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Visor- Rafael Martini


FORMIGUINHA


Acélio Casagrande, secretário adjunto da Saúde, passou a manhã de ontem em hospitais da Capital, conversando pessoalmente com servidores. Vendo que a greve tomou proporções ainda maiores, a partir do anúncio do governo de corte do ponto, Casagrande partiu para um corpo a corpo.

Foi ao Instituto de Cardiologia e Hospital Regional, em São José, e depois seguiu ao Celso Ramos. A impressão do secretário adjunto: muitos servidores nem sequer sabiam ao certo sobre as propostas do governo, de manutenção da hora-plantão e de implantação de um novo regime de horas extras.

 

Geral


GREVE NA SAÚDE
Atendimento fica ainda pior
Maternidade Carmela Dutra só está recebendo mulheres em trabalho de parto e tem poucos profissionais na UTI neonatal

A greve na Saúde já afeta o atendimento na Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis, que recebe pacientes de todo o Estado. Ontem, dos 30 técnicos de enfermagem que tinham plantão ontem, apenas dois foram trabalhar. A Secretaria de Estado da Saúde considera o problema grave, pois havia 13 recém-nascidos na unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal, onde é necessária a atuação de pelo menos seis profissionais.

Dois servidores foram deslocados para o setor e a direção teve que chamar outros 10 enfermeiros que não estavam na escala do dia para ajudar em todas as alas. A autônoma Cristiana Vianna, 50 anos, estava preocupada com a situação de seu neto Rhavi, que estava na UTI. Ele sofreu convulsões na última semana, após o parto.

– Só tem uma médica e duas enfermeiras ajudando. Estavam desesperadas, trabalhando sozinhas. Até a quinta-feira, tinham bem mais funcionários – conta Cristiana.

Paciente é orientada a fazer o parto em outro lugar

Apenas os casos de emergência, em que a mãe está em trabalho de parto, estão sendo recebidos pela maternidade. A balconista Marileia Ronconi, de 34 anos, foi uma das poucas grávidas que conseguiu ser atendida sem estar na data de ganhar o bebê. Ela desmaiou no trabalho e foi levada para a Carmela Dutra.

– Me orientaram a ir para o Hospital Universitário para ganhar meu filho. Meu prazo é semana que vem.

Na tarde de ontem, a emergência estava vazia. Os dois andares de alojamento das mães e seus bebês foram concentrados em um para facilitar o trabalho dos poucos enfermeiros e médicos, que não estão em greve. Somente os técnicos de enfermagem e administrativos cruzaram os braços.

As portas do prédio estão fechadas. Segundo o diretor geral Ricardo Maia Samways, para inibir a entrada de grevistas. Essa é considerada a maior adesão da maternidade em paralisações dos últimos anos.

– Tivemos que entrar em contato com enfermeiros fora da escala para que ajudassem na maternidade. Fomos pegos de surpresa. Estou aqui há 14 anos e nunca vi uma greve dessas. Para mim, isso é abandono de incapaz. Fiz boletim de ocorrência – afirmou o diretor da instituição.

Até a quinta-feira, os trabalhadores da Carmela Dutra e dos outros hospitais cumpriam sua jornada de trabalho parcialmente, em períodos de revezamento entre colegas. Conforme a direção da maternidade, dessa forma, cerca de 40% dos trabalhadores se mantinham dentro da unidade. A partir desta sexta-feira, os acampamentos de grevistas foram afastados 200 metros dos hospitais, como determinou a liminar da Justiça.

A representante do comando de greve Edileuza Garcia Fortuna, afirmou que não há como manter 70% do atendimento, como determinou a Justiça, se foi exigida a distância de 200 metros dos grevistas da unidade, pois isso impede os revezamentos.

CRISTIANA VIANNA, Avó de um paciente:

"Só tem uma médica e duas enfermeiras ajudando (na UTI). Estavam desesperadas, trabalhando sozinhas."

roberta.kremer@diario.com.br

ROBERTA KREMER

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GREVE NA SAÚDE
Emergência do Regional é transferida

Ontem, a secretaria não divulgou o balanço da adesão à greve. O governo só antecipou que a emergência do Instituto de Cardiologia, em São José, foi fechada e que os médicos iriam atender no Hospital Regional, que ficam no mesmo prédio.

No Governador Celso Ramos, parte dos grevistas teria retornado, mas a direção não informou o número. Mesmo assim, a emergência estava lotada, com mais de 30 pacientes.

O governo determinou o corte do ponto dos grevistas desde ontem. A decisão foi tomada na quinta-feira, quando o secretário Dalmo Claro de Oliveira disse que os diretores e gerentes dos hospitais deverão identificar quem não está trabalhando e enviar os relatórios até a próxima segunda-feira. A promessa é de cortar, também, a hora-plantão e o sobreaviso.

Os grevistas montaram ontem três acampamentos em Florianópolis e São José, um deles próximo ao Hospital Governador Celso Ramos e Carmela Dutra, outro perto do Infantil Joana de Gusmão e um terceiro nos arredores do Hospital Regional.

Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em estabelecimentos de Saúde Público Estadual e Privado de Florianópolis (Sindsaúde) e líder do comando de greve, Pedro Paulo das Chagas, os próprios grevistas tinham decidido que não bateriam mais o ponto na assembleia da última quarta-feira.

Ele preferiu não avaliar o percentual de paralisação nesta sexta-feira, por se tratar de um dia de ponto facultativo, com apenas escala de plantão.

O movimento grevista começou em 9 de outubro, depois de uma interrupção de 15 dias, retornou em 23 de outubro. A categoria reivindica a redução da jornada de trabalho para 30 horas, com a manutenção do salário e incorporação das horas extras, além da contratação de novos funcionários.

MARILEIA RONCONI, Paciente que procurou a Maternidade Carmela Dutra

"Me orientaram a ir para o Hospital Universitário para ganhar meu filho. Meu prazo é semana que vem."

 

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ARTIGOS
Leitos hospitalares desativados, por Francisco Karam*

Estatísticas divulgadas recentemente indicam que nos últimos sete anos foram desativados 1,6 mil leitos hospitalares em Santa Catarina. Em todo o Brasil, quase 42 mil. Segundo o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto Luis DAvila, grande parte dos problemas do SUS passa pelo subfinanciamento e por uma falta de política eficaz de presença do Estado. Nestes sete anos, de 2005 até hoje, o país teve diversos presidentes da República, governadores e secretários estaduais de Saúde, mas os pagamentos continuaram irrisórios para médicos, uma classe que deve despender grande parte de seus ganhos para aperfeiçoamento, viagens de estudo, aquisição de livros caríssimos, tudo isso além de sustentar a família.

Na Suécia, milhares de leitos hospitalares foram desativados – mas por falta de doentes, pois os médicos, bem pagos, não precisam correr de um emprego a outro, perdendo tempo no trânsito, e podem dedicar-se integralmente a curar seus pacientes, que assim não ficam desassistidos e não precisam de hospitalização.

Países que assim procedem gastam menos. Fazem economia pagando bem seus médicos, sem precisar gastar com a hospitalização de doentes. Mas para isso é preciso uma administração de verdade, de governantes atentos a todos os setores da atividade pública. Médicos tem, sobrando. Falta salário.

Não é fácil administrar um Estado. É preciso trabalho – até presença física para fiscalizar os serviços. O ex-presidente Jânio Quadros fazia a administração andar com visitas-surpresas. Prezado governador, se for preciso fazer alguma mudança, faça. Se alguma coisa não funciona bem, intervenha. O povo o aplaudirá. O que não pode acontecer é ter 1,6 mil leitos hospitalares desativados e enfermos em macas nos corredores dos hospitais ou morrendo nas filas de espera. Não faltam médicos. Falta salário. E ação.

 

*Membro da Academia Catarinense de Medicina

 

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NOVIDADE NA ORTODONTIA
Adeus ao sorriso metálico
Tecnologia em 3D reduz o tempo de tratamento em 50% e diminui as possibilidades de extrações de dentes

Sorrir e parecer um personagem de história em quadrinhos está com os dias contados. O sorriso metálico dá espaço a um tratamento quase invisível. Graças aos avanços da ortodontia. Estas evoluções tornam os tratamentos cada vez mais confortáveis, menos dolorosos, com maior intervalo entre os ajustes e com menos tempo de uso que o método convencional.

A novidade que tem animado quem precisa de correção é o aparelho ortodôntico auto ligado de última geração, chamado Slu Crystal 3D, ou seja, com ausência de ligaduras elásticas e sem amarrilhos metálicos. Além de todas as características de uso reduzido, apresenta os braquetes, que são aqueles suportes que colam nos dentes e controlam o posicionamento, os tubos e os fios, totalmente estéticos. Utiliza-se ainda os arcos termo ativados elaborados pela Nasa, com memória de forma e que trabalham junto ao auto ligado, oferecendo baixa fricção, maior conforto e higiene.

– O sistema reduz o tempo de tratamento em 50%, comparado ao aparelho ortodôntico convencional e diminui as possibilidades de extrações de dentes – explica a ortodontista Mirella Lummertz.

Utilizado em outros países, o braquete auto ligável passivo chegou ao Brasil no início do ano. Em Santa Catarina, existem quatro profissionais que já realizam esta nova técnica: em Jaraguá do Sul, em Porto Belo, em São José e em Florianópolis.

– No último Congresso Brasileiro de Ortodontia, realizado em São Paulo, em setembro, só se falava no aparelho auto ligado e na evolução da tecnologia na ortodontia – acrescenta Mirella.

A ortodontista afirma que as borrachinhas dos aparelhos convencionais formam um nicho de bactérias, causando problemas periodontais com mais frequência. Cabe ao profissional analisar as vantagens e possibilidades mecânicas que este novo sistema de braquetes auto ligados pode proporcionar à ortodontia contemporânea.

– Não é milagre, é tecnologia. Vemos tantos avanços na área médica e agora chegou a vez da ortodontia, que aliás, tem evoluído muito com o passar dos anos. Antigamente, se usava bandas em todos os dentes, era um tratamento demorado e muito doloroso, inclusive na instalação de cada banda, em cada dente, esteticamente parecia que tínhamos todos os dentes de aço, isso em 1980 – lembra ainda a dentista.

 

 

 


Atrás de médicos
Assim como fez a Prefeitura de Joinville em 2010, o governo do Estado vai publicar em jornais de fora de Santa Catarina anúncios sobre o processo seletivo para contratação de médicos para o Hospital Regional. São seis vagas abertas para o setor de emergência.


Mais OS
Para o secretário Dalmo Claro (Saúde), a paralisação dos servidores reforça a intenção do Estado em ampliar a participação de organizações sociais (OS) na rede hospitalar. Mas não há data para a licitação da OS do Regional de Joinville.

Não mais tão frequente no Centro e bairros no entorno, a cavalaria da Polícia Militar está concentrando as rondas na zona Sul de Joinville, mais perto de sua base. Na Visconde, o policiamento com ajuda dos bichos sempre foi bem-vindo por quem mora por ali.

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PARALISAÇÃO NA SAÚDE
Estado planeja contratação
Se greve continuar, governo estuda remanejar servidores para hospitais


Caso não haja o retorno ao trabalho de quem está paralisado, a Secretaria de Estado da Saúde estuda a possibilidade de contratar pessoal terceirizado para prestar o serviço durante a greve ou o remanejamento de outros servidores para os hospitais. Uma opção remota, mas não descartada, é a chamada de trabalhadores do concurso público.

Ontem de manhã, os grevistas saíram da frente da Maternidade Darcy Vargas e do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. O ponto de paralisação passou para uma praça do bairro Boa Vista, onde os servidores ficarão das 7 às 21 horas de segunda a sexta-feira. Aos fins de semana não haverá paralisação. A medida é para cumprir a decisão da Justiça, que determinou aos grevistas ficarem, pelo menos, a 200 metros de distância das unidades.

Com a mudança de local e com os servidores sem bater cartão, o impasse pode comprometer o atendimento, já que enfermeiros e técnicos eram chamados para ajudar os pacientes.

SAIBA MAIS
A orientação para as gestantes que estão fazendo o pré-natal e que não têm gravidez de risco é para que procurem outros hospitais enquanto a Maternidade Darcy Vargas não estiver com seu efetivo completo.

gisele.krama@an.com.br

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PARALISAÇÃO NA SAÚDE
Greve sem data para acabar

A responsabilidade de manter os 30% de servidores também passou a ser da direção de cada hospital, como esclareceu a diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (SindSaúde), Mari Estela Eger. Ponto que foi questionado pelo secretário de Saúde, Dalmo de Oliveira, ao destacar que é responsabilidade do servidor manter o serviço para o qual foi contratado.

A intenção do sindicato é manter esta nova fase de paralisação até que o Estado aceite negociar. “Não tem mais revezamento. Não vamos mais bater cartão. Já estamos preparados para ficar o tempo que for necessário”, disse Mari.

Como o governo do Estado está determinado a não dar o reajuste salarial, em forma de gratificação, o secretário de Saúde, Dalmo de Oliveira, destacou que os trabalhadores que não forem trabalhar não receberão salário.

Com mudança de local da concentração, o setor de esterilização da Maternidade Darcy Vargas ficou fechado ontem por falta de funcionário. Segundo o diretor clínico, Jorge Amaral, foram deixados kits para cirurgias suficientes para durar um dia. A maternidade está funcionando com um terço dos servidores.

No Hospital Regional, a recepção do pronto-socorro estava vazia. No caso dos plantonistas da unidade, Dalmo diz que o problema vem desde o ano passado e poderá ser minimizado com a contratação dos sete médicos que participaram do processo seletivo. O resultado está sendo homologado e os profissionais serão chamados.

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