, as reuniões acabam decepcionando as comunidades e os próprios parlamentares, pela inexistência de caráter impositivo. O Legislativo aprova as principais reivindicações das regiões, mas não conta com os recursos orçamentários para a execução e nem a obrigatoriedade por parte do Executivo.
Neste ano, os encontros terão uma novidade: a presença dos dirigentes da Associação e Federação dos Hospitais de Santa Catarina, que anunciaram a decisão de acompanhar todos os eventos. Pretendem mostrar aos deputados estaduais e lideranças regionais a dramática situação da rede hospitalar, que pena com a defasagem das tabelas de honorários do SUS.

 

 

 

Em pauta   
Um dos temas que certamente estará nos debates em Balneário Camboriú, durante a campanha eleitoral, será a saúde pública, principalmente, depois do fechamento do Hospital Santa Inês, que poderá reabrir sob administração da Fundação Pró Rim, e da CPI envolvendo o Hospital Ruth Cardoso, com denuncias de desvios de verba de R$ 1,7 milhão envolvendo a Cruz Vermelha, contratada pela prefeitura para administrar a unidade hospitalar. O presidente da CPI, vereador Claudir Maciel, que foi secretário da Saúde de Edson Piriquito, o acusou de não entender nada de saúde pública e não ter um plano para o setor. Esse debate é bem vindo, segundo a prefeitura, que garante que nunca numa administração do município houve tanto investimento em saúde, além de destinar para o setor muito mais do que determina a lei

 

 

 

 


 

Esse é o desafio do médico Armando Lorga, que assume amanhã a direção do Hospital São José