Cãoterapia leva alegria aos pacientes internados no Hospital Infantil Joana de Gusmão

Levar esperança e alegria é a missão do “Dr. Atobá” e Dakota, cães labradores que “atendem” pacientes no Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG). Os pets integram o projeto cães-guias que há sete anos busca promover a terapia com cães na recuperação de pacientes oncológicos.

Dois cães da raça Labrador Retriever, de pelagem preta, estão sentados e deitados sobre um piso de cerâmica próximo a uma escada e uma parede de pedra. Ambos vestem coletes laranja com detalhes verdes que indicam que estão "EM TREINAMENTO", possivelmente como cães-guia ou cães de apoio. Eles estão atentos e tranquilos, com guias laranja presas aos seus coletes. A cena está bem iluminada pela luz natural.

Fotos: Bruna Borges/Comunicação HIJG

Diagnosticada com um tipo grave de leucemia, Fernanda dos Santos, 12, perdeu a visão em decorrência do câncer agressivo e há cinco anos teve o primeiro contato com “Dr. Atobá”, ainda no início do tratamento. Afeiçoada ao cão, a menina o considera muito especial, “Ele estava por perto num dos momentos mais difíceis da minha vida”, informa. A mãe, Josiane dos Santos,  comenta que a proposta terapêutica tem feito grande diferença, “Ela é uma outra criança quando ele está aqui”. 

A ação ajuda a diminuir o estresse, a tristeza e a ansiedade da permanência no hospital, além de estimular a socialização e a integração dos pacientes infantis com a família, a equipe multidisciplinar e também com outros pacientes.

Em um quarto hospitalar, uma médica com jaleco branco e máscara conversa com uma criança deitada em uma cama. Um cão preto, possivelmente um Labrador, usando um colete laranja com detalhes verdes, está encostado na cama, interagindo com a criança. Outra pessoa, em pé ao fundo, observa a cena e segura um celular, enquanto outra criança sentada aparece parcialmente no canto direito. A imagem retrata uma sessão de terapia assistida por animais, transmitindo um momento de carinho e cuidado.

Está se tornando cada vez mais comum que os pets contribuam para a recuperação dos mais variados casos clínicos. O cirurgião plástico pediátrico Luiz Augusto Gonzaga - médico na unidade e fundador da Escola de Cães-Guias Helen Keller - avalia o papel deles no auxílio à recuperação de pacientes, “Empiricamente observamos o conforto psicológico, mas existem alguns exercícios que ajudam muito no processo de internação como por exemplo aquela criança que depois da quimioterapia está sem apetite. Com a companhia do cão conseguimos estimulá-la”, esclarece. 

De acordo com o médico, já existem trabalhos científicos com relatos de que a presença dos animais no ambiente hospitalar libera nos pacientes endorfinas, serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis por sensações de bem estar. 

Crianças e adultos interagindo com um cão terapeuta de pelagem preta em ambiente hospitalar; o animal usa colete e lenço colorido, enquanto uma mulher e uma criança acariciam o cão; ao fundo, outras pessoas observam e um funcionário limpa o chão com um esfregão.

A terapia com cães e outros animais de estimação resulta em benefícios físicos e mentais para os pacientes. Conforme a médica oncologista Imaruí Costa, essas ações lúdicas por meio das visitas regulares ao ambulatório de oncologia tranquilizam as crianças que aceitam melhor as internações. 

“A vinda dos animais tem nos ajudado bastante na aceitação dos pacientes ao tratamento, pois é um acontecimento diferente da rotina hospitalar”, enfatiza.

Treinados e dóceis, os patudos trazem ao hospital uma atmosfera de descontração para as crianças e para os profissionais de Saúde. Segundo o diretor do HIJG, Dr. Levy Rau,  o projeto é muito importante para profissionais e pacientes e receberá ainda mais apoio, para que as visitas possam ser ampliadas.

Três cães da raça Labrador de pelagem preta deitados no chão, usando coletes laranja com logotipo da escola de cães-guia IKELLES; um dos cães repousa a cabeça sobre o corpo de outro, transmitindo calma e afeto.

Atualmente o Projeto de Lei 682/21 que regulamenta a prática de cinoterapia, modalidade de terapia assistida por cães, está em trâmite no congresso. Pelo texto em análise na Câmara dos Deputados, a terapia consiste no tratamento de doenças ou de sofrimento psíquico com a assistência ou participação de cães adequadamente selecionados, treinados e certificados. 

Se aprovado, o SUS deverá fornecer os serviços de cinoterapia, sempre que houver prescrição médica em conformidade com Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicadas pelo Ministério da Saúde.