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FILA DO MÉDICO
Planos X SUS, a prova dos 9


A reportagem ligou para 108 consultórios médicos e ouviu pacientes à espera de atendimento nas unidades públicas de saúde.Pacientes de plano de saúde podem esperar até 79 dias para ter uma consulta com um ginecologista em Santa Catarina. A espera extrapola em 72 dias o prazo regulamentado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Pela demora, para fazer um check-up, seria mais rápido recorrer a uma unidade pública de saúde, onde o paciente aguardaria o atendimento por cerca 15 dias.

Para fazer o comparativo, a reportagem do Diário Catarinense ligou para 108 consultórios de Florianópolis, Joinville e Chapecó e verificou quanto tempo demora conseguir uma consulta por planos de saúde com médicos especialistas em pediatria, clínica médica, cirurgia geral e ginecologia. Os médicos foram pesquisados aleatoriamente com base nos guias dos três maiores planos de saúde do Estado (Unimed, SC Saúde e Unidas), segundo o Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (Simesc). No caso específico da ginecologia, o tempo médio de espera para o médico mais procurado de cada um dos planos chega a 76 dias.

As especialidades são aquelas que, de acordo com a ANS, teriam prazo máximo de atendimento de sete dias. Em todo o país, segundo a agência, 30% das reclamações de usuários de planos de saúde são referentes à não garantia de atendimento, que engloba a dificuldade do assegurado em obter consulta no tempo estipulado. Os números referentes a estados não são precisos, mas a ANS está reunindo informações para avaliar o atendimento.

Pela pesquisa, a média de tempo entre as clínicas só não ultrapassa o período regulamentado em 25% dos casos. A especialidade em que mais se espera é ginecologia. É também a com maior diferença entre o atendimento pelo plano e particular. A paciente pode adiantar a consulta em até 68 dias se pagar na hora. A reportagem percebeu, além disso, que há médicos cujos nomes constam nos guias, mas não atendem mais pelos planos, e outros cujos números de telefone não correspondiam.

Para o presidente da Unimed, Eudes de Freitas Aquino, é boa a intenção da ANS ao regulamentar um período de espera para consulta com plano de saúde. Entretanto, afirma que o médico tem que ter autonomia para determinar a quantidade de pacientes que atenderá por dia e o tempo da consulta.

– A medicina não tem essa matemática. É competência do médico determinar a maneira como funciona o consultório. É isso que garante a qualidade no atendimento – explica Aquino.

Divisão de tarefas

O presidente da Unimed (plano com maior abrangência em Santa Catarina, com 870 mil associados e 48% do médicos ativos cooperados) considera que a saúde pública melhorou o atendimento nos últimos anos, mas não de maneira uniforme no país. Na opinião do médico, em um modelo ideal, a saúde pública deveria tratar casos básicos, como vacinação, enquanto os planos de saúde tratariam situações mais complexas.

O vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (Simesc), César Ferraresi, concorda com a declaração de Aquino. Completa afirmando que especialistas dividem a agenda entre consultas particulares e planos de saúde com atendimentos em hospital – e até mesmo com o Sistema Único de Saúde (SUS), o que dificulta o cumprimento do tempo de espera por agendamento.

* Colaboraram Darci Delabona e Camila Guerra

caroline.passos@diario.com.br

CAROLINE PASSOS *

 

 
FILA DO MÉDICO
Como funcionam as unidades de saúde

A medição do tempo de espera nos postos de saúde não obedeceu os mesmos critérios dos planos, pois a marcação de consultas é pela ordem de chegada, com senhas. Pelas entrevistas com os pacientes nas unidades, a espera pode ser menor do que de um plano.

Em Joinville, o tempo médio de espera por consultas com clínico geral nos centros de saúde é de 15 dias, de acordo com a Secretaria de Saúde. A maior cidade do Estado tem 180 médicos atuando nos 56 postos.

A gerente da Atenção Básica de Joinville, Janine Guimarães, explica que cada posto tem um conselho composto por moradores do bairro e por profissionais do posto. Eles que decidem, por meio de reuniões, as formas de agendamento das consultas e as necessidades da unidade.

Segundo ela, o problema da falta de clínicos em Joinville começou a ser resolvido em outubro do ano passado, quando foi dado o reajuste no salário da categoria e a ser paga uma gratificação. De janeiro até agosto foram contratados 50 clínicos gerais.

– Perdíamos muitos profissionais para as cidades da região que ofereciam um salário maior. Depois que houve o reajuste, a situação mudou – conta.

Em Chapecó, a falta de especialistas é o principal problema. De acordo com a prefeitura, atualmente 136 médicos trabalham nos 27 centros de saúde, mas a atenção secundária tem problemas. A administração pública precisou apelar para a divulgação de vagas em outros estados para conseguir profissionais.

Na avaliação do vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Estado (Simesc) e médico em unidade de saúde de Florianópolis, César Ferraresi, o agendamento de consultas pelo Programa da Saúde da Família é mais complicado quando se trata da atenção secundária. Ferraresi lembra que nem todos os especialistas atendem pelo SUS e que pacientes de cidades do interior têm maior dificuldade em conseguir consulta com um cardiologista ou neurologista, por exemplo. Além disso, lembra que as condições de trabalho e os salários na saúde pública são pouco convidativos, o que faz com que a falta de médicos seja uma constante.

 

 

SUS EM ALTA
Opção pelo posto
Aposentada possui plano de saúde e usa para fazer exames em laboratório, mas quando consulta prefere o serviço público

Com base nos relatos de pacientes, em Santa Catarina é possível conseguir consulta com o médico da família ou clínico geral em cerca de 15 dias nos centros de saúde de Florianópolis, Joinville e Chapecó. Como a maioria prefere o agendamento presencial, a reportagem visitou unidades de saúde nos três municípios para saber dos usuários como funciona o sistema. Moradora do Bairro Ingleses, em Florianópolis, há três anos, a aposentada Elma Novaes é uma dos pacientes que preferem ser atendidas no centro de saúde. Aos 84 anos, Elma faz consultas para tratar problemas respiratórios e artrites. Tem plano de saúde, mas prefere o posto. Ela avalia o atendimento como bom e diz que esperou no máximo 10 dias por uma consulta. Entretanto, opta em fazer os exames pelo plano por considerar que o atendimento é mais rápido.

No Oeste, a encarregada administrativa Edite Pereira, moradora no Bairro Santa Maria, em Chapecó, consultou no posto de saúde com um clínico geral no dia 16 de julho. Como teve trombose na virilha, precisa da análise de um especialista. Até a última quarta-feira, a consulta não havia sido agendada.

Edite conta que as consultas com clínico geral não demoram. Quem acorda cedo e enfrenta fila consegue até atender na hora. Mas são apenas quatro a cinco fichas por dia no posto, segundo ela. Paciente que não consegue no dia tem consulta marcada para a semana seguinte.

Situações resolvidas

A corretora de imóveis Silvana Finger elogia o atendimento da rede pública de Chapecó. Tanto que prefere não ter plano de saúde. Silvana disse que conseguiu consulta para diabetes em 20 dias. Na última quinta-feira, ela foi consultar na unidade de saúde do Centro, marcou exames para 4 de outubro e retorno da consulta para o início de novembro. Silvana conta que teve outro problema e necessitou de cirurgia. Fez tudo em dois meses na rede pública. Quando torceu o tornozelo, as enfermeiras iam até sua casa fazer os curativos.

Em Joinville, o aposentado Waldemiro da Roza, 59 anos, que esperava por um exame no Posto de Atendimento Médico Bucarein – um dos mais movimentados da região central – conta que conseguiu em três dias uma consulta depois que começou a sentir dores na região abdominal.

Em compensação, teve de esperar 20 dias pelo retorno, após fazer os exames.

– Marcar o retorno que é mais complicado, vou fazer o exame daqui a pouco e de certo vai levar mais 15 ou 20 dias para o retorno – disse.

 

 

 

PRÓTESE MAMÁRIA
Mulher de SC tem indenização negada

A Justiça Federal de Santa Catarina decidiu que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não deverá pagar indenização por danos morais e materiais a uma mulher que tinha próteses de silicone da marca francesa PIP (Poly Implant Prothèse) e processou a agência.

O silicone PIP era de baixa qualidade e as próteses apresentavam maior risco de rompimento. No Brasil, segundo a Anvisa, 25 mil dessas próteses foram usadas. O produto foi proibido no país e vários foram recolhidos.

A mulher, cujo nome não foi divulgado pela Justiça Federal de Santa Catarina, entrou com uma ação contra a Anvisa pedindo indenização por danos materiais e morais no valor de R$ 105,4 mil (R$ 5,4 mil para remoção e troca das próteses e R$ 100 mil por danos morais) pela falta de fiscalização da entrada no país de implantes mamários da PIP.

O juiz federal substituto Alexsander Fernandes Mendes, porém, afirma na sentença que a Anvisa, após o registro, não se torna garantidora universal da qualidade do produto em circulação e não responde por eventuais defeitos ou modificações do processo de fabricação.

Embora ela esteja obrigada a realizar a fiscalização desse processo, a agência não detém total controle sobre ele, diz.

Depois do registro no país, produto foi alterado

O juiz afirma também que depois que a prótese foi registrada no país, o próprio fabricante passou a alterá-la, de forma irregular, inserindo em sua composição elemento um silicone de uso industrial.

“A Anvisa não deve responder por eventuais danos causados pelo uso da prótese mamária e decorrentes de conduta imposta exclusivamente ao fabricante”, afirma Fernandes Mendes na sentença.

A reportagem ligou para o escritório do advogado da mulher, mas não conseguiu entrar em contato com ele.

 

São Paulo

 

 

 

RAIVA NO BRASIL
Exemplo no combate à doença no mundo

O Brasil é considerado exemplo no combate eficaz da raiva animal em todo mundo. Com a implantação pelo Ministério da Saúde, em 1973, do Programa Nacional de Prevenção da Raiva, o país conseguiu baixar o número de casos de raiva humanos e animais em mais de 90%, desde a década de 1980.

 

 

 


Visão
Cerca de 8 mil especialistas em visão estarão em Santa Catarina em setembro de 2015 para o Congresso Brasileiro de Oftalmologia. Está sendo coordenado pelos médicos Ayrton Ramos e João Luiz Lobo Ferreira. O evento será realizado em 2013 no Rio e em 2014 no Recife
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