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SAÚDE PÚBLICA
Relatório mostra sobrecarga
Reflexo da greve na Saúde estadual, risco de colapso no SUS de Joinville está sendo apurado pelo MP

A Secretaria de Saúde de Joinville sinalizou ontem a situação precária em que se encontra o atendimento nos prontos-atendimentos (PAs) e nos postos de saúde, reflexo da longa greve dos servidores da Saúde estadual, que entra hoje no 49º dia. A sobrecarga da rede municipal foi esmiuçada em um levantamento entregue ao Ministério Público de SC na terça-feira, relacionando o impacto dos primeiros 47 dias da paralisação.

Entre os pontos destacados estão a quantidade de pacientes clínicos internados no PA Leste, no Aventureiro, e a ida de gestantes de alto risco, antes atendidas na Maternidade Darcy Vargas, a postos de saúde. O documento de nove páginas integrará um levantamento do promotor Francisco de Paula Fernandes Neto, que está colhendo dados com a Saúde estadual.

Ao promotor, a secretária municipal de saúde Antonia Grigol enfatizou o caos que a demanda extra levou à rede municipal. Na visão dela, até então a estrutura municipal estava suportando, mas isso deixou de ocorrer. “Agora, a gente não tem para onde correr. Estamos com os funcionários esgotados. A situação é muito complicada”, diz.

Um alerta é de que os servidores não aguentarão por muito tempo o aumento na carga horária. O número de atestados médicos entregues por servidores dobrou nos primeiros 47 dias de greve.

O relatório cita ainda o Hospital São José. O argumento é de que pacientes que sofrem, principalmente, de doenças cardiológicas (especialidade do Regional), não estão sendo atendidos pela rede estadual “colaborando com o aumento significativo da superlotação” da unidade municipal, que já atua acima da capacidade.

Restrição não é opção

A secretaria descartou qualquer possibilidade de restrição de atendimento. O temor do município é que medidas do tipo sejam alvo de processos criminais e cíveis. A opção é orientar a população a buscar atendimento apenas em caso de necessidade e reencaminhar pessoas de outras cidades para o filantrópico Hospital Bethesda e o Hospital e Maternidade Municipal de São Francisco do Sul, gerido por OS, que têm atuado como retaguarda.

A partir do dia 21, quando começa o recesso nos postinhos, Antonia crê que a situação deve piorar nos PAs. Funcionários contratados (temporários) da rede de atenção básica foram convocados para trabalhar na média complexidade, recebendo horas extras.

Médicos também foram convidados, mas não são obrigados por causa do vínculo diferenciado. Serão 23 técnicos de enfermagens, nove enfermeiros e três agentes de saúde a mais divididos entre os três prontos-atendimentos.

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SAÚDE PÚBLICA
Secretário minimiza impacto

O secretário estadual da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, afirmou ontem ter ciência da situação problemática do SUS em Joinville desde o dia 7, quando conversou com a secretária municipal Antônia Grigol – ainda que o impacto negativo da greve seja alvo de reclamações pela Prefeitura desde o fim de outubro.

Mas Dalmo avalia o quadro como uma situação característica de tempos de greve. “Em Joinville também aconteceu isso quando da greve dos servidores. O Hospital Regional teve que atender à demanda municipal”, comentou.

Dalmo acredita que o impacto não é tão grande. “A média de atendimento nos PAs é de 2 mil pessoas por dia. No Regional, são 200, ou seja, representa 10%”, exemplifica, citando a baixa capacidade de atendimento no hospital estadual, que tem déficit de profissionais.

Do outro lado, o comando de greve defende que o problema da saúde não é resultado apenas da greve. “O caos na saúde de Joinville e de Santa Catarina já vem de tempo. Agora querem colocar a culpa na greve, mas o São José e os PAs sempre estiveram lotados”, comentou a coordenadora do SindSaúde em Joinville, Enilda Stolf.

Sobre o dossiê entregue pela Prefeitura ao MPSC, Enilda comentou que “o Ministério Público tem conhecimento da situação em todo o Estado, assim como o Ministério do Trabalho. Todos sabem o que está acontecendo.”

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