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A Central Estadual de Transplantes, SC Transplantes, promoveu o primeiro grande encontro do ano que reuniu, de forma presencial e online, cerca de 480 profissionais de saúde de doação e transplante de órgãos de Santa Catarina, com a participação de profissionais renomados de outros estados, entre os dias 4 e 6 de abril, em Florianópolis. O XXIX Curso de Formação de Coordenadores Hospitalares de Transplantes de SC proporcionou muito aprendizado e treinamento relacionados ao processo de doação e transplantes de órgãos e tecidos, com foco principal no aproveitamento de órgãos sólidos. Foram apresentadas experiências bem sucedidas em outros estados e países.

sc transplante curso

Fotos: Ricardo Trida Secom/SC

Na abertura do evento, a secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto reforçou que o sistema de doação e transplante de órgãos em Santa  Catarina é uma política de Estado e por isso há tantos resultados positivos que nos orgulham. “Já estamos no 29º seminário de qualificação das equipes de transplante. Isso tem uma história! Uma história de Santa Catarina conseguir transformar um serviço em uma política pública de Estado. Foram anos de luta, trabalho firme, treinamentos para chegar aos índices que temos hoje. Vocês que fazem o contato direto com a família são fundamentais nesse processo. Somos o estado com o maior número de doação de órgãos. Neste ano, ficamos a dois décimos de diferença com o Paraná. E não é uma disputa de indicadores, mas sim de vidas que tem por trás de cada órgão que a gente transplanta. O SUS é a possibilidade de retirarmos uma pessoa de uma máquina de hemodiálise, que vai três vezes por semana, no mínimo quatro horas fazer o tratamento”, complementa.

Este é o primeiro curso realizado depois de ser aprovada pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB), em março, a criação de um orçamento fixo para educação dos coordenadores de Transplante de Santa Catarina. Esse financiamento é uma iniciativa inédita no Brasil e será fundamental para consolidar ainda mais a política de estado de doação e transplante de órgãos no território catarinense.

“Este ano é histórico para o SC Transplantes. Somos a única unidade da federação com orçamento fixo e bastante compatível com todas as nossas necessidades. Isso, com certeza, vai garantir que essa iniciativa, que já dura duas décadas em Santa Catarina, perdure por bastante tempo, agora com financiamento garantido. A sensibilidade e articulação da secretária Carmen Zanotto foram fundamentais para que isso ocorresse entre a Secretaria de Estado da Saúde e municípios”, comemora o coordenador Estadual da Central de Transplantes, Joel de Andrade.

O Estado se mantém como referência, nacional e internacional, graças ao trabalho contínuo na capacitação de profissionais de saúde. A SC Transplantes investe em cursos periódicos, qualificando equipes desde a detecção da morte encefálica até a sensibilização dos familiares para autorização da doação, culminando no momento efetivo do transplante. Fazem o curso os profissionais envolvidos no processo de todas as regiões do estado, vinculados a hospitais municipais, estaduais, federal, filantrópicos e também privados. 

Entre os participantes, estão os profissionais da Coordenação Hospitalar de Transplante do Hospital Celso Ramos (Florianópolis), unidade própria da Secretaria de Estado da Saúde (SES), com ótimos índices de notificações e doações efetivas de órgãos. “Esse é um evento muito importante para os coordenadores. Mostra como uma comissão hospitalar de transplante funciona, qual a sua função, a importância que a comissão tem dentro do hospital, no sentido de educar, de aproximar, de tornar todo o processo, que é extremamente complexo e que envolve inúmeras equipes, harmônico e homogêneo. Já foram inúmeros cursos até hoje, eles sempre proporcionam ao coordenador algum ganho, um maior conhecimento que será aplicado na prática do dia a dia, na Comissão Hospitalar de Transplante do seu hospital. É importante frisar que esses cursos têm um beneficiário, sempre com um objetivo, que é ajudar o paciente que precisa”, reforça o neurologista Diego Fagundes, coordenador Hospitalar de Transplante do Hospital Celso Ramos.

Exemplo para outros estados

No encontro deste ano participaram também coordenadores de transplantes que atuam na doação e transplantadores de Santa Catarina e do Brasil. De forma online, participaram a atual presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgão (ABTO),  Luciana Haddad (SP), e o ex-presidente Gustavo Ferreira (MG); outros ex-presidentes da ABTO estiveram presentes no evento: Valter Duro Garcia (RS), Ben-hur Ferraz Neto (SP), Lucio Pacheco (RJ) e José Huygens Garcia (CE). Além disso, foram realizadas duas câmaras técnicas estaduais, de Fígado e de Rim, que precederam o curso, para alinhamento das ações em Santa Catarina.

“Um dos quatro pilares da doação e do transplante é a educação; os outros são a legislação, o financiamento e a organização. Esses cursos, que o Joel começou em 2006, logo que ele assumiu, tiveram um papel muito importante nessa liderança na doação que Santa Catarina tem nos últimos 10 anos no Brasil. Esse curso também tem um outro aspecto, que é começar a trabalhar não apenas com a doação, mas com o aproveitamento dos órgãos doados, que ainda precisa ser aprimorado em vários estados. Esse encontro é o pontapé inicial desse trabalho que vai ser desenvolvido. Manter essa alta taxa de doação e começar a aumentar o aproveitamento dos órgãos doados”, explica o nefrologista Valter Garcia, chefe do Serviço de Transplante Renal da Santa Casa, de Porto Alegre, e membro da Câmara Técnica de Rim de SC.

Transplantado de fígado há três anos no Rio de Janeiro, Lucio Pacheco, cirurgião do aparelho digestivo e coordenador do Programa de Transplante de Fígado da Rede D'Or, no estado do RJ, reforça que Santa Catarina é exemplo para o Brasil em termos de doação de órgãos. “Vejo esse evento de Santa Catarina como um grande passo para o Brasil. Quando eu estava na fila de transplante, algumas vezes me ofertaram um fígado de Santa Catarina e eu quase recebi. Dá muito orgulho ter um estado como Santa Catarina que funciona como um espelho para o Brasil. O país todo quer chegar perto do que Santa Catarina faz, isso graças ao Programa de Educação como esse, que o Joel coordena, sempre insistiu em manter e se esforça para manter”, cita o membro da Câmara Técnica do Fígado de SC.

O cirurgião do aparelho digestivo, Ben-Hur Ferraz Neto, que atua como responsável pela Equipe de Transplante de Fígado no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, elogiou o trabalho realizado em SC. “Só tenho a agradecer estar participando de um evento tão importante que promove a doação de órgãos, a conscientização sobre transplantes, os benefícios do transplante, que congrega toda a comunidade e a sociedade nesse trabalho onde Santa Catarina é recordista, é exemplo mundial, com números de doação muito significativos entre os maiores do mundo”, complementa o também membro da Câmara Técnica do Fígado de SC.

Mais informações para a imprensa:
Gabriela Ressel
Assessoria de Comunicação
Secretaria de Estado da Saúde
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