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Hemorrede catarinense está entre as que mais possuem sangue com tipos raros no país.

O Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (HEMOSC) forneceu um tipo sanguíneo raro em caráter emergencial para um paciente no Recife. O concentrado de hemácias Vel negativo foi enviado para um homem de 62 anos, com diagnóstico de anemia falciforme e doença renal crônica, que teve uma isquemia e precisou de uma cirurgia de urgência. Conforme dados da última atualização do Cadastro Nacional de Sangue Raro, há apenas quatro doadores com esse tipo de sangue – dois identificados em Santa Catarina e dois em São Paulo.

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Foto: Ricardo Wolffenbuttel | Secom

O concentrado de hemácia Vel negativo é um dos tipos sanguíneos mais difíceis de ser fornecido em muitas regiões. O envio foi feito em solicitação à Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, por meio do Cadastro Nacional de Sangue Raro.

O atendimento é possível graças ao trabalho do laboratório de Imuno-hematologia do HEMOSC que é um órgão público da Secretaria Estadual de Saúde e está sob gestão da FAHECE, investiu para desenvolver um grande cadastro de doadores. “Investimos constantemente em atualização de tecnologia e desenvolvimento de estudos e capacitação de pessoas para atuarmos com excelência atendendo aos pacientes onde quer que estejam e sempre contando com a generosidade dos nossos doadores”, afirma a diretora do HEMOSC, Patrícia Carsten.

De acordo com o bioquímico do HEMOSC Everaldo José Schörner, que participou do estudo, poucos hemocentros no país testam esse tipo de fenotipagem, porque não está na rotina de testes obrigatórios. “Aplicamos uma metodologia que permite chegar a esses resultados. Somos um dos hemocentros que mais enviam bolsas com tipos raros de sangue no país”, afirma.

O rastreamento desses doadores no HEMOSC está sendo realizado durante um projeto de mestrado da bioquímica Danielle Siegel, vinculado ao laboratório de Biologia Molecular, Microbiologia e Sorologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que avalia um banco de 20 mil doadores. O objetivo do trabalho é identificar doadores de sangue do HEMOSC com o fenótipo Vel negativo por meio de triagem molecular utilizando material genético obtido de pools de plasma de doadores de sangue.

De acordo com Schörner, que é co-orientador de Danielle no trabalho, em Santa Catarina a frequência de Vel negativo é estimada em uma para sete mil pessoas. Apesar de rara, a frequência do fenótipo possivelmente é maior entre os doadores catarinenses quando comparado a outros estados brasileiros. O fenótipo é mais presente em descendentes de populações do norte da Europa.

Mais de 400 antígenos sanguíneos

Os tipos sanguíneos A, B, AB e O, RhD positivo e negativo, são os mais conhecidos, mas já foram descritos 44 sistemas de grupos sanguíneos e são conhecidos mais de 380 antígenos classificados pela Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue (International Society of Blood Transfusion – ISBT).

Os anticorpos anti-Vel normalmente possuem importância clínica por estarem implicados em casos de reações transfusionais hemolíticas severas, inclusive com relato de óbitos devido a esse tipo de incompatibilidade, o que demonstra a importância da metodologia usada no HEMOSC.