icone facebookicone twittericone instagram




Amamentação
Vitamina microbiana

Cientistas espanhóis descobriram uma das razões para que o leite materno seja um alimento tão completo: bactérias. María Carmen Collado e Alex Mira, da Fundação Espanhola para Ciência e Tecnologia, identificaram no leite humano mais de 700 espécies de micro-organismos essenciais para o desenvolvimento da flora bacteriana e do sistema imunológico do bebê.

A pesquisa permitirá determinar, pela primeira vez, as variáveis pré e pós-natal que influenciam a riqueza microbiana – o chamado microbioma – do leite e a influência no desenvolvimento do bebê.

A maior quantidade de bactérias foi encontrada no colostro, a primeira secreção das glândulas mamárias, logo após o parto. Os cientistas também analisaram o leite materno aos três e aos seis meses de amamentação.

As bactérias presentes no leite materno constituem o contato inicial com os micro-organismos que colonizam o sistema digestivo do bebê.

O estudo revelou ainda que o leite de mães com sobrepeso ou que ganharam mais peso do que o recomendado durante a gravidez contém uma menor diversidade de espécies bacterianas.

O tipo de parto também afeta o microbioma do leite materno: o leite de mães que deram à luz por uma cesariana planejada é diferente e não é tão rico como o de mães que tiveram um parto nomal.

Mas quando a cesariana não é planejada – ou seja, quando a decisão pelo procedimento ocorre durante o parto –, a composição do leite é muito semelhante ao de mães que têm parto normal.

Isso indica que o estado hormonal da mãe no momento do parto desempenha um papel relevante no microbioma do leite. Segundo os pesquisadores, a ausência de sinais de estresse fisiológico, bem como sinais hormonais específicos para o parto, podem influenciar a composição e a diversidade microbiana do leite materno.

María Carmen e Mira tentam descobrir agora se o papel das bactérias é metabólico ou imunológico. A descoberta poderá reduzir os riscos de alergias, asma e doenças autoimunes nos bebês.

Pesquisa
A cura pela novidade

Estudo identifica fator de tratamento do estresse pós-traumático

Apresentar uma novidade horas antes do início de uma sessão de terapia. Essa pode ser uma tática para a extinção da memória de medo ou de um trauma, segundo revelou uma pesquisa do Centro de Memória da PUCRS publicada no final do ano passado.
O estudo comprovou, por meio de testes em laboratório, que uma nova informação induz a síntese de proteínas no hipocampo, a região cerebral mais envolvida na formação de memórias, fixando o aprendizado – no caso, a extinção da memória de medo.

Publicado em 31 de dezembro na revista científica americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o artigo intitulado Behavioral Tagging of Extinction Learning (em português, marcação comportamental de aprendizagem da extinção) já teve mais de 4,5 mil acessos ou down¬loads até a primeira quinzena de fevereiro, o que mostra o impacto e relevância do tema em nível internacional.

A autora da pesquisa, Jociane Myskiw, criou um protocolo no qual a novidade é capaz de facilitar a formação da memória de extinção em ratos. Ela identificou que a introdução de uma novidade, duas horas antes da sessão de extinção (ou de terapia), foi capaz de influenciar, de forma positiva, na formação dessa memória.

Embora a pesquisa seja baseada em uma evidência já conhecida – a ideia de que uma novidade ajuda a esquecer um problema – essa é a primeira vez que o tema é comprovado cientificamente. “Isso pode servir para acelerar a extinção de respostas do medo”, destaca o neurocientista Iván Izquierdo, co-autor da pesquisa.

No estudo, usa-se a extinção no tratamento do estresse pós-traumático. Submete-se o paciente a estímulos que remetem ao trauma, sem o motivo causador. O tratamento psíquico é a extinção do trauma, e consiste em fazer o indivíduo aprender a diferença entre o estímulo causador do medo e o fato em si. O estudo levou cerca de dois anos para ser concluído e agora avançará uma nova etapa, que consiste na análise farmacológica e comportamental dos ratos.

Izquierdo explica que, por meio de cânulas colocadas no hipocampo cerebral dos animais, serão aplicadas drogas e testados os neurotransmissores envolvidos no processo de extinção do medo. Por enquanto, o teste em pacientes não será feito. “A pesquisa será utilizada por profissionais com prática clínica e técnica, como psiquiatras ou psicólogos”, afirma Jociane.

O estudo também tem participação de Fernando Benetti, bolsista de pós-doutorado no Centro de Memória. Os testes foram feitos na PUCRS e seguiram as normas do Comitê de Ética em Pesquisa e os direitos dos animais foram respeitados, observam os cientistas.

 

 

Thalita não resiste à doença rara
Bebê que nasceu com o coração fora do peito morreu na manhã de ontem depois de passar bem pela primeira cirurgia


A pequena Thalita, que nasceu com o coração para fora do corpo, morreu na manhã de ontem depois de duas paradas cardíacas. Filha de moradores de Palhoça, na Grande Florianópolis, a menina veio ao mundo na sexta-feira em Curitiba (PR) e passou por uma cirurgia com mais de duas horas de duração no sábado. Ela ainda precisaria fazer outras operações para encaixar o órgão dentro do peito.

O pai, Bruno Correia Pereira, 22 anos, e a mãe, Katiane Dutra Martins Correia Pereira, 24, mantiveram a fé mesmo com o diagnóstico da doença descoberto em ultrassom no terceiro mês de gravidez. Ontem, ainda abatidos, evitaram comentar a fatalidade.

– Ela não aguentou e morreu hoje (ontem) pela manhã – resumiu o pai.

Como Pereira tem parentes no Paraná, sua filha será enterrada hoje no mausoléu da família em um cemitério da cidade de Colombo, na Grande Curitiba. Até o fechamento desta edição, o horário do sepultamento ainda não tinha sido marcado.

A doença rara Ectopia cordis acomete cerca de cinco bebês para cada milhão de nascidos. A mortalidade é superior a 90%. Foi o que aconteceu com Thalita, que tinha enchido os pais de esperança ao nascer viva.

A criança nasceu às 5h de sexta-feira no Hospital de Clínicas de Curitiba (HCC). A família ficou confiante na sobrevivência da menina. Ela pesou 3,5 quilos e mediu 50 centímetros.

No sábado, foi realizada a primeira de uma série de operações previstas. A equipe do hospital, referência em cirurgia e transplante pediátrico, conseguiu ampliar a cavidade onde deveria estar o órgão. Também o protegeram com uma membrana.

Segundo a instituição, a cirurgia ocorreu bem e a menina apresentou quadro estável. No sábado, o médico Carlos Alexandre Spera, que atendeu Thalita, lembrou que, mesmo assim, o caso ainda era considerado grave.

Todos torciam por uma reação positiva para realizar o segundo procedimento e aumentar ainda mais o espaço no peito para colocar o coração de Thalita. Mas, três dias após nascer, a menina não resistiu à rara doença.

 


Morre criança com coração exposto

A pequena Thalita, que nasceu com o coração para fora do corpo, morreu na manhã de ontem após duas paradas cardíacas. Filha de moradores de Palhoça, a menina veio ao mundo sexta-feira em Curitiba (PR) e passou por uma cirurgia com mais de duas horas de duração no sábado. Ela ainda precisaria fazer outras operações. A doença rara Ectopia Cordis acomete cerca de cinco bebês para cada milhão de nascidos. A mortalidade é superior a 90% dos casos.

 

 

Menina que nasceu com o coração para fora do corpo morre em Curitiba
A família é natural de Palhoça, na Grande Florianópolis

Morreu neste domingo a menina que nasceu na última sexta-feira (22) com coração para fora do corpo no Hospital de Clinicas, em Curitiba, no Paraná. Ela tinha sido transferida para o Hospital Pequeno Príncipe, mas não resistiu. A família da criança é de Palhoça, na Grande Florianópolis.

 


Pesquisa CFM Demografia Médica: Distribuição de médicos reforça desigualdades regionais
Brasileiros que moram nas regiões Sul e Sudeste contam com duas vezes mais médicos à disposição que moradores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Atualmente, o Brasil conta com uma razão de 2 médicos por grupo de 1.000 habitantes. Contudo, esse índice flutua nas diferentes regiões. Duas das grandes regiões do país estão, no entanto, abaixo do índice nacional: a região Norte, com 1,01 por 1.000 habitantes, e a Nordeste, onde essa razão é de 1,23. Na melhor posição está o Sudeste, com razão de 2,67, seguido pela região Sul, com 2,09, e o Centro-Oeste, com 2,05.

As diferenças aumentam quando se olha os números por estado da Federação. O Distrito Federal lidera o ranking, com uma razão de 4,09 médicos por 1.000 habitantes; seguido pelo Rio de Janeiro, com 3,62; e São Paulo, com razão de 2,64. Outros três estados têm índices superiores à média nacional: Rio Grande do Sul (2,37), Espírito Santo (2,17) e Minas Gerais (2,04).

Na outra ponta (com razão inferior a 1,5) estão 16 estados, todos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Com menos de 1 médico por 1.000 habitantes, aparecem Amapá (0,95), Pará (0,84) e Maranhão (0,71) – índices comparáveis a países africanos. Um olhar mais de perto permite notar distorções e desequilíbrios ainda mais acentuados dentro dos próprios estados, regiões e microrregiões.

Diferentes fontes

O segundo volume da Demografia Médica no Brasil confirma que o cenário de desigualdade na distribuição dos médicos no país é confirmado por todas as fontes de dados utilizados como referência na contagem dessa população. Todas as formas de contar médicos possuem vantagens e limitações metodológicas. No entanto, o estudo reforça e converge para o cenário de desigualdade na distribuição dos médicos no Brasil.

O critério mais empregado no estudo Demografia Médica é a base de dados de registros nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Outro parâmetro são os registros da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que reúne dados dos médicos com vínculo empregatício, formalmente contratados por empregadores privados e públicos. Neste caso, há o registo de 275.548 médicos contratados com carteira assinada no país – 79% deles concentrados no Sudeste, contra 4% presentes na região Norte.

O terceiro critério é o de médicos cadastrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), um referencial para quantificar médicos do SUS, mas que possui subnotificação, especialmente dos profissionais que atuam no setor privado. Nesta base, há 287.693 médicos cadastrados, sendo que 54% deles também atuam na região Sudeste. Novamente, o Norte aparece na outra ponta, também com apenas 4% dos profissionais de todo o país.

Por fim, a pesquisa utiliza o critério de postos de trabalho ocupados por médicos (o mesmo médico pode ocupar mais de um posto) referenciados na Pesquisa Médico-Sanitária (AMS-IBGE). Esta aponta 636.017 postos de trabalho médico ocupados no Brasil nos setores público e privado. Nesta base, o Sudeste também lidera o ranking, com 54% dos médicos, contra 5% da região Norte.